Mudança

1.2K 52 26
                                    

Aqui estou eu, uma paulistana em Vancouver. Não sei nem por que eu estou aqui. Mas vamos lá. A vida me deu uma oportunidade e eu a agarrei.

O máximo que eu viajei sozinha foi para uma cidadezinha do interior aonde meus melhores amigos moram. E o máximo que fiquei longe de casa foi uma semana.

Porém, após eu compartilhar com a sociedade científica meu TCC sobre hematologia, um laboratório canadense me ofereceu uma bolsa de estudos para pesquisar neoplasias hematológicas. E lá fui eu atrás do meu sonho de ser biomédica.

Cheguei ao aeroporto de Vancouver com o coração acelerado e as mãos suadas de tanto nervosismo. Eu estava completamente sozinha num lugar novo, com pessoas falando um idioma diferente do meu.

Eu precisava de uma informação para saber aonde pegar um transporte para chegar até o hotel que eu ficaria. Olhei ao redor e encontrei um homem sentado mexendo no tablet. Me aproximei dele.

- Com licença, será que você poderia me ajudar?! - Ele parou de mexer no tablet e me olhou sorrindo.

- Claro. - Por um instante eu parei de respirar. Eu sabia quem era ele.

- Eu preciso encontrar o hotel Sunset. Você sabe como chegar lá? - Perguntei meio tímida.

- Hmm... Eu vou passar por lá, quer que eu te dê uma carona? - Ele perguntou todo sorridente. Meu Deus, o sorriso dele é mais lindo pessoalmente do que pelas fotos.

- Aah, eu não quero te incomodar. - Respondi por educação, porque eu queria mesmo era aceitar.

- Meu amigo vai vir me buscar daqui a pouco. E ai você vai junto com a gente. Cadê suas malas?

- Eu preciso pegar ainda. - Falei e ele já guardou o tablet na mochila e levantou.

- Vamos lá. Vou te ajudar. A propósito, me chamo Charlie. - Ele estendeu a mão.

- Giovanna. Sou brasileira. - Sorri estendendo a mão.

- Uau, adorei. Prazer, Giovanna. - Ele apertou minha mão e eu sorri. 

Pegamos minhas malas e ficamos esperando o amigo dele chegar.

- E ai, veio visitar alguém? - Ele me perguntou logo que sentamos no banco do lado de fora do aeroporto enquanto esperávamos. 

- Não, eu vim estudar. Ganhei uma bolsa de estudos no Health Lab. 

- Legal!

- E você? - Perguntei por educação, pois eu já sabia a resposta.

- Estou trabalhando em um projeto.

- Legal! - Respondi sorrindo.

- Quantos anos você tem?

- 24. 

- Nossa, você tem carinha de 16. - Ele falou rindo e eu o acompanhei.

- Todo mundo diz isso. - Eu disse. - E você? - Mais uma vez perguntei por educação porque eu também já sabia. 

- Eu tenho 22. 

- Que novinho. - Provoquei-o, fazendo ele rir. 

- Fazer o que?! Eu esperei um pouco mais que você pra vir a este mundo. - Eu ri. Charlie tem um ótimo senso de humor. - Olha só quem chegou. - Ele apontou para um carro laranja que havia acabado de parar na nossa frente. - Vamos embora, Giovanna?!

- Vamos, Charlie. 

Ele me ajudou com as malas, já que ele estava apenas com uma mochila e eu, bom, tinha trazido duas malas de rodinhas, uma de mão e uma mochila. Afinal, eu não sabia quando eu voltaria para o Brasil. Meu contrato era de um ano, mas a gente nunca sabe né?!

- Hey Charlie! - O amigo dele o cumprimentou. Eu já sabia quem era ele também. Eu estava tentando manter a calma, mas na minha mente só se passava um pensamento "Eu PRECISO falar com a Bruna logo. Certeza que ela vai pirar assim como eu".  

- Como você está, Owen?! - Eles se abraçaram brevemente e logo Charlie olhou para mim e sorriu. - Owen, esta é a Giovanna. Minha amiga brasileira. 

- Prazer Giovanna. Eu sou o Owen. - Nos cumprimentamos com um aperto de mão. - Eu não sabia que você tinha uma amiga brasileira. - Owen direcionou a palavra a Charlie.  

- Aah, nós acabamos de nos conhecer. - Charlie respondeu animado, me fazendo soltar uns risinhos. 

- Uaaau, você sempre sendo sociável. - Owen respondeu e Charlie deu de ombros.

Guardamos nossas coisas no porta malas e entramos no carro. Charlie foi dirigindo, Owen foi na frente com ele e eu no banco de trás. Durante o caminho fomos conversando sobre como era o Brasil e sobre o projeto de trabalho deles. Em menos de 20 minutos e já estávamos na frente do hotel Sunset. Me despedi do Owen, antes mesmo de sair do carro e Charlie me ajudou a levar minhas malas até a recepção. 

- Você precisa de ajuda para fazer o check-in?!

- Obrigada, minha chefe já resolveu tudo. Ela só não pôde me buscar no aeroporto mesmo. Mas agradeço por toda sua gentileza. - Sorri para ele.

- Não precisa agradecer. Sabe, já que você está aqui sozinha, nós podemos fazer um acordo, que acha?! - Ele propôs.

- Que acordo?! - Perguntei, surpresa porque jamais imaginei que o Charlie iria me propor um acordo. 

- Eu posso ser seu guia turístico e você pode me ensinar mais sobre o Brasil, afinal se não fossem vocês eu não estaria trabalhando no projeto. O que me diz?! Diz que sim, por favor. - Ele fez a carinha do gato de botas, quase me fazendo morrer de amores. 

- Não tem como eu recusar uma proposta dessa. Eu topo.

- Uhuuul... - Ele comemorou, me fazendo rir. - Me passa seu telefone então. - Trocamos nossos telefones. -Bom, é melhor eu ir agora antes que o Owen surte pela minha demora. Nos vemos qualquer hora então. Tchau. - Ele beijou minha bochecha e saiu correndo. 

Minha vida em VancouverOnde histórias criam vida. Descubra agora