Hoseok

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A cada dia que se passava, mais eu me sentia como um "adulto" de verdade. Não que eu já não tivesse o meu próprio dinheiro antes, é claro. É só que trabalhar naquela empresa fazia com que eu me sentisse como um homem independente. Usando roupas e sapatos sociais, carregando uma pasta, conversando com gente tão importante todos os dias e sendo essencial em tantas reuniões.

Tudo era perfeito. Mesmo que eu tivesse que me locomover frequentemente entre o apartamento de Yoongi e o prédio da sede, meu peculiar chefe sempre disponibilizaria um excelente carro com motorista para me transportar nesse trajeto. Se eu pensava que tinha benefícios trabalhando como telefonista, era porque eu nem imaginava que algo assim poderia existir.

O dia em que meu primeiro pagamento caiu em minha conta foi a primeira que presenciei Jiwoo chorando de felicidade. Apenas com o dinheiro do meu primeiro salário eu pude acertar dois meses de aluguel atrasado e ainda ajudei meus pais como nunca antes. Toda aquela euforia precisava ser comemorada, é claro. Então prometi a Jiwoo e Jimin que nos reuniríamos todo mês e nos daríamos o direito de comer muita, muita carne e beber muit... bem, no meu caso eu beberia apenas o necessário.

Enquanto pensava em tudo o que eu faria naquele dia, cumprimentei todos os seguranças do condomínio, que àquela altura já estavam cansados de me ver por ali. Subi pelo elevador, cantarolando uma música que havia surgido em minha cabeça naquela mesma manhã.

Ao entrar no apartamento de Yoongi, tirei meus sapatos e fui direto ao meu escritório. Eu sabia que aquele dia era o último do prazo para que ele assinasse alguns papéis autorizando o início do funcionamento de uma nova subsidiária. Apressei-me em preparar todos os papéis e uma caneta, indo, em seguida, ao seu quarto para acordá-lo.

Bati duas vezes para anunciar a minha chegada e abri a porta devagar, como eu sempre fazia, com medo de assustá-lo.

Ok, eu não sentia mais tanto "medo" dele como era nos meus primeiros dias, já que Yoongi foi me parecendo cada vez mais acessível conforme os dias iam passando. Ele parecia se importar comigo, de verdade. Podia ser que ele quisesse apenas investigar a vida privada de alguém que frequentava sua casa diariamente, mas eu preferia pensar que ele queria construir um laço, também.

Eu admito que, com o tempo, eu passei a admirá-lo. Yoongi trabalhava mais do que qualquer pessoa que eu já houvesse conhecido, e eu já não me surpreendia que ele tivesse chegado tão longe. Talvez eu ainda o considerasse jovem demais para ter alcançado aquele nível, mas, ora, eu nem ao menos sabia a idade exata dele. Quando Junghee me dizia que eu deveria lembrá-lo de parar de trabalhar, eu não imaginava que ela queria literalmente dizer aquilo.

- Yoongi-ssi?

Chamei-o, mas ao acender as luzes percebi que ele não estava mais em sua cama. Entrei lentamente no quarto, procurando por ele, já que não era normal ele não estar dormindo a uma hora daquelas. Percebi, então, que a porta do banheiro estava fechada e ouvi o barulho da ducha ligada. Hmm. Talvez ele tenha acordado animado hoje.

Notei que, sobre sua cama ainda desarrumada, estava seu pijama cinza, que eu tanto mencionava para Jiwoo quando dizia como era engraçado que todos os homens ricos do universo pareciam usar exatamente o mesmo pijama.

Aproximei-me um pouco mais, curioso para sentir o toque do tecido em minhas mãos. Como eu imaginara, meus dedos escorregaram pelo tecido gelado. Chequei novamente minha audição, para me certificar de que Yoongi ainda estava no banho e, quando, confirmei isso, peguei a camisa, segurando-a próxima de meu rosto. Eu sabia qual era o perfume que Yoongi usava, e ele era maravilhoso. Mas o cheiro que eu sentia ali, em suas roupas de dormir, era diferente. Era bem melhor, se é que isso era possível.

Afundei meu nariz no tecido e inspirei profundamente. Meu estômago se revirou todo. Eu pude me imaginar fazendo aquilo no próprio Yoongi, sentindo seu cheiro. Aquele pensamento me deixou tão estimulado como assustado. E eu fiquei ali curtindo aquela esquisitice por alguns segundos. Vários segundos. Até que eu o ouvi.

- Mas que porra é essa?

Yoongi estava parado na porta do banheiro, enrolado em um grande roupão branco como sua pele e como todas as suas roupas de cama e de banho. Sua mão cobria sua boca, indicando seu espanto. E eu o encarava. Paralisado. Ridículo.

Não havia como justificar aquilo. E eu nem tentei. Meu coração estava tão acelerado que a minha garganta simplesmente se fechou. E eu saí correndo, jogando a peça de roupa de qualquer jeito.

Eu me odiava por ter estragado tudo.

my typeOnde histórias criam vida. Descubra agora