Acordei ao lado de Beth com diversas buzinas de carro ao nosso lado, estávamos em um lugar muito movimentado.
Ela era uma mulher tão bondosa, não merecia estar naquela situação.- Já acordou bela adormecida? - Perguntou, arrumando seus pedaços de pano.
Eu apenas dei risada de sua alegria. Ela estava na rua, sozinha, e mesmo assim continuava alegre, um exemplo de pessoa.
- Se apresse, hoje iremos andar bastante.
- Ah sério? - Perguntei, com uma certa preguiça.
- Sim! Vou te mostrar um lugar que irá gostar bastante. - Começou a andar com o papelão em suas mãos. - Você não vem?
- Estou indo! - Exclamei.
Beth tinha uma certa idade mais era rápida. Seus passos eram largos, enquanto os meus eram muito curtos.
Também era uma ótima conselheira, e me contou sobre tudo de sua vida. O tempo ao seu lado passava rápidamente feito um trem-bala.- Meus pés estão doendo! - Exclamei, com os meus pés machucados.
- Já estamos chegando! - Disse, se virando para trás. - Aqui, use esses chinelos.
Eram chinelos feitos com pedaços de papelão e panos velhos. Não exitei em usar, estava sentindo uma enorme e insuportável dor.
Quando olhei para o lado, avistei vários moradores de rua, inclusive crianças brincando e saltitando ao lado de seus pais, que também moravam na rua. Todos eles pareciam estar felizes e sua alegria contagiava quem passava por ali.
- Chegamos. - Beth colocou seu pedaço de papelão no chão.
- É...lindo! Eles parecem estar muito felizes.
- E estão. Essas pessoas aprenderam a lidar com seus probelmas, e são mais fortes do que você pensa.
- Queria voltar à ser uma pequena criança. - Olhei para algumas menininhas brincando com pedaços de copos plásticos. - Não me importava com nada, apenas pensava em brincar, correr, pular. Mal sabia que hoje, iria estar aqui, sem rumo, sem família. - Abaixei a cabeça, e fui surpreendida por um dos braços de Beth que me rodearam.
- Nós somos sua família agora. - Olhou em meus olhos e deu um sorriso contagiante. - Enquanto eu arrumo essas coisas, que tal você ir conversar um pouco com o pessoal? Irá ver que eles são pessoas ótimas!
- É claro! - Dei um sorriso.
Saí andando e vendo várias pessoas que estavam na mesma situação que eu. E me dei conta de que elas eram felizes com a simplicidade. Qualquer coisa que ganhavam faziam à festa. Vi um pequeno garoto ganhando um pedaço de bolo de uma mulher que estava passando, e seu sorriso ficou de orelha à orelha. Na mesma hora ele correu até seus amigos para dividir aquela pequena fatia de bolo, e todos eles comemoravam por ter o que comer.
- Que cabelo bonito! - Senti pequenas mãozinhas passearem por meus fios de cabelo e me deparei com uma garotinha atrás de mim.
- Olá princesa! - Me abaixei, ficando de sua altura.
Seus olhos eram azuis assim como os meus, e sua pele, rosada e clara, como a minha. Éramos muito parecidas.
- Você é muito bonita! - Deu um sorriso.
- Obrigada! Você também é linda! - Passei minhas mãos por seu rosto angelical.
- Fez uma nova amiga, filha? - Uma mulher e um homem se aproximaram dela.
- Sim mamãe! Essa é a...- Deu uma pausa em sua fala.
- Larissa! - Terminei a frase por ela.
- Muito prazer Larissa, eu me chamo Rosa. E esse é meu marido, Jairo. - Me comprimentaram. - Ah é claro, essa é a nossa filha, Amélia.
- É um prazer conhecer todos vocês. - Dei um sorriso. Conversar com todos eles faziam eu esquecer de todos os meus problemas.
- Você é bem nova, quantos anos tem? - Rosa perguntou.
- Eu tenho 18 anos.
- O que aconteceu? Porque está na rua? - Jairo interrompeu.
- Vejo que já fez novas amizades! - Beth se aproximou, fazendo com que eu não conseguisse dizer o que havia acontecido comigo.
Até que eu preferi não dizer nada, pois se não começaria à chorar na hora.
- Conhece a vovó Beth? - Amélia abraçou às pernas de Beth.
- Conheço sim, é um doce de pessoa!
- Tem razão. Beth é como se fosse uma mãe para nós! - Jairo a abraçou juntamente com Rosa.
- Eu amo todos vocês, meu filhos que a vida me concedeu! - Beth nos abraçou.
Era nítido o amor que ela sentia por eles e por todos.
- Vovó Beth, sua amiga é muito linda. - Amélia interrompeu, fazendo todos rirem.
- Ela é sim Amélia. Tanto por dentro quanto por fora. - Beth olhou em meus olhos e sorriu.
- Precisamos ir agora. Foi um prazer conhecer você. - Rosa sorriu.
- Adorei conhecer vocês também! - Sorri devolta como despedida.
- Vamos filha! - Jairo gritou por Amélia.
Ela então, com seu vestidinho amarelo e sujo, foi até seus pais, que estavam de mão dadas e refletiam o amor em seu olhar.
Era tão bom sentir aquela conexão entre todos, nunca havia sentido aquilo antes.- Sabia que iria gostar. - Beth disse, andando em círculos. E eu, a acompanhei.
- E como! - Gargalhei.
Nos sentamos em um banco de madeira e começamos a conversar sobre diversos assuntos.
- Eu tenho uma filha igual à você. - Disse, olhando para o céu escuro.
- Tem? Como ela é?
- Não me refiro à aparência, e sim ao jeito. Vocês duas são idênticas.
- Então, quer dizer que você me tem como uma filha? - Perguntei, olhando em seus olhos.
- É claro que sim. Quando te vi passando, sozinha e com fome, meu coração amoleceu, e eu tinha que fazer algo. - Sorriu. - Você só reclama bastante né?
- Lógico que não! - Me fez gargalhar.
- Eu achava que ela iria ser à primeira pessoa que iria cuidar de mim quando adoecesse.
- Quem?
- Minha filha. - Suspirou. - Mas quando eu mais precisei, ela não estava lá. - Percebi que uma lágrima escorreu de seu rosto, pela primeira vez.
- Ei Beth? Fique calma. Eu estou aqui com você. - A abraçei com todas às minhas forças.
Queria poder retribuir tudo o que ela tinha feito por mim, mais não conseguia achar um jeito.
- O que eu posso fazer para te retribuir? - Perguntei, olhando para o céu estrelado.
- Como assim, retribuir?
- Você já fez tanta coisa por mim, eu queria poder te dar algo de valor.
- Quando sair dessa, ajude outras pessoas que estão na mesma situação que nós Larissa. Eu ficarei muito feliz. - Seus olhos brilharam.
Eu sorri novamente e deitei-me sobre seus ombros, pegando no sono ali mesmo.
- Boa noite minha princesinha. - Acariciou meus cabelos e deixou seu queixo rente a minha cabeça.
Era muito bom sentir a presença de Beth, parecia que minha mãe estava ali comigo, naquele mesmo instante.
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Coração Restaurado
RomanceLarissa Thompson é uma garota de apenas 18 anos que enfrenta diversos problemas em sua vida, mais não acredita que é capaz de enfrentá-los até sua mais nova paixão, William Carpenter, salvá-lá e ajudá-lá da melhor maneira possível. E juntos, enfrent...