Parte 11

674 49 3
                                    

Confesso no início foi bem complicado aceitar que ele voltou, e trabalhar no mesmo ambiente então, continua mais complicado ainda, percebo quando ele está na ala pediátrica seu olhar queima em mim mais me mantenho distante não o quero de volta na minha vida.

- Tia Karol. A voz bem fraca de Angela chama minha atenção.
- Oi Princesa.
- Você está pronta sua coroa ficou linda agora só falta o príncipe. Acabo sorrindo e ela olha para a porta e cobre a boca com as mãos.
- O que está sentindo pequena?
- O príncipe. E aponta para a porta então me viro dando de cara com Ruggero ele sorrir para ela e isso acaba me tocando.
- Ah não querida ele está mais para Sherek. Ela rir e olho Ruggero pelo canto di olho.
- Tia Karol é feio mentir ele é muito bonito um príncipe, e agora vocês já podem se casar. Engasgo e Ruggero rir.
- Viu só ela tem razão já podemos nos casar. Reviro os olhos pra ele.
E os batimentos de Angela aumentam a encaro.
- Tia eu...eu... Aperto o botão de emergência e escuto seu coração.
Merda pulso fraco os enfermeiros entram e conseguimos estabiliza-la.

Quando saiu do quarto Ruggero esta conversando com a mãe de Angela.
Ange tem leucemia em estado avançado e a quimio não está respondendo precisamos do transplante o problema é doador e a mãe que não aguenta ver o sofrimento da filha e quer a todo custo desistir, me aproximo.
- Ana. Chamo ela segura minha mão.
- Obrigado por cuidar dela Karol, mais não vou submeter minha filha a mais uma sessão ela está fraca não vai suportar.
- Ana, nós conversamos sobre isso e estamos fazendo tudo que é possível para manter Ange estável até o doador, mais ela precisa da quimio.
Ana chora e então olha para Ruggero.
- A doutora Sevilla tem razão, não pode perder as esperanças sua menina vai ficar bem.
- Tudo bem. Ela aperta nossas mãos e entra no quarto. Eu giro nos pés e vou para a outra direção só não contava com ele me seguindo.
- Está fugindo.
- Porque? Você está me caçando?
- Engraçadinha. Fico seria.
- Eu preciso do relatório da Ângela. Franzo o cenho.
- A mãe está determinada a levá-la para casa, não aguenta mais o sofrimento da filha e... Levanto a mão interrompendo.
- Não vou autorizar, isso é loucura.
- Ela sabe, por isso veio falar comigo. Arregalo os olhos.
- E você vai autorizar? Acabo gritando sem querer.
- Preciso do relatório Karol, não posso autorizar nada assim.
- Não pode autorizar, ela ainda tem chances, estamos fazendo de tudo aqui.
- Eu confio em você, só preciso que confie em mim também. Acabo rindo irônica.
- O que?
- Acho que está me pedindo muito.
Ele me olha incrédulo.
- Tudo bem quero você, o relatório e a doutora Carolina na minha sala.
Ele me dar as costas e eu fico tentando entender o seu surto, dou de ombros e pego o relatório de Angela.
- Carol tem um minuto.
- Claro do que precisa?
- Angela... Sala do chefe. Carol franzi o cenho mais me acompanha.
- Bete. Chamo e ela já me aponta para a sala.
- O humor dele não está legal. Ela avisa e acabo bufando.
Bato na porta e escutamos um entre, os três marmanjos estão sentados com vários papéis, é parece que eles trabalham por aqui.
Sentamos nos lugares que Michael indica e entrego o relatório a ele de Angela.
Ruggero esta com a cabeça enfiada no computador.
- A mãe da garota quer desistir pois já está a dois anos lutando.
- E só precisamos de mais um pouco.
- Pelo que vejo está tudo correndo como previsto.
- Doutor já acionamos os bancos vai surgir só precisamos que ela aceite mais um tratamento. Fala Carol e o meu Paige vibra eu pego e...
- So um minuto... Carol me encara.
- É a Ange.
- Ou merda... Carol levanta e saímos da sala.
- O que aconteceu? Os batimentos doutora.
- Droga chama o Sebas estamos subindo.
- Cadê a mãe da paciente.
- Ela foi na lanchonete e já voltava.
- Deixa ela com a gente.
Fala Michael e só agora percebi que estão os três aqui.
- Sebas está em cirugia Karol. Fala Carolina.
- Eu vou. E encaro Michael.
- Ok chefe vamos lá.
Subimos para a sala de cirugia e começamos Ange estava com uma hemorragia muito grande e não conseguimos indentificar a origem.
Michael acha o local e consegue fazer uma sutura mais Ange não reage..
- Não, mais uma vez.
Começo a massagem cardíaca e nada, continuo tentando e nada.
- Doutora. Chama Michael.
- Kah. Carolina me chama.
Tiro minhas mãos de Ange, e Carol faz o que tem que fazer, eu já passei por isso já perdi pacientes e cada vez que isso acontece é como se perdesse uma parte de mim.
Tiro minhas luvas e entro para lavar as mãos com Carolina ao meu lado.
Caro escorrega sentando no chão e abraça os joelhos, me aproximo e toco sua mão.
Lágrimas grossas escorrem por sua face, a puxo para um abraço e ficamos ali por um tempo então levantamos e saímos da sala, tiro minha toca e entramos no quarto para falar com a Ana a mãe de Ange, mais os chefes já estão lá.
- Karol... Ela me chama e corre me abraçando.
- Obrigado por tudo, vocês nunca desistiram mesmo que já tivesse desistido vocês nunca, obrigado doutoras.
- Não precisa agradecer, se precisar sabe que pode me ligar não é? Ela faz que sim.
- Meu marido está chegando temos que resolver algumas coisas.
Assinto e me despeço saindo do quarto, entro no banheiro e me apoio na pia uma lágrima risca meu rosto e engulo o nó gigante na minha garganta, braços envolvem meu corpo fazendo que minha cabeça apóiem em seu peito e seu cheiro inconfundível confirma quem é, mais nesse momento não tenho forças para afasta-lo, eu seguro em seus braços apertando forte e desabo, choro porque não foi isso que programei para Ange, choro porque mais uma vida se foi das minhas mãos.

Quando não tenho mais lágrimas e a consciência vai voltando para o lugar estou sentada no colo de Ruggero no banco no meio do banheiro, reuno o pouco de dignidade que me restou e me afasto dos seus braços e devagar me levanto ele não diz nada, ótimo fica mais fácil assim, mais não por muito tempo, abro meu armário e coloco o jaleco dentro, tiro minha bolsa e meu capacete.
- Karol... Fecho o armário e ele está bem atrás de mim com um braço apoiado ao meu lado.
- Obrigado. Digo e ele me olha surpreso.
- Imaginei que seria difícil pra você.
- É, toda vez que perco um é como se perdesse a mim mesma.
- Já perdeu muitos.
- Alguns.
- Quer que eu te leve pra casa.
- Não precisa eu vou ficar bem.
- Me deixa cuidar de você. Faço que não.
- Eu aprendi a levantar sozinha, mais obrigado por isso. Faço um gesto com a mão apontando para o banco.
- Eu sei que errei fui estupido e covarde mais...
- Até amanhã Ruggero. Me afasto dele e vou para a porta, ele não pode falar essas coisas, não para mim.

Ainda Existe AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora