Capítulo 47

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Nathan
De madrugada, em meio ao sono e ao conforto, escutei passos apressados e logo depois batidas na porta do quarto.

– Ei... Lara, Nathan!

Era Kate e ela parecia estressada. Mais do que estressada, afobada e talvez... Preocupada. Me levanto e visto a cueca que estava no chão do quarto.

O que foi essa noite? Jesus... Não, nem Jesus vai me ajudar a entender...

Vou até a porta e a abro menos da metade, para não dar visão do quarto todo. Encontro Kate de roupa de dormir, com a cara amassada e um rabo de cavalo torto. Como ouvi na sua voz, ela estava preocupada e nada contente.

– O que houve? - Pergunto imediatamente.

– Tem uma mulher lá embaixo. Ela já chegou dizendo que estava procurando pela Lara e que queria falar com você! Eu fui assistir alguma coisa, acabei pegando no sono e acordei com as batidas na porta. - Explica rapidamente.

– Como ela passou pela barreira? - Indago sem entender porque a deixaram entrar.

Ninguém pode entrar sem me avisarem.

– Parece que é alguma coisa oficial e ela tem uma espécie de ordem de entrada...

Que droga! Um anjo com uma ordem de entrada procurando a Lara. Como eu sei que é um anjo? Quando os seres sobrenaturais foram mandados para a Terra e os demônios aprisionados, foi criado um acordo entre nós e os anjos, onde nós poderíamos criar nossas alcatéias e comunidades de forma discreta e protegida.

Porém, seriam designadas algumas pessoas que teriam essa tal ordem de entrada, que é basicamente um documento que diz que elas podem entrar nessas comunidades com ou sem concessão.

É ou não é muito abuso aparecer a esse horário da madrugada? Eu nem sei que horas são...

– Tá, fala pra ela que eu já estou indo. Vou acordar a Lara e desço. - Peço.

– A Lara não vai descer, não é? - Pergunta confusa.

– Se não der pra esconder, vai. - Falo nervoso.

Ela assente compartilhando o mesmo sentimento que eu. Essa garota conquistou a gente mesmo...

Fecho a porta novamente e me aproximo da cama. A cortina fina na janela deixava a luz lunar passar fraca e iluminava sua pele clara e lisa. Seus cabelos estavam bagunçados e o corpo envolto no lençol fino.

Toco seu braço, balançando levemente e chamando seu nome. Depois de algumas tentativas ela respira fundo e me encara com os olhos apertados e úmidos pelo recém despertar.

Porque te acordar tem que ser tão difícil? Você dorme tão bonitinha...

– O que houve? - Pergunta com a voz enrolada.

– Apareceu uma pessoa lá embaixo e caso você precise descer, é melhor já estar acordada. - Explico com olhar de desculpas.

Ela resmunga e se vira ainda deitada.

– Tome cuidado pra não dormir... - Peço.

– Não vou. - Garante.

Eu ainda estava sujo, se posso dizer assim, pela noite passada e fui ao banheiro lavar o rosto e dar um jeitinho no resto.

Vesti alguma coisa que estava mais próxima no armário e desci para a sala encontrando a tal mulher parada a porta. Quando me aproximei, seu olhar caiu sobre mim e a vi preparar um papel na mão.

– Senhor Reyes? Onde estaria a senhorita LeBlanc? - Começou a falar e já vi que boa coisa não é.

Ela me chamou de Reyes? A maioria das pessoas que já ouviram meu sobrenome está morta, se não todas. Todos me conhecem apenas como Nathan, eu quis assim.

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