16 - Telefonema

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Estávamos a sustentar o olhar um do outro, ambos a tentar ter a certeza do que estava a acontecer. Ou pelo menos eu estava, já ele, só deu um sorriso calmo como quem estava a apreciar a situação. Eu gostava dele e não achava que fosse me magoar, queria tentar ir mais longe... Já Law... O que ele queria, mesmo? Era uma pergunta para o qual eu não tinha resposta ainda.

- Por mim, tudo bem - respondeu simplesmente.

- Sério? - Perguntei um tanto surpreso pela facilidade de resposta.

- Sério, é bom para descontrair, não tenho nada contra a fazê-lo com você, para mim só traz vantagens. Mas não vá se iludir, sexo não significa algo amoroso com você.

- Certo, pode deixar! - Ele se espreguiçou e se deitou ao comprido. Diversão, talvez fosse o que ele procurava. Eu não me importava. Deitei-me praticamente em cima dele enquanto recebia um cafune leve na cabeça. Estava bom assim... O conforto, o carinho, a atenção, era o que eu mais precisava e o que ele mais me dava. Depois, ainda me perguntava como eu podia gostar tanto dele mesmo ficando ali. Eis a resposta...

- Ei, Luffy... Você é bem carente comigo, sabia?

- Eu sempre me adaptei a todo o mundo bem rápido. E você facilitou.

- Eu? Porquê?

- Talvez porque eu estava á espera de um maníaco pior do que os daquele buraco e você se revelou totalmente o oposto e é bem carinhoso comigo. Eu só me aproveito. A pergunta é... Porquê você é assim, se eu não devia passar de uma cobaia?

- Porque de outra forma, o Cora-san não me perdoaria. Você simplesmente teve sorte na rifa.

- Tudo pelo Cora-san, então?

- Absolutamente tudo...

- Cafuné está incluído?

- Não. Só que... Eu também peguei intimidade com você, okay? Então... É, me pegou...

- Hum... Então vai sentir minha falta! - Provoquei.

- Se sentir é só deixar você com o chip, depois segui-lo e arrastar você de volta.

- Você não faria isso! Seu demônio!

- Sou pois, um demônio que o vai amarrar se tentar resistir a voltar. - Olhei emburrado. Ele começou a rir e de vagar, fechou os olhos. Parecia feliz... Já eu, estava com uma certa dúvida na veracidade do que dissera. Certamente estava a brincar sobre me amarrar. De certeza... Acho eu... Espero eu... Era brincadeira, né? - Vamos dormir por hoje.

- Não vai fazer nada comigo? Você disse que aceitava...

- Pegue um pouco mais de intimidade comigo primeiro.

- Mais ainda?

- É, faço isso com você se adaptar com a minha proximidade. Eu ajudo você.

- Como?

Law não respondeu em palavras. Deu-me um selinho leve na testa, ao que me aproximei e depositei um sobre os seus lábios. Ficamos assim um pouco mais e logo peguei no sono com a sua mão ainda a fazer-me cafuné. Essa rotina durou até ao natal, estendendo-se não só para a hora de dormir, como para outros momentos do dia. Passou a ser algo comum de que eu, sinceramente, não tinha queixa. Ficamos bem mais próximos. Fosse no sofá, na hora de almoço ou simplesmente a meio do dia, começou a ser comum ele me pegar pelo queixo e me beijar, ou ao contrário nas poucas vezes em que era eu quem tomava iniciativa. Ele não se importava e eu gostava que ele agisse assim comigo. Agora sim, era uma completa bagunça emocional.

Apesar disso, não passavam de beijos com - por vezes - alguns amassos pelo meio. Como se tivesse medo de me magoar ou de me assustar, ele tentava manter sempre o controle sobre ele mesmo em tudo o que fazia sem ir longe de mais. Para mim estava ótimo. Ainda não tinha esquecido o que houve com aquele demônio do Teach, por isso e apesar de por um lado querer tentar ir mais longe, por outro, o autocontrole dele me dava uma certa segurança.

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora