Capítulo 34

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Eu acordei na manhã seguinte e permaneci apenas de olhos abertos por muito tempo. Jungkook ainda estava entrelaçado em mim, dormindo como uma pedra com a boca bem aberta. Ri com aquilo e fiquei imóvel para ele não acordar. Em um certo momento eu olhei para o restante do quarto e parei meus olhos no berço de Jihyun. Ele não estava lá, o que significava que minha mãe tinha entrado no quarto para pegá-lo, ou seja... ela me viu dormindo abraçado com Jungkook.

Não demorou muito para Jungkook acordar. Ele se levantou, dei um beijo em sua bochecha e deixei que ele usasse o banheiro antes. Saímos os dois do quarto e vi vovó sentada no sofá dando mamadeira para Jihyun. O caminho estava livre para sairmos sem esbarrar com minha mãe, mas eu só queria que Jungkook não encarasse seus olhos raivosos agora, porque eu ia fazer isso.

Andei até a cozinha onde eu sabia que ela estaria. Mamãe estava lavando a louça da festa de ontem a noite. Eu fiz questão de fazer barulho enquanto entrava para ela saber que eu estava ali. Mamãe estava de costas, mas sei que notou minha presença.

— Bom dia. — Eu disse.

Ela demorou a responder.

— Dia.

Nem gastar palavras comigo ela queria.

— Podemos conversar? — Peço. Uma parte de mim ainda espera que eu possa convencê-la de que não sou má pessoa por ter um namorado.

— Agora não, Jimin.

— Eu não quis estragar seu aniversário, mãe.

— Eu disse agora não.

Ela não gritou comigo, não disse com tom de voz forte, mas o corte foi tão profundo que senti minha garganta se fechar com força.

— Tudo bem. — Digo, me esforçando para não chorar. — Desculpa.

Vou direto para o quarto. Eu devia ir embora só amanhã, mas não quero mais ficar aqui sabendo que minha mãe me odeia agora. Eu não estou bravo com ela, estou chateado comigo mesmo por ter feito isso. É culpa minha, eu nunca devia ter falado, ainda mais no dia do seu aniversário e depois do meu pai ter morrido. Vou poupá-la de ter que olhar para mim.

Jungkook entra no quarto algum tempo depois. Ele para, me olha por alguns segundos e pergunta:

— O que está fazendo?

— Arrumando nossas coisas.

— Nós vamos embora? Mas nossa passagem está marcada para amanhã.

— Não tem problema, a gente fica na casa de Namjoon ou até mesmo num hotel. Eu só não quero mais ficar aqui.

— Park...

Eu estou chorando. Até mais do que eu queria. Tenho noção que meu rosto deve estar vermelho e molhado, porque não consigo esconder o quanto eu estou magoado por minha mãe estar me tratando da mesma forma que meu pai me tratou antes de eu ir embora para Seul. Meses depois ele morreu.

Mais do que chateado, estou com raiva. Viro para Jungkook querendo descontar nele, gritar para ele me deixar em paz e não criar caso para irmos embora, mas antes que eu possa dizer algo ele me abraça. Ainda há raiva dentro de mim, mas logo vou perdendo minhas forças conforme ele me abraça mais forte para eu não empurrá-lo. Meu corpo fica mais fraco e eu abraço ele de volta, ainda chorando.

— Eu não devia ter feito isso. Mais uma vez eu estraguei tudo. Por que eu não posso ser o que meus pais querem que eu seja? Só assim pra eu ser feliz e eu não aguento mais ser triste.

— Eu sei, eu sei... — Ele sussurra no meu ouvido. — Eu estou aqui com você. Sempre. Se você quiser ir embora, eu vou com você. Se quiser gritar com sua mãe, eu fico do seu lado. Se quiser ficar aqui em Busan, eu não vou embora.

Dance with me • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora