Capítulo 4

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A viagem de Busan para Seul foi curta, acho que não durou nem uma hora. Como não deu tempo de dormir, fiquei segurando meus pertences em meu colo o tempo todo, torcendo para que o Shoda não caísse.

Quando o avião pousou, senti um grande frio na barriga. Sem me demorar muito, saí com as outras pessoas e fui pegar minhas malas. Meu nervosismo só se intensificava a cada minuto, e eu já começava a surtar internamente. Via as pessoas ao meu redor pegarem suas malas quando elas apareciam naquela esteira e nada das minhas aparecerem. E se estivessem perdidas? E se alguém as roubou antes de eu chegar aqui? Meu coração iria explodir com aquela sensação ruim se minhas malas não tivessem aparecido logo em seguida. Suspirei de alívio e as peguei, saindo para fora do aeroporto logo em seguida.

Do lado de fora, mais um desafio me atingiu. Tive que lutar com outras dezenas de pessoas cansadas e irritadas por um táxi. Perdi a conta de quantas vezes um táxi parou para mim e outra pessoa pegou meu lugar. Eu nunca tive garra para brigar, então eu apenas ignorava e esperava aparecer outro táxi. Cerca de vinte minutos depois eu finalmente consegui entrar num veículo. Indiquei que ele fosse para o endereço do prédio onde eu iria morar.

Fiquei bem atento na estrada enquanto fazíamos o trajeto. Eu sabia que muitas vezes os taxistas pegam caminhos mais longos com turistas para a viagem dar mais lucro, mas não dei importância para isso. Nem ao menos sabia o caminho mais rápido para o prédio, então não podia questionar. Minha real preocupação era ele desviar totalmente do caminho e me roubar. Ou pior, me sequestrar. Gravei o número da placa e mandei para Namjoon antes de entrar no carro. Além disso, eu estava sentado atrás do banco do motorista com uma caneta na mão e o celular discado no número da polícia em outra. Coloquei os pertences que eu carregava em mãos do meu lado para não me atrapalharem caso eu precisasse me defender. Aprendi todas essas técnicas com Dahyun poucos dias antes de eu viajar. Ela sempre ia muito ao centro de Busan sozinha, então teve que aprender a se defender de algum tarado ou maluco que quisesse fazer outra coisa que não fosse levá-la ao seu destino.

Para meu completo alívio, a viagem seguiu tranquilamente e sem nenhum desvio estranho. O motorista foi até bem educado, percebendo que eu era novo na cidade e sendo bem gentil dando algumas dicas. Apesar de eu vir de Busan, que é uma cidade igualmente grande, eu quase nunca ia para o centro ou as partes mais urbanizadas e cheias.

Quando chegamos, ele me ajudou a tirar a bagagem do porta-malas e eu paguei a viagem. Olhei de baixo para cima o não tão grande prédio que se erguia em minha frente. Ele tinha uma aparência desgastada, e até um pouco suja, mas eu não podia me dar ao luxo de ter um apartamento impecável por tão pouco dinheiro. Peguei todas as minhas malas com dificuldade e entrei na recepção.

Assim como o exterior do prédio, o saguão estava bem acabado. As paredes tinham diversas rachaduras e infiltrações, o piso estava encardido e as poltronas tinham alguns rasgos. Caminhei até o balcão, onde um recepcionista baixo e gordo de meia idade lia o jornal. Ele parecia não notar minha presença, ou então apenas estava me ignorando.

— Bom dia. — Eu disse.

Ele mexeu a cabeça minimamente para o lado e me olhou sem nenhuma emoção.

— Como posso te ajudar?

— Eu vim ver o apartamento 402 para alugá-lo.

- Não está mais vago.

- O quê? - Eu exclamei.

- Não está mais vago, garoto. Uma pessoa alugou ele semana passada.

Nada de pânico. Primeira coisa nos meus planos que dá errado, mas não tem problema. Ainda tenho o plano B. Quando estive olhando apartamentos nessa área, vi que aqui nesse prédio tinha dois apartamentos vagos - e agora só resta um. E caso o outro apartamento também esteja indisponível, ainda tem um prédio poucas ruas daqui com alguns apartamentos vagos.

Dance with me • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora