15 - Sentimentos

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Acordei melhor, apesar disso, o meu corpo dorido, olheiras e cansaço denunciavam uma péssima noite de sono. Contrário a mim, ao meu lado, pela primeira vez, Law ainda não acordara. Ele sempre levantava primeiro do que eu, mas desta vez parecia em sono profundo. Deixei-o estar e aconcheguei-me, ficando só a observar. Ele era realmente bonitinho indefeso daquele jeito, sem aquela aparência rabugenta de sempre...

Deixando a dor de cabeça de lado inclinei-me de vagar para ele, mais especificamente, focando na sua boca. Tão perto... Tão fácil... Parecia ter entrado num piloto automático para encostar os meus lábios nos dele, por algum motivo, eu queria fazer aquilo. Queria continuar a me aproximar... Eu queria, mas... E se ele acordasse? A milímetros de cortar o espaço que nos separava, esse pensamento fez-me recuar de vagar e soltar um resmungo de decepção. Não bastava o risco de ele despertar, me sentia mal em fazer aquilo sem o consentimento dele. Limitei-me a dar-lhe um selinho na testa como ele fazia comigo, bem de levezinho e voltei a deitar a minha cabeça no meu travesseiro.

Eu gostava dele... Lá estava de novo aquela simples frase que me deixava imensamente confuso unicamente por já ter confirmado que era verdade. Isso mudava tudo ao mesmo tempo que não mudava nada. Isso me levava a querer me aproximar mais dele, ao mesmo tempo que me dizia que não o fizesse. Eu nem sabia se ele gostava de mim, tão pouco se sentia atração por homens. Como era suposto eu agir naquela situação? Onde estavam os concelhos lamechas do Coby quando eu precisava deles?

- Por segundos, pensei que me fosse beijar na boca. - Arrepiei-me ao ouvir a sua voz e olhei mais vermelho do que um tomate. Ele tinha um olho aberto, outro fechado junto com um sorrisinho provocante que esclarecia que ele havia entendido perfeitamente a minha intenção de segundos atrás. Fui apanhado no flagra...

- V-Você estava a fingir que d-dormia?

- Não, eu estava realmente a dormir, acordei com você se mexendo. Meu sono é bem leve ao contrário do seu. Você ia me beijar, Luffy?

- Você... Está sonhando!

- Tudo bem, se quiser eu deixo. - Olhei para ele que não mudara a expressão diante da minha óbvia mentira. Isso levou-me a perceber...

- Você... Já sabia?

- Que você gosta de mim? Já, á bastante tempo.

- Porque você não me disse nada? Você e essa sua mania de saber mais do que eu sobre mim mesmo!

- A culpa não é minha, estava na cara. Você nem sabia que era gay, se eu dissesse isso você ficaria com medo de ser assediado e me chamava louco. Aí, afastava-se e seria um problema, já para não falar que descobrindo sozinho, tem a certeza do que sente sem eu interferir. Além disso... Foi divertido ver até onde isso ia.

- Você brincou comigo esse tempo todo?

- Se eu dissesse que sim, você me odiava?

Olhei por uns segundos. Ele continuava com aquele sorriso de antes. Estava a testar-me, á espera que dissesse sim... Um sim que não teria. Eu gostava dele, não podia mudar isso...

- Não. Provavelmente só amuava por um tempo...

... Gostando da resposta ou não, eu não mentiria.

- Mais especificamente, até eu lhe servir carne no almoço.

- Provavelmente... E agora, Torao? Vai voltar para o seu quarto?

- Você quer que eu volte?

- Não.

- Então não.

- Eu gostar de você não o deixa confuso? Minimamente? É sério?

- Não, até porque síndrome de Estocolmo é bastante comum.

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora