Capítulo 28 - Falling

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E eu tenho a sensação de que você nunca mais precisará de mim

O que eu sou agora? O que eu sou agora?
E se você for alguém que eu só quero por perto?
Estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo
E se eu estiver disposto? E se eu desistir?
E se eu for alguém de quem você não falará?
Estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo

Eu não sabia o que fazer. Não tinha a menor ideia, quer dizer eu nem ao menos entendia o que havia acontecido. Sim eu havia sido rejeitada e encurralada. Eu nunca havia me aberto desta forma e então quando me vejo entregue, sou rejeitada. Sentia como se tivessem arrancado parte de mim. Parecia que tinha algo me sufocando. A cada respirar a dor se tornava mais e mais insuportável. As portas do elevador se abriram e sai do mesmo. Não via nada na minha frente. Estava cega pela dor, tomada por sentimentos que eu não conseguia lidar. Quando deixei o prédio me peguei andando sem rumo, nem ao menos me importei com meu carro. Só me pus a andar. As pessoas passavam por mim, o barulho de carros, luzes, vozes. Esbarrava em algumas, nem me importava em pedir desculpas, era xingada e não me importava. Eu não sabia o que fazer. Eu não… O que eu tinha que fazer para parar? Como faz parar? Senti um soluço escapar.

Travei. Me senti tonta. O que diabos estava acontecendo? Fui perdendo o equilíbrio até me encostar em uma parede. Droga! Tentei me acalmar. Tentei voltar a respirar e não ia.

- Você está bem? - ao fundo uma voz se repetia.

- O que faço? - perguntei pra voz.

- Está tudo bem? Precisa de ajuda? - a voz perguntou. Ajuda, eu preciso de ajuda, como faço para parar?

- O que faço? - repeti. Foi então que senti mãos em meus ombros.

- Vem comigo. - a voz falou e segurou minha mão. O que fiz? A segui. 

Me vi sendo arrastada. Não fazia ideia pra onde eu estava sendo levada, mas fui. Vi quando fui levada de todo o aos que se passava na rua. Então o silêncio. As luzes reduzidas.

- Sente aqui. - a voz indicou e me vi sendo empurrada para um banco.

Estava tão confusa. Mas me permiti olhar em volta, era uma cafeteria. Estava fechada. Não fazia ideia do horário, mas parecia que estava sendo limpa.

- Onde estou? - perguntei confusa.

- Na minha cafeteria. - a voz falou e a olhei. Era uma mulher, parecia ter minha idade. Era bem bonita, cabelos pretos, ondulados, caiam rebeldes, um rosto bem fino e diria que bem parecido com o meus, olhos castanhos me observavam preocupados. Estava vestida num jeans surrado, tênis e uma blusa com uma plaquinha onde tinha um nome: Natalie.

Olhei em volta, acredito que era fim de expediente. Como ela me achou? A olhei confusa e ela pareceu entender.

- Fui jogar o lixo fora e te vi. Parecia que estava se sentindo mal. Me aproximei e me fez perguntas confusas. - a vi se afastar. Foi para trás do balcão e a vi mexer em uma máquina. Tempos depois voltou e parou na minha frente. Estendeu pra mim um café.

- Obrigada. Espero não estar atrapalhando. - comentei e peguei o café.

- Não está. - assegurou. - Estou fazendo umas coisas aqui antes de ir, mas ainda tenho tempo.

- Ok. - tomei um gole do café. Estava delicioso. Percebi que se tratava de um capuccino. Tinha creme e tudo mais. O melhor que já tomei. - Está muito bom.

- Receita de família. - sorriu. - Se não for indelicado de minha parte, poderia me dizer seu nome?

- Camila. - respondi após mais um gole.

Fireproof - (À prova de fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora