Capítulo 32 -Almost Is Never Enough

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Oh, quase, quase nunca é suficiente
Tão perto de estar apaixonado
Se eu soubesse que você me queria
Como eu queria você
Talvez não estivéssemos separados por dois mundos
Mas aqui mesmo nos braços uns dos outros
Bem, quase nós quase sabíamos o que era o amor
Mas quase nunca é suficiente

Ah, meu Deus.

Calma, calma. Vamos mais uma vez… É bem simples, Camila, só respirar, bem devagar e… Puta que pariu. Tossi agoniada, no reflexo trouxe minha mãos até meu rosto e fui impedida por fios e então por uma coisa em meu rosto.

- Hija, acalme-se. - a voz da minha mãe foi o estopim pra eu abrir os olhos.

- M-ma… - voltei a tossir. Jesus.

- Shiii… - senti sua mão em meu rosto. - Fique calma querida, você está bem. Só tente se manter calma, por favor.

- Bem? - consegui dizer com extrema dificuldade. Limpei a garganta e me arrependi de ter nascido. - Merda!

- Olha  a boca, mocinha. - Escutei meu pai… Ah, pronto.

- O que vocês… - tossi.

- Chegamos de surpresa, tínhamos ido ver a tia Ruth, querida. - explicou minha mãe. - Resolvemos passar por aqui, estávamos com saudades!

- Nos vimos não faz nem um mês. - falei devagar e quase vibrei com o feito.

- Ainda assim. Como se sente, querida? - perguntou meu pai.

- Que há fogo em mim. - olhei para meu corpo, não fiquei surpresa com as queimaduras. - Acho que me passei… Um pouco. - disse esticando a mão e tocando a máscara.

- Um pouco? - Ah, fudeu. A voz de Dinah me fez arregalar os olhos. Prontamente ela apareceu no meu campo de visão. 

- Ah, aí está… você… Achei estranho. - disse tentando soar engraçada.

- Eu vou dar na sua cara! - ela disse bem perto.

- Quanto exa… gero. - tossi.

- Olha sua situação. Realmente, acha que estou exagerando? - bufou. - Quando recebi a ligação eu quase pari uma criança que nem existe. Eu fiquei tão nervosa e preocupada, dei graças a Deus da Normani está viajando, senão teria a matado. Não sei como consegui dirigir até aqui. Você… Porra, Camila! Poderia ter morrido. - disse chorando.

- Eu não... morri. - disse calma. - Foi preciso. - disse a olhando nos olhos.

- Mais uma vez meteu a cara, você não pediu ajuda, você só foi. - disse.

- São segundos...segundos, Dinah… Segundos para salvar uma vida. - disse e fiz uma careta quando tentei suspirar, parei no mesmo segundo. - Eu fiz o que era necessário, a menina estava… Assustada...Inalou muita fumaça.. A propósito ela…

- Ela está bem, de alguma forma bem melhor que você. - contou.

- Perfeito. - fechei os olhos. 

- Você nunca mais vai fazer um plantão sem mim! - disse e eu tentei rir, mas também desisti.

- Impossível. - disse.

- Pois torne isto possível. - escutei a voz que menos esperava na vida ouvir novamente. Meus olhos correram pelo quarto e notaram pela primeira vez a dona de olhos verdes mais lindos, profundos e mortais dentro daquele, agora, minúsculo quarto de hospital.

O silêncio era tão ensurdecedor que eu mal ouvia a respiração de todos ali. Foi então que o mesmo foi quebrado por uma figura desconstruída de Lauren que só havia visto uma vez desde que havia a conhecido. Ela surtou. Não sei quem estava mais chocado, meus pais, que tinham uma visão um tanto quanto doce da mesma… Dinah que a encarava incrédula… Ou eu que estava em choque enquanto a mesma simplesmente surtava.

- … Pois não é possível, pode fazer um levantamento com todos os bombeiros do mundo e duvido que alguém tem uma taxa de acidentes maior que os que têm! - bufou. - Você tem uma mania de querer ir lá e ser a super heroína, de achar que tem algum super poder ou que possui sete vidas! Que a essa altura deve tá em algum valor bem negativo! - se aproximou. - Você é uma estúpida! Será que não consegue trabalhar sem colocar sua vida em risco? - perguntou com raiva.

- Eu acho que… - limpei a garganta e fiz uma careta. - A vida é minha… e eu…

- Cala a boca. Não percebe que se ficar falando vai sentir mais dor? - disse séria.

- Desde quando se… importa? - falei por fim. - Nem deveria estar aqui. - tossi. - É pelo meus pais? Passe seu endereço que eles...te fazem uma visita. - falei.

- Você não sabe de nada! - disse num fio de voz.

- Sei sim! Sei que sou um nada pra você. - disse. - Você pouco se importa… Só… Sexo. - tossi.

Em algum momento meus pais e Dinah deixaram a sala. Agora era só nós duas ali. Lauren me encarava e para minha surpresa, começou a chorar. Em choque encarava a figura prepotente de Lauren se desarmar completamente. A fragilidade dela, o fato dela parecer totalmente desarmada… Mais que isso, Lauren parecia rendida. Acho que pela primeira vez ela estava pronta para ser honesta sobre tudo o que estava acontecendo entre nós…

- Não consigo suportar isso, Camila.. - disse entre lágrimas e um choro de dor. A olhava em choque, a vendo em pedaços. - Isso me mata… Você arriscando sua vida diariamente a troco de outra… Simplesmente porque acha que tem uma dívida com sua irmã… - disse e prontamente neguei.

- Não! - me sentei na maca, com extrema dificuldade. - Você não sabe de nada sobre minhas motivações. NADA. - disse nervosa.

- Camila… - tentou.

- Sai, Lauren! - disse já sem conter as lágrimas. - Por favor.

- Eu me sinto como você. - disse olhando em meus olhos. Vê-la admitir isso neste momento me fez sentir uma pontada em meu coração. - Mas não há nada que eu possa fazer sobre tudo isso, Camila.... Nada. - limpou as lágrimas do rosto. - Eu não faço ideia de como me permitir viver isso tudo e ir contra tudo que venho fazendo há anos, não quando tenho um medo absurdo de perder algo que nem tive… De não saber se vai estar bem amanhã. Se vai sair intacta… Se vai está lá pra mim e… Não vai me deixar sozinha nesse mundo de uma hora pra outra a troco de ser a heroína de alguém...Eu não posso… - soluçou. - Me perdoe por ter quebrado você… - disse e saiu.

Me pus a chorar. Ignorando todas as dores e limitações físicas do meu corpo. Deixei que mais uma vez as dores emocionais me tomassem. Não entendia porque o amor tinha que ser tão difícil. Por que precisava doer tanto? Por que não podíamos simplesmente arrumar nossas vidas e viver este amor? Por que nossas vidas precisavam vir com tantas cargas que tornavam impossível uma vida entre nós duas.

Dói sem mim e agora eu sabia… Dói em Lauren. E a questão segue sendo o que fazer? O que eu tinha que fazer para acabar com todas essas coisas que nos impediam? O que diabos eu tinha que fazer?

Fireproof - (À prova de fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora