Capítulo 2 - Jar of Hearts

3.1K 251 25
                                    

E quem você pensa que é?

Andando por aí deixando cicatrizes

Coletando seu jarro de corações

E despedaçando o amor

Você vai pegar um resfriado

Do gelo dentro da sua alma

Então não volte por mim

Quem você pensa que é?

Tomei um gole do café a minha frente, enquanto observava o sol nascer. Olhando a vista que havia na minha cobertura, não, não era uma dessas pessoas que apreciavam a natureza e suas transformações, mudanças ou afins… Apenas estava tentando me ocupar enquanto bebia minha amarga e forte bebida.

Suspirei e quando senti os raios me atingiram virei as costas e me caminhei para dentro do apartamento, não perderia mais meu tempo. Continuei a olhar o apartamento, recém comprado, está era a minha primeira noite por aqui. Cheguei pela madrugada e só quis ir deitar e deixar meu remédio fazer efeito. Olhava envolta e gostava do que via, realmente Chris tinha bom gosto, não é a toa que conseguiu o status de um brilhante e talentoso corretor. Meu irmão era, assim como eu, muito bom no que fazia. Acho que disso meu pais não podem reclamar, ao menos de nós dois, pois tínhamos carreiras de sucesso, éramos bem sucedidos… Mas nem tudo é perfeito, ainda mais se pensar que contrariando a eficiência da família, minha irmã mais nova destoava. Taylor era uma mulher quase adulta, mas que ainda não sabia o que queria da vida, então a cada semestre ela tentava um curso aleatório. Neste momento está tentando artes cênicas, isso depois de ter desistido de administração e psicologia. É, eu sei, cursos completamente aleatórios...

Suspirei, era estranho estar de volta a Miami depois de tanto tempo. Desde que tinha ido a Nova Iorque para estudar, minhas vindas aqui eram ocasionais. Foram dez anos morando por lá, onde vivi as melhores e mais dolorosas experiências da minha vida. Suspirei evitando entrar em lembranças que me levariam a um estado do qual eu perdia o completo controle de tudo, e se tinha uma coisa que eu gostava de ter, era justamente controle.

Entrei na cozinha e vi meu celular vibrando, coloquei a xícara vazia em cima do mesmo e me perguntei quem estaria madrugando junto comigo. O peguei e vi a notificação de duas conversas, uma de Normani, uma antiga amiga e colega de faculdade, juntamente com a do meu irmão, Chris. Ele queria saber o que achei do apartamento; brevemente lhe disse que ele tinha acertado e agradeci o fato dele ter já o deixado pronto para morar, incluindo com os alimentos. Minha amiga, por outro lado, queria saber se nossa reunião das 7:30 estava de pé, o que confirmei.

Estava me encaminhando para a sala quando o celular vibrou, era Chris:

“Não posso tomar esse mérito pra mim, foi a mamãe que se encarregou de deixar ele pronto pra você, falando nela, a mesma está te esperando para o jantar e não… Não é um convite, você sabe.”

Neguei, não era uma convite, nunca é, especialmente vindo de Clara Jauregui. A matriarca da família Jauregui era uma mulher de personalidade forte, uma leoa quando se tratava de proteger os filhos, mas muito exigente e rigorosa com eles. Em contrapartida, minha mãe não era muito de demonstrar carinho, mas era preocupada com o que cada um de nós fazíamos ou deixávamos de fazer, o oposto do meu calado e doce pai. Enfim, aparentemente tinha um compromisso para esta noite na casa dos meus pais.

Minutos mais tarde estava dirigindo meu Bentley continental GT, um carro que meu irmão tinha comprado a meu pedido e já deixado a minha disposição em minha garagem. Eu amava a sensação de dirigir, amava a sofisticação em carros sedãs. Dirigia para o endereço do prédio comercial informado por Normani, pois a reunião começaria em alguns minutos e sabia que conseguiria chegar a tempo. Quando parei o carro na vaga do estacionamento e desci, seguindo imediatamente para o elevador. Apertei o último andar e esperei o mesmo fazer seu percurso, parei olhando para a minha figura no espelho. “A dama de gelo”, por onde eu passava, era assim que era reconhecida. Em meu antigo trabalho, o qual deixei por puro tédio, era minha marca registrada. Agora, enquanto vestia meu habitual terninho feminino, juntamente com minha bolsa Prada, além de saltos altos nos pés, eu me sentia novamente pronta para este desafio profissional. Quando o elevador parou, girei meus calcanhares e fiquei de frente para as portas se abrindo, sai chegando ao andar e notei de cara uma sala de espera juntamente com uma mesa onde uma mulher estava concentrada. Me aproximei e a mulher tombou o queixo ao me ver, parei de frente para a mesa e limpei a garganta.

Fireproof - (À prova de fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora