Meu carcereiro

22 - Eu amo você

Nunca reparara que Kid era mais alto do que Law até tirar ele do carro. Subindo ao apartamento, levamos o ruivinho para o meu quarto e deixamo-lo na minha cama. Law o observou, decidindo por onde começar. 

- Certo. Tire a roupa. - Ri com a cara de descrente do ruivo. Me lembrava eu quando lá cheguei, foi exatamente a mesma história, já Law, me olhou confuso. Parecia surpreendente não ter percebido o duplo significado por detrás das suas próprias palavras. - O que foi? 

- É para tratar desses ferimentos, Kid - expliquei - não se preocupe que o Torao não vai fazer nada de mal com você. Eu vou tomar banho. 

- Deite essa roupa fora, está toda rasgada. - Law. 

- Não, vai para lavar mesmo, ainda pode dar jeito no carnaval. Tá decidido, repito essa maquiagem e vou de zombie - brinquei. O moreno encolheu ombros, não se importando realmente com a minha ideia para um futuro disfarce. 

Tirei a câmara de baixo do capuz e a coloquei sobre a secretaria, algo que chamou a atenção do ruivo. Entrei no banheiro e fechei a porta. Tomei um belo e prolongado duche, tirei tudo o que fossem tintas grudadas sobre a minha pele e finalmente, voltei á minha cor original. Notei que, o local onde aquele homem com quem Law discutiu me amarrara ainda doía, estava vermelho e provavelmente ficaria pisado. Resmunguei para mim mesmo. Detestava tudo o que me lembrasse aquele lugar mas vendo pelo lado positivo, pelo menos, ao contrário das cicatrizes que ganhei por lá, esse hematoma era algo temporário que passaria em alguns dias. 

Acabei me pegando a recordar de quando ali cheguei com o corpo naquele mesmo estado, roxo com cortes e uma queimadura em processo de cicatrização. Da incerteza que sentia ser tanta como a que Kid deveria estar a sentir agora e de tremer só de pensar no que podia acontecer comigo. Para mim, tudo isso demorou para ser superado e agora só esperava que o ruivo, como um lutador que não teme os outros, se adaptasse mais rapidamente do que eu á convivência com Law. Precisávamos disso, não só pela segurança do tatuado enquanto comprador de um demônio chamado Kid, como para obter dele as informações que foram o que nos levou a resgata-lo. 

Sequei o corpo e saí só com a toalha na cintura. Deparei-me com o nosso novo colega de apartamento sentado na berma do colchão e o moreno a espalhar algum spray sobre o local onde deveria ter um braço - agora inexistente - enquanto o ruivinho fazia uma cara de dor. Irônico que ele o tenha arrancado para fugir, mas ficava com aquela cara de desagrado com um simples tratamento médico! 

- Então, se entenderam? - Interrompi tentando perceber se eles discutiram sobre algo nos poucos minutos em que me ausentei. Aparentemente, a resposta era negativa. 

- Parece que sim. Luffy, pode ir buscar a minha caixa ao armário da sala? - Acenei e fui em direção ao móvel onde eu sabia ter um monte de ferramentas e medicamentos, tudo aquilo de que Law pudesse precisar para diversos tipos de emergências e deixei o que me pediu junto da cama. Vesti o pijama ali mesmo, quando olhei de novo, ele preparava uma seringa com algum líquido transparente enquanto Kid, naturalmente, olhava de lado com uma certa desconfiança que não fazia questão de esconder. - Anestesia local - explicou - não consigo fazer nada aí sem ela. Esta dose vai amenizar os efeitos mas ainda assim é capaz de doer um pouco, então vai ter de aguentar aí um bocadinho, certo, ruivinho? 

O maior não respondeu, continuou atento aos movimentos do outro num regime de silêncio. Law injetou o conteúdo da seringa e esperou. Foi analisando o resto do corpo e tratando ferimentos menores, desde feridas abertas a outras já semi-cicatrizadas enquanto o ombro do ruivo não adormecia. Bem na hora, chegou Peter que subiu no meu colo. 

- Um gato? - Pronunciou-se finalmente. 

- É o Peter. Encontrei ele na rua. É um amor, não é? Oh que gracinha! - Dei um sorriso, virando a carinha confusa da bola de pelo negra para Kid. Law, que só ouvia, ficou com cara de emborrado.