3 - Kid

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Segui rua abaixo, contra os chamados de Nami que me perguntava o porquê de eu virar para ali. Deixei de a ouvir uns metros á frente, pensei que se devia ter cansado e continuei a andar.

Olhei para o que me rodeava. O lixo espalhado pelos passeios, os grafites nas paredes dos becos, os carros abandonados e um recentemente vandalizado davam á rua um ar terrivelmente degradado. Aproximei-me mais de um prédio em construção, que parecia ter sido largado á própria sorte. Era possível ver algumas seringas espalhadas no que, num projeto feito em algum dia no passado, deveria ter sido um jardim mas o qual após o despovoamento da área, se encontrava repleto de mato.

- Drogas...? Não deviam largar isso assim, é perigoso...

Virei costas para sair dali sem tocar nos pequenos objetos pontiagudos no chão com intenção de seguir em frente, mas atrapalhei-me ao ver uma carrinha preta de vidros fumados, com o motor ligado, próxima ao que deveria ser o portão do prédio. Não gostei da situação. Não naquele lugar.

Conclui que estava realmente a ser uma criança em estar num sítio assim só por birra e finalmente, comecei a ponderar voltar e pedir desculpa aos meus irmãos de uma vez por todas. Já o teria de fazer, mais cedo ou mais tarde...

- Não devia ter vindo a esta rua... - Murmurei um pouco mais nervoso do que gostaria.

Tentei parecer calmo e ignorar, passar direto pelo automóvel e voltar atrás no percurso no entanto, assim que virei costas, senti-me atingido por alguém que se atirou para cima de mim. Caí no chão de barriga para baixo, os meus braços foram amarrados e antes que tentasse falar algo, a minha boca foi tapada e fui perdendo as forças para me debater.

- AJUD-

Claro que não me deixariam gritar. Por trás de um arbusto, com cara de choque, vi Nami que se mantinha imóvel. Ela me seguiu?

- Monkey D. Luffy. Sem pais, sem irmãos, á guarda do avô que vive noutro país e que não volta para visitá-lo tão cedo. Ninguém vai dar pela falta dele nos próximos tempos... Como é que o Teach o deixou escapar?

- Ele já o estudou, mas o garoto tem dois amigos próximos vivendo com ele. Não podemos levá-lo.

- Ele pensa de mais. Metam-no na carrinha...

- Mas-

- É dia de escola, certo? Ele pode perfeitamente ser um adolescente revoltado que fez a gazeta do dia e fugiu de casa, se não fosse, não viria a essa rua. Só logo a noite ou amanhã é que vão fazer denúncia. É mais do que tempo para sumir com ele.

- Mas... Não é arriscado, chefe?

- Já fizemos pior, agora andem logo antes que sejamos vistos! Estamos com falta de produto para venda, deixem de ser mesquinhos!

- C... Certo!

Os meus olhos estavam pesados, não sei quando os fechei, apenas que cai no sono ao sentir um cheiro estranho no pano que se mantinha sobre a minha boca e nariz.

Que merda... Eu, definitivamente, não devia ter sido um idiota...

* * * * *


Fui arrastado para os fundos, onde o meu corpo pareceu começar a recuperar um pouco da sensibilidade motora. Me colocaram num canto, preso á parede por uma corrente junto de outros leiloados, local onde pude ouvir com esforço a conversa do outro lado da parede. Reconheci a voz como sendo a de quem me comprou.

- Primeiro, eu quero registo por chip. Sem coleira, sem algemas, quero a identificação apenas pela tatuagem do código de barras.

- Mas se ele fugir-

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora