Por mais que Taehyung e Hoseok insistissem, eu fiz questão de voltar para casa sozinho. Mesmo eu estando completamente perdido, desejando por ajuda de quem quer que fosse, eu precisava passar sozinho por tudo aquilo. Mesmo Hoseok tendo inclusive derrubado lágrimas logo depois de Seokjin deixar o prédio da empresa, eu não podia permitir que ele participasse desse diálogo que já me assombrava.
No caminho para casa, por várias vezes eu quase escolhi Junghee em minha lista de contatos, pronto para desabafar com ela sobre tudo que acontecera nos últimos meses. Mas, assim como no princípio, quando eu começara a me envolver com Hoseok, eu tinha medo. Eu tinha pavor da possibilidade de Junghee considerar o meu caso como sócia da empresa, e não como minha amiga.
Assim como eu havia julgado necessário passar por isso sozinho quando pensei que Hoseok estava me chantageando, agora, mais do que nunca, eu precisaria ter a perspicácia para lidar com aquilo sozinho. Afinal de contas, aquilo só dizia respeito a mim. À minha criação.
Despedi-me do motorista com um cumprimento automático, já que minha mente estava muito longe. Eu revivia aquele momento, de horas antes, várias e várias vezes. Eu nunca havia sentido aquilo antes. Eu nunca imaginava que eu poderia me sentir daquela maneira. Submisso. Só então eu pude ter um pouco de compaixão por Taehyung. Talvez fosse necessário um pouco mais de diálogo entre nós já que, após sentir aquilo na pele, eu não desejaria aquela sensação para ele.
Eu me sentia aprisionado. Uma marionete nas mãos de um homem que eu ainda não conhecia e, mesmo percebendo o modo como ele se aproximara, eu ainda não sabia exatamente quais eram suas intenções. Se ele realmente planejava tornar pública a minha situação, ou se ele só estava desesperado por uma alternativa.
Hmm. Talvez ele estivesse prestes a ser descoberto. Se isso fosse mais do que uma simples hipótese, eu pelo menos tinha algo a meu favor.
Após tomar uma longa ducha, interfonei para a portaria, deixando o recado de que "Kim Seokjin" chegaria mais tarde, e que poderiam deixá-lo entrar. Sentei no sofá, com minhas pernas cruzadas bem próximas ao meu corpo, e só me restava esperar.
Durante o tempo que eu estava ali, sozinho, esperando por Seokjin, eu imaginava se um dia eu superaria tudo aquilo e, quem sabe, transformaria isso em inspiração. Eu poderia fazer dinheiro escrevendo sobre aquilo, um dia. Mas não naquele momento. Naquele exato momento eu só queria ser capaz de chorar, como Hoseok chorara há algumas horas.
Minha campainha tocou antes do que eu imaginava, indicando que ele já estaria em minha porta. Sem vontade alguma, eu atendi, finalmente reencontrando o vampiro que me criara há quase dois séculos.
- Sentiu a minha falta? - Ele sugeriu, com um insistente sorriso em seu rosto.
- Nem um pouco. Entre.
Esperei que ele mesmo fechasse a porta após entrar em minha casa, pois retornei, imediatamente, ao local onde eu havia aguardado sua chegada por algumas horas.
Percebi que conforme Seokjin caminhava até o local onde eu indicara para que se sentasse, ele observava, abismado, tudo ao seu redor.
- O que você quer, afinal de contas? - Perguntei, sem rodeios, assim que ele levou sua atenção a mim, e não à mobília de meu apartamento.
- Eu quero saber qual é a sua história, Yoongi. Vamos, me conte. Atualize-me sobre tudo que eu perdi em todos esses anos.
Eu estava prestes a contestar, mas Seokjin logo foi um pouco mais enfático:
- Eu preciso saber. Conte.
E então eu não poderia mais fugir de sua ordem.
Minutos não eram o bastante para atualizar alguém sobre 166 anos de existência. Eu precisaria de horas, mas Seokjin parecia disposto a ouvir.
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my type
RomanceJung Hoseok chegou a um momento de sua vida em que ele não deveria mais se contentar com o razoável. Essa era a ideia que Jiwoo, sua irmã, tinha sobre seu irmão caçula, mesmo sabendo que ele não pensava o mesmo. E foi com isso em mente que ela reso...