Capítulo 31 - I'm a mess

2K 215 21
                                    

E apesar de só ter te causado dor, você sabe
Mas todas as minhas palavras serão sempre baixas
Apesar das mentiras que contei
Quando você era minha estrada, me levando para casa
Casa, casa, casa, casa

Veja as chamas em meus olhos
Brilham tanto, quero sentir o seu amor, não
Acalme-se, amor, talvez eu seja um mentiroso
Mas por essa noite eu quero me apaixonar
E fazê-la confiar em mim

- Dinah, o que aconteceu? - pedi novamente. Tentando conter os batimentos do meu coração.

- Camila sendo Camila. - suspirou tentando se acalmar. Estava em um resgate e... - soluçou.

- E... - disse já ficando mais nervosa com sua hesitação.

- Estava num resgate e acabou que se arriscou demais enquanto estava salvando uma criança. Era uma ocorrência de grande proporção, num colégio. - limpou ás lágrimas. - Ela inalou muita fumaça e acabou se machucando, foi levada ao hospital. Se sufocou demais, estava bem e desmaiou...

- Eu vou... - já fui me afastando.

- Sabe que é uma péssima ideia, eu juro que não quero te culpar... - respirou fundo e a olhava desafiadora. - Eu te falei que não a queria perto dela e está aqui, o que quer dela? - perguntou dura.

Neguei e virei de costas, decidindo que naquele momento qualquer briga era inútil, ela não havia me dado informações suficientes. Eu precisava saber como ela estava, como Camila realmente estava. Voltei feito um raio para onde meu carro havia ficado. Não foi novidade que eu dirigi igualmente sem prudência até o hospital que ela certamente estaria. Também não sabia como ia obter informações, mas eu ia.

Parei, obrigada, num sinal, pois havia carros na minha frente. Desejei buzinar. Mas apenas aproveitei para me acalmar, ainda não conseguia acreditar que realmente tinha sentido que Camila estava em perigo, não deveria ter ignorado. Deveria ter insistido até que alguém, se é que tivesse alguém atendesse o celular, mesmo que fosse Dinah. Camila havia se ariscado e se ferido.

- Será que não consegue trabalhar sem ter que se machucar? - soquei o volante.

Quando finalmente cheguei ao hospital caminhei apressada até a recepção e perguntei sobre Camila. Esperei que a recepcionista buscasse por informações, mas quando ela passou de 5 minutos buscando, perdi a paciência e estava prestes a brigar com ela, quando escutei alguém me chamar.

- Lauren? - a doce voz da senhora Cabello tomou meu ouvidos, rapidamente olhei e lá estava a senhora que havia me acolhido tão bem em sua casa.

- Sinu. - me aproximei da mesma que segurava dois copos de café em suas mãos.

- Eu te reconheci prontamente, mesmo de costas. - sorriu simpática e mesmo parecendo muito cansada.

 - Eu vim para saber notícias da Camila... - falei aflita.

- Bem que estava achando estranho sua ausência. - suspirou. - Alejandro vai ficar feliz em ver você, venha. - disse e seguiu pro elevador.

- Claro. - a segui. - Senhora Cabello, a Camila... - disse tentando parecer não tão afobada.

- Ah, desculpe. Pouco sabemos, Lauren. - suspirou. - Essa menina vive nos dando susto. Estávamos chegando na cidade de surpresa, pois tínhamos ido visitar uma irmã. Aproveitamos que estaríamos em aeroportos para passar por aqui... - disse e agora entendia porque estava por aqui. - Saímos direto do aeroporto para cá. Pelo que a equipe médica nos passou ela chegou desacordada, havia respirado muita fumaça e isso a prejudicou bastante. Ela já foi medicada, fez exames e estamos aguardando os resultados. Está respirando com máscara de oxigênio, mas o médico já avisou que é procedimento padrão. - disse e suspirei nervosa. - Chegamos.

Chegamos no andar que parecia particular. Seguimos para um apartamento, onde havia uma sala de espera. Sentado e quase adormecido estava Alejandro. Quando nos aproximamos ele levantou e me cumprimentou. Depois aceitou de pronto o café da esposa.

- Bom, não era nessas circunstâncias que esperava vê-la, Lauren. - comentou ele. - Mas minha filha é muito empenhada em ser uma super heroína.

- Eu fico impressionada. - disse suspirando.

- Aqui temos bastante experiência. - Comentou Sinu. - Pensei que estaria aqui com Dinah... - disse por fim. - Mas só chegou agora.

- Eu vim assim que soube. - admiti e eles franziram a testa. - Nós havíamos brigado... - disse apenas.

- Ah. - Sinu comentou e tomou um gole do café.

- Sempre acontece. - Alejandro disse sorrindo.

Eu não deixei o hospital, permaneci ali com os pais de Camila, conversamos bastante sobre muitas coisas e acho que foi isso que me acalmou, e claro, o fato de saber que apesar do enorme susto Camila estava sendo bem cuidada e estava viva, o que era mais importante. No fim das contas, estava esperando por mais notícias, queria saber como realmente estava e os resultados dos exames que ela havia feito.

Dinah apareceu minutos depois e se os pais de Camila não estivessem ali, ela certamente cumpriria com sua promessa de me matar. Me mantive calada enquanto ela explicava que havia dado comida a Tony e que tudo estava em ordem, depois estendeu uma bolsa com pertences de Camila. Ficamos mais um tempo ali, até que o médico apareceu com os resultados dos exames, o que acabou por acalmar a todos nós.

Camila havia sofrido queimadura nas vias respiratórias, havia desmaiado, pois houve acúmulo de CO2 no sangue, fazendo com que tenha menos oxigênio chegando aos pulmões, mas foi prontamente socorrida o que fez com que riscos maiores de vida fossem descartados. Ela estava sendo cuidada e medicada para evitar que chegasse a uma pneumonia ou que desenvolvesse problemas respiratórios. Havia sofrido queimaduras nos braços, mas nada grave. Ela seria monitorada nas próximas horas e estava aguardando ela acordar para saber como ela estaria. Após isso fomos liberadas para irem até seu quarto. Seguimos para o mesmo, mas fui impedida de entrar por Dinah. Ela deixou os pais de Camila entrarem e parou bloqueando a porta. Depois a fechou e me encarou.

- Quer me explicar por que ainda esta aqui? Melhor... Por que está aqui? - perguntou.

- Este não é o momento. - disse firme.

- Pois eu acho que é sim. - disse prontamente. - Só para que saiba, ela estava dobrando o plantão, sabe por que? Ela não consegue dormir, descansar. Camila estava tão perdida que nem ao menos conseguia parar e apenas... Relaxar. Eu não sei, de verdade, se isso mudaria o que aconteceu, mas ela estava exausta. Não era plantão dela. Mais do que isso... Eu não estava lá. Se tivesse acontecido qualquer coisa mais grave, eu iria pro inferno, mas te levaria junto comigo. -bufou.

- Eu entendo seus pontos. - disse calma. - De verdade, mas eu não vou embora. - disse firme. - Essa coisa toda que foi criada, que eu criei, não está em questão. Eu vou ficar até vê-la bem de verdade. Depois se ela não me quiser aqui, vou embora. - garanti.

- Vou amar ela te expulsando. - disse e deu ombros. Então se virou e entrou no quarto.

Entrei em seguida. Correndo rápido meu olhar até ela. Camila estava dormindo serena na cama. Estava com máscara de oxigênio, com fios que a monitoravam e soro. Seus braços traziam ataduras e seu rosto um curativo na bochecha, fora isso, parecia perfeita, como se apenas estivesse descansando. Respirei fundo e me aproximei. Sentia olhares curiosos em mim, mas ignorei. Segurei sua mão e pela primeira vez em horas senti meu coração bater aquecido, calmo... Em paz. Camila estava bem. Suspirei, agradecida por isso. Apertei sua mão, fiz um breve carinho e foi neste momento que admiti o óbvio...

Camila era importante pra mim. Extremamente importante e já havia tomado de mim muito mais do que eu havia imaginado. Não era só ela que estava sentindo todas aquelas coisas e não era só ela que estava confusa com todos eles.

Eu estava em queda e o mais impressionante que era por coisas desconhecidas que eu jamais havia sentido em toda minha vida, nem mesmo com Samuel.

- O que você fez comigo, Camila? - sussurrei.

Fireproof - (À prova de fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora