Capítulo 28

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Na noite anterior, eu e William tivemos uma discussão terrível por conta do que ele aprontou na festa de Jonas. Ou eu achava que ele havia aprontado.
No meio da discussão, ele me disse que tudo aquilo não passava de um engano, e me contou tudo o que realmente havia acontecido, até pediu para que confirmasse assistindo aos vídeos nas câmeras de segurança da casa de Jonas.
No começo eu não acreditei, já que todos sabem que é muito difícil ver a pessoa que você ama no colo de outra, principalmente se for duas mulheres, e sendo verdade ou não, eu nunca mudava de idéia de uma hora para outra.
Estava sentindo uma raiva enorme em meu interior, e foi aí que começei à sentir uma cólica insuportável. Lógicamente imaginei que seria meu bebê, e confirmei isso quando percebi que havia muito sangue escorrendo pelo meio de minhas pernas.
Não consegui fazer outra coisa à não ser chamar por William, já que ele era a única pessoa que estava ao meu lado.
Rápidamente ele me colocou dentro do carro, e, preocupado, me levou até o hospital na velocidade permitida.

Quando cheguei, estava sentindo uma dor insuportável no pé da minha barriga enquanto sangue e mais sangue escorria por minha perna, até me colocarem em uma maca e me direcionarem para à sala de cirurgia. Depois daí, apenas consegui escutar o anestesista dizendo:"Conte até 10 lentamente, em voz alta". E assim, tudo ficou escuro, e eu acabei não escutando mais nada.

Acordei já no quarto, com o acesso ligado em meu braço e uma pequena dor de cabeça, deveria ser efeito da anestesia.

- Bom dia. - Uma enfermeira entrou.

- Bom dia. - Falei, ainda meio grogue.

- Como está se sentindo? - Sorriu, vindo em minha direção.

- Tem cura para dor na alma? - Perguntei, já esperando que ela não me respondesse.

Ficou em silêncio por alguns minutos.

- Eu estou bem. - Respirei fundo. - Apenas com uma fraca dor de cabeça.

- É normal, efeito da anestesia. - Trocou o rémedio que estava sendo posto por meio de minhas veias. - Não tenho notícias boas para te dar.

Eu já imaginava que seria algo sobre o meu bebê.

- O que aconteceu? - Perguntei, não muito surpresa.

- Você ficou muito estressada durante à noite anterior, e por esse motivo...- Respirou fundo. - Acabou tendo um aborto espontâneo.

Não sei se ficava triste, pois era uma vida se formando dentro de mim. Um filho meu e de William, eu tinha certeza de que ia amá-lo com todas às minhas forças. E também não tinha idéia se ficaria alegre por ser uma garota de 18 anos e não ter condições nenhumas para cuidar de um bebê.
Mais estava com raiva de William, se não fosse por conta dele, tenho certeza que ainda estaria com meu bebê dentro de mim, por esse motivo resolvi ficar mais estressada do que já estava, mais não demonstrando nada por conta da enfermeira que permanecia no quarto sentada ao meu lado.

- Está tudo bem? - Perguntou, despertando-me de meus pensamentos.

- Bom, se estar bem significar não dormir todas às noites, chorar todos os dias, e agora perder um bebê que eu amaria com todas às forças... - Revirei meus olhos. - Sim, eu estou bem!

- Eu sinto muito! - Levantou-se e saiu da sala após trocar o acesso.

Naquele momento eu não queria ver mais ninguém. Ficar sozinha era o que eu desejava, mesmo se fosse por 1 minuto.
Mais assim que aquela enfermeira saiu da sala, William abriu à porta, e na mesma hora eu fingi estar dormindo.

Então, senti sua respiração mais próxima, além de seu perfume forte que exalava pelo ar.

- Sei que está acordada. - Sentou-se na cadeira ao meu lado.

- Pra você, não! - Me virei de lado.

- Até deitada na cama de um hospital não me ouve. - Sussurou.

- O que você acabou de dizer? - Virei-me bruscamente.

- Nada! - Abaixou sua cabeça.

- Quero ficar sozinha. Saía, por favor.

- Não vou te deixar sozinha de jeito nenhum. - Aumentou seu tom de voz. - Precisamos conversar sobre um assunto sério, e você já sabe sobre o que se trata.

Fingi não estar sabendo de nada, e ele percebeu que não queria conversar naquele momento. Poderia ser tudo, mais William sempre respeitava meu espaço.

- Trouxe isso para você. - Entregou um buquê de flores em minhas mãos.

Não queria aceitar. Por mais que fosse bonito, ele vinha de William como um pedido de desculpas. Já disse várias vezes que sofria com o orgulho, e estava tão nervosa e magoada com o mesmo que não conseguia engolir o que ele havia feito comigo.

- Não quero nada que venha de você! - Joguei o buquê no chão, fazendo com todas às rosas se espalhassem.

Na mesma hora, os olhos de William encheram-se de lágrimas, e eu percebi que havia ferido seu coração.
Mais ele também machucou o meu, de uma forma bem pior!

Então, se abaixou para pegar os pedaços de rosas que haviam se espalhado pelo chão, ao mesmo tempo que limpava às lágrimas que caíam de seus olhos. Confesso que aquela cena foi de partir meu coração, mais precisava fazer isso.

- Só quis te agradar. - Falou.

Sua voz estava meio fraca por conta do choro, e eu achei melhor ignorar, pois se respondese iria chorar junto.

- Porque não me contou? - Levantou-se, com às rosas que sobraram em suas mãos.

- Você estava fazendo algo mais importante. - Cruzei os meus braços, ainda deitada.

- Porra Larissa! - Passou às mãos por sua cabeça. - Eu já te expliquei o que aconteceu.

- Não deu tempo de te contar William! - Gritei. - Quando eu fui ver já estava com uma mancha de sangue no meio de minhas pernas.

Já estava ficando nervosa, mais ao mesmo tempo pedia à mim mesmo para me controlar.

- Eu ia te contar sim. - Respirei fundo. - Fiz o teste assim que você saiu, aqui mesmo, no hospital. Mais quando fui te mostrar os exames, você estava lá, desmaiado, com duas mulheres em seu braço.

- Eu ia ser pai. - Abaixou sua cabeça. - Eu ia ser pai, Larissa! - Gritou. - Esse sempre foi meu sonho! E se você tivesse me dito antes, nada disso teria acontecido.

- Acontece que eu não sabia William! - Levantei-me da cama, ainda com o acesso em minhas veias. - Preciso desenhar?

- Chega! - Gritou, sentando-se novamente.

- Acontece que, se você não tivesse ido naquela festa, nada disso teria acontecido!

- Eu não queria deixá-lá sozinha, mais foi você mesmo que insistiu! - Aumentou seu tom de voz.

- Chega caralho! - Gritei, sentando me na cama.

- O que está acontecendo aqui?! - Um médico invadiu à sala.

- Não é nada! - William interrompeu.

- O horário de visitas já acabou Sr.William. - Disse, vindo em minha direção com o estetoscópio.

- Já estou saindo. - Passou pela porta com às flores em suas mãos.

O que eu fiz!

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