13 - Quarto

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"27 dias. Foi esse o tempo que fiquei trancado naquele quarto, sem ver a luz do sol entre murmúrios e lamentos, depois de sentir o chão ser-me arrancado dos pés. "Ele morreu" - eram as palavras que, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto e segundo após segundo, ecoavam na minha cabeça.

Sem sair de casa até ao meu limite, até o meu corpo não aguentar mais a quantidade de álcool que eu ingeria, até toda a comida se esgotar, até a proprietária ter de chamar a polícia porque, pelo cheiro que emanava do apartamento, achou que eu estivesse morto.

Certamente não estava, ou pelo menos foi o que Penguin e Shachi disseram aos policias que se encontravam na porta quando me vieram ver depois de surtarem de tanta preocupação por eu ter o telemóvel desligado á quase um mês. Ambos sabiam que Rocinante era o meu apoio para absolutamente tudo, que era ele o motivo de eu me levantar da cama todos os dias e enfrentar a vida. E claro, ambos tinham a perfeita noção de que eu já devia ter passado do limite.

Não me lembro de muito desse dia. Só dos dois me sacudindo para me acordar e me levarem ao banheiro para me fazer vomitar toda a porcaria de álcool que eu tinha bebido. Lembro-me da água em contacto com a minha pele e do meu peito doer em contacto com o sabão. Claro que doía, depois de todos aqueles cortes, de ter destruído tudo, de me ter machucado e ter feito um desenho de um coração com sangue para que ele não me abandonasse, o que eu esperava?

"Acha que ele queria ver você assim? Acorde para a vida!" - Foi com essa frase que as minhas memórias começaram a ganhar forma. Sei que trancaram aquele quarto e me impediram de entrar na minha própria casa e ficar o dia todo na cama por uma semana, até me recompor minimamente. Fiquei com Shachi esse tempo.

Quando voltei estava mais magro, pálido e tinha tudo limpo. Tudo menos o quarto dele, onde fiquei aquele tempo.

"Isso será você a fazer, quando se sentir pronto. Até lá, não deixe o resto da casa nesse estado se não vai ter problemas connosco!" - Foi o que disse Penguin. Tentei pensar que o meu pai nunca me perdoaria e pior, não se perdoaria a ele, se me visse daquele jeito.

Então e com muito esforço, comecei a dar um rumo á minha vida, visitar o tumulo de Corazon e recompor as coisas. Tracei o objetivo na clínica cirúrgica em medicina, algo complicado que me manteria demasiado ocupado para não pensar em besteiras e depois de me formar como melhor aluno, comecei um projeto para descobrir a cura a uma certa doença. Chumbo Branco, a mesma coisa que matou a minha irmãzinha em criança.

Passaram anos desde então, fui bem-sucedido, mas ainda assim, aquele quarto, nunca fui capaz de mudar. Deixei-o exatamente como estava, independentemente da confusão, da desarrumação, dos vidros partidos. Porque afinal, era o quarto dele e eu não queria ficar sozinho de novo... Queria manter por perto tudo aquilo que lhe pertencesse.

Queria o meu pai de volta...

Trafalgar Law"





- O... O que aconteceu aqui?

Law me pediu ajuda. Disse que precisava de fazer no quarto dele o mesmo que fizemos na garagem. A princípio não entendi muito bem o que quis dizer com isso, nunca tinha entrado lá por ordem do mesmo mas imaginava que estivesse arrumado como o resto da casa.

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora