26 - Bar

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Olhei em volta enquanto brincava com a palhinha do copo em cima da mesa. O ambiente do Bar estava calmo, o que não era de todo o meu estilo. Era um sítio discreto, as luzes penduradas sobre cada mesa pareciam criar espaços individuais entre elas e os bancos almofadados davam um certo conforto diferente dos cafés habituais, a acrescentar a isso, o pouco movimento de clientes misturado á localização da mesa onde estávamos e á música baixa nos davam uma certa privacidade um tanto desanimadora do qual eu não gostei. Era muito parado, muito isolado, muito diferente de um local de convívio, preferia que Law nos tivesse dado a morada de algum restaurante! Ainda assim, não tinha porque me queixar, pelo menos e segundo ele a bebida ali era ótima. Isso era bom, certo? Errado! Eu não tinha o hábito de beber, isso era coisa dele e do Kid, não minha. Resumindo, eu estava numa completa seca...

Sentado de frente para mim estava o ruivo, era ele quem me ajudaria a explicar a situação. O Torao não veio. Por mais que estivesse nervoso com aquela conversa, por mais que quisesse segurar-me com tudo o que tinha, por mais que fosse ele quem tivesse todas as informações, optou por contra todas as suas vontades, não vir. Primeiro, porque queria que o reencontro com os meus irmãos não o envolvesse. Segundo, o motivo que apresentaríamos, ele iria encontrar Shachi, irmão de Penguin, para pegar o que nos faltava...

"Sacchi era um Hacker profissional, mas não um qualquer. Ele era a quarta pessoa da nossa equipe e além de Penguin, o único em quem Peter apostaria a sua vida em como não nos trairia. Foi ele que, um mês atrás, ficou encarregue de aceder á rede informática do submundo e copiar absolutamente tudo. Dados, compradores, fornecedores, traficantes, meios, nomes... Tudo o mais que suficiente para os condenarmos definitivamente pelos crimes que cometiam, dos mais bárbaros aos mais banais."

Nada poderia ser esquecido. Law foi ver o progresso do trabalhando do amigo como uma forma de não ficar trancado em casa a pensar em mim e em tudo o que poderia correr mal neste reencontro. Já eu, ali, além de entediado, estava nervoso e explodindo de ansiedade, não sei se boa ou ruim. Por um lado, estava morto para ver os meus irmãos de novo depois de mais de um ano afastados, por outro queria voltar para casa, ver Law e ficar bem longe de qualquer um que pudesse me separar dele, mesmo que essa - ou essas - pessoas só quisessem o meu bem.

Estava tão distraído, tentando decifrar o que sentia e qual dos lados devia seguir, que só quando Kid me catucou por baixo da mesa é que percebi a entrada de um loiro e de um moreno no estabelecimento. Travei por momentos ao avista-los. Aquelas sardas e olhar intenso, tal como os cabelos loiros e cicatriz sobre as órbitas azuis que o acompanhavam, eram inconfundíveis. Perguntei-me se era real, se eram eles mesmo, quis correr e abraçá-los para ter certeza, mas paralisei. Não consegui me mexer...

- Tudo bem, Luffy? - Foi o sussurro de Kid que me trouxe de volta. Agora compreendia o medo de Law. Era esse mesmo, de que eu fosse embora com eles e não conseguisse dizer "não" àquele sentimento tão forte de união fraterna, que me sentisse culpado por te-los afastado e deixasse eles me levarem. Mas apesar de tudo, apesar das saudades, apesar da vontade de os amarrar comigo e de não voltar a soltá-los... Eu não iria. Não iria a nenhum lugar sem o Torao. Não queria ir...

Dei um suspiro pesado para tentar normalizar os batimentos cardíacos, acenei positivo para o ruivo e fiquei calmo. Eles provavelmente estavam tão nervosos quanto eu. O lugar estava quase vazio então, sorte a minha, ninguém reparou no meu nervosismo.

Sabo e Ace andaram na nossa direção, olharam para nós de relance, espreitaram para o fundo do Bar, não viram nada e sentaram na mesa ao nosso lado por pura coincidência. Kid ficou confuso. Eu olhei indignado, de palhinha na boca a trincá-la pelos nervos. O que deu neles?

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora