Já fazia alguns minutos desde que eu revelara a verdade a Jimin, e desde então ele buscou manter uma distância segura de mim. Eu não o culpava por isso; inclusive, era aconselhável que ele o fizesse. Eu só não esperava chegar a esse nível de frustração. Talvez se eu tivesse encerrado a noite alguns minutos antes, quando ainda estávamos em meu carro... Talvez se eu nunca nem ao menos houvesse me iludido com a possibilidade de manter um relacionamento tão próximo assim com um mortal...
- Vamos, me diga. O que você quer de mim? Quando é que você iria me matar? - Jimin perguntou, do outro lado do cômodo, sempre com suas costas voltadas à parede.
Eu, enquanto isso, me mantive sentado na beirada do assento de seu sofá-cama, aguardando um momento oportuno para me explicar.
- Como? Eu não quero matar você, Jimin! Isso... isso nunca passou pela minha cabeça...
A segunda parte daquela resposta não era, ao todo, verdadeira. Eu não podia evitar. O meu instinto era, de tempos em tempos, imaginar o quão delicioso ele poderia ser.
- Então por que é que você quis vir até a minha casa? Eu já vi essa história diversas vezes. Você não quer ninguém por perto quando isso acontecer, não é mesmo?
Era desconcertante ver como todo o seu corpo tremia. Não havia mais para onde ir, então era como se ele procurasse por um ponto mais e mais longe de mim, ainda de costas para a parede.
- Jimin... foi você quem me convidou, você se lembra? Eu só cheguei até aqui em razão do seu convite. E também por querer passar mais tempo com você. Apenas isso.
Ouvi sua respiração alta e ofegante por mais alguns segundos, enquanto ele tentava encontrar mais questões para serem levantadas. Eu tinha a total capacidade de alterar aquilo, mas eu havia escolhido não interferir nas emoções de Jimin. Eu me conhecia bem o bastante para saber que aquilo não seria um segredo por muito tempo.
- Isso... Isso não está certo. Eu sempre gostei de filmes de vampiros, mas... Taehyung... são filmes de terror. O que você espera de mim? Se tudo isso é real, o que eu devo pensar? Ou você por acaso é como outros vampiros, que são "bonzinhos"? - Jimin disse, ainda tremendo, mas capaz de fazer as aspas no ar.
Era engraçado encarar aquilo dessa maneira, mas talvez fosse melhor para aquele momento. Eu sorri levemente, e me levantei extremamente devagar, procurando não assustá-lo. É claro que eu obtive o efeito reverso, mas eu já esperava por isso. Foi por essa razão que eu resolvi estender a minha mão a ele antes de me aproximar. Eu precisava fazer com que ele viesse até mim.
- Eu não posso dizer, com certeza, como eu sou. Mas eu quero que você saiba que, por todos os dias da minha vida, eu vou ao menos tentar me manter um "vampiro bonzinho".
Meu objetivo era não assustá-lo, mas no momento em que aquelas palavras saíram de minha boca, eu soltei uma discreta risada, tornando minhas presas visíveis a ele.
Jimin, em resposta, franziu ainda mais suas sobrancelhas. Em contradição a isso, ele também estendeu sua mão, aproximando-se de mim. No momento em que nossas mãos finalmente se tocaram e eu pude, enfim, sentir o calor de sua pele, eu não pude deixar de influenciar em suas emoções. Eu estava desesperado para que ele se tranquilizasse. Essa era uma situação bem curiosa.
- Isso tudo é real, então? E você nunca matou ninguém, certo? Vocês existem e são... boas pessoas... certo?
- Infelizmente eu não posso falar por ninguém além de mim, mas eu fui muito bem criado pelo vampiro que me transformou.
Eu sentia sua mão suando mais e mais conforme eu a segurava e, mesmo com isso em mente, eu resolvi arriscar, buscando por sua outra mão. Aquilo não me parecia tão difícil como Yoongi dizia. Enquanto estávamos ali, eu incontestavelmente notava o calor de seu corpo, mas a realidade é que eu não conseguia simplesmente pensar nele como uma presa. Jimin, por sua vez, continuava atônito; dessa vez encarando minhas presas.
- Eu não vou mentir, Taehyung. Eu quero tentar fazer isso aqui acontecer. Mas eu também acho que... no momento... sou eu quem vai precisar diminuir o ritmo.
Mesmo que Jimin parecesse totalmente transtornado, eu estava satisfeito apenas com o fato de ele não ter desistido de mim. E foi então que eu mostrei a ele um grande sorriso.
- Sem problemas! Desculpe-me por toda essa situação, eu prometo que daqui pra frente não haverá mais segredos entr-
Antes que eu pudesse terminar a minha frase, aquilo que eu mais temia aconteceu novamente. Jimin me puxou para um beijo, mais uma vez. Dessa vez, eu resolvi não manter meus olhos abertos. Eu os fechei e, ainda segurando suas mãos, eu dei continuidade àquele contato. Eu permiti que sua língua tão... quente... tão... ugh... buscasse pela minha. Incrivelmente, o pensamento que ocorria eu minha mente não era sobre como sua pele era extremamente fina e fácil de se rasgar. Eu só conseguia pensar sobre como eu precisava de mais daquilo.
Como vampiro, eu não tinha a necessidade de respirar, mas interrompi nosso beijo por um segundo apenas, simbolicamente tomando fôlego e segurando seu rosto mais perto do meu.
Quando separamos nossos rostos e ele, por fim, olhou em meus olhos, não pude deixar de notar sua língua passando rapidamente por seus lábios. Era algo totalmente instintivo, apenas por termos acabado de nos beijar, mas eu estava hipnotizado.
- Hoje foi o dia mais esquisito de toda a minha vida. - Jimin disse, com seus olhos fixos nos meus.
Por mais que eu desejasse esconder minhas presas (mesmo não usando uma máscara), não pude deixar de sorrir ao ouvir aquilo. E foi para o meu sorriso que seu olhar foi, quase que automaticamente. Ia levar algum tempo até que Jimin se acostumasse com o meu sorriso.
- Bem, eu... eu acho melhor ir embora. Certo? Você deve estar cansado depois de tudo isso. Nós vamos nos ver de novo em breve, não é?
Poderia soar extremamente repetitivo, mas eu preferia que nossos objetivos ficassem bem claros entre nós.
Enquanto eu aguardava por sua resposta, segurando-o em meus braços, eu pensava como aquilo era diferente do que eu esperava. Eu me lembrei de tudo que Yoongi-ssi me dizia sobre os riscos de me aproximar tanto de um humano. Todas as coisas terríveis que eu imaginava e que me mantinham longe de todas as pessoas que eu cheguei a conhecer. Todas as descrições horrivelmente gráficas que ele fazia quando me contava sobre sua vida há algumas décadas, quando ele ainda costumava caçar.
É claro que ele falava tudo aquilo para o meu bem, para que não fosse preciso remediar qualquer deslize de minha parte. Mas naquele momento, com Jimin bem ali a minha frente, eu só chegava à conclusão de que a realidade não me parecia tão grave assim.
- Eu não estou exagerando, não é? Eu não acho que muitas pessoas passam por isso no mundo, então...
Eu sorri para ele, tentando parecer o menos ameaçador possível, pois meus próximos movimentos poderiam pegá-lo de surpresa. Arrisquei selar seus lábios uma última vez, e fiquei aliviado quando obtive um sorriso em troca. Era ótimo ver aquela pequena falha em seus dentes novamente. Era melhor ainda saber que as coisas não estavam mais tão alarmantes e que eu pude merecer aquele sorriso.
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my type
RomanceJung Hoseok chegou a um momento de sua vida em que ele não deveria mais se contentar com o razoável. Essa era a ideia que Jiwoo, sua irmã, tinha sobre seu irmão caçula, mesmo sabendo que ele não pensava o mesmo. E foi com isso em mente que ela reso...