- Capítulo Trinta e Um -

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Acordo com o maldito som do alarme. Hoje é domingo! Por que diabos eu coloquei esse treco pára despertar a essa hora em pleno final de semana? Me levanto e vou fazer minha higiene matinal. Adentro o banheiro e pego minha escova de dentes azul e coloco um pouco de creme dental em suas sardas, em seguida levo até minha boca. Ontem foi tão perfeito. Tive a oportunidade de conhecer mais sobre a vida do Vin, para ser bem sincera, eu até que gostei dele abrindo o seu lado sensível comigo, sei que ele não faria tal coisa com mas ninguém já que quer manter uma pose de impenetrável, um cara que por mais difícil a situação seja nunca se dobra diante das dificuldades, mas ele mostrou para mim, e isso foi importante. Assim que termino, faço um rabo de cavalo bem preso e vou até a janela para ver o dia.

— Sabe que dia é hoje?! — Minha mãe invade o quarto me dando um susto, a felicidade estava estampada em seu rosto.

— Aah, domingo? — Digo o obvio.

— Não. Verônica. — Me olha com repreensão. — Achei que fosse mais inteligente. — Diz em um tom de decepção com as mãos apoiadas no quadril. — Vou te dar uma dica, hoje é domingo você não tem aula, eu não trabalho... — Ela ergue as sobrancelhas.

— Ah sim, hoje é a tarde das mulherzinhas. — Digo sorrindo.

Tarde das mulherzinhas foi uma coisa que minha mãe inventou quando eu tinha quatro anos, uma vez por mês ela tem folga no domingo e usamos isso para ficarmos juntas, geralmente a gente faz chá e fala sobre os livros que lemos durante o mês, mas sempre gostamos de variar para não ficar muito cansativo e repetitivo, da ultima vez fomos para uma praia super linda, abro um sorriso lembrando da decepção da minha mãe ao ver que a câmera que ela tinha comprado, pensando que era aprova d'água, apagar depois de um mergulho.  

— Vamos fazer o que hoje? — Pergunto.

— Que tal passarmos a tarde tomando chá e comentando sobre os livros que lemos esse mês, depois podemos ir ao parque de diversões a noite, o que acha?  — Pergunta fazendo um  rabo de cavalo igual ao meu só que... bem maior. É uma tradição da família da minha mãe, ela nunca cortou o cabelo, assim como todas as mulheres da família, coincidentemente todas nós temos cabelos pretos com fios grossos e que crescem muito, de certa forma eu também adotei isso sem percebe.  

— Tudo bem, eu vou adorar. — Digo indo até a porta.

Minha mãe havia acabado de sair para comprar guloseimas para o nosso chá, eu tomei um demorado café olhando para o meu quintal na parte de trás da minha casa. Lembro que toda tarde eu costumava brincar ali, principalmente quando chovia e formava possas de lama, eu ia correndo brincar lá fora com as minha galochas do Grinch. Uma vez meu pai chegou bêbado em casa, minha mãe havia saído e eu estava brincado lá fora com minhas galochas e a minha amada bicicleta branca com rosas pintadas pela minha mãe, ele foi até mim e assim que me viu cheia de lama nas mãos e pés brigou comigo e me arrastou para dentro de casa depois chutou minha bicicleta, por algum motivo nunca me esqueci desse evento. 

Vin. 

Nem imagino o que faria no lugar dele, perder o avó naquela idade e ainda sozinho, o quão fundo é esse buraco no peito dele? As palavras não dizem tudo, nem os gestos, a certas dores que apenas nós sabemos a dimensão, mas ele escolheu dividir essa dor comigo, isso significa tanto, sinto meu peito se encher com isso. Me desprendo da minha teia de pensamentos ao escutar a voz da minha mãe dizendo:

— Cheguei. — Aparece na cozinha. 

— Finalmente senhora Miller, achei que teria que chamar a polícia. — Brinco e ela revira os olhos deixando sua sacola de pano sobre a bancada.

— Fez o chá? — Pergunta indo para a sala segurando uma tigela cheia de biscoitos doces.

— Sim fiz, já estou indo.

Me Ame! (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora