33 - Resgate

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Por insistência minha, Kid que se encontrava ao volante do carro acelerou bem mais do que deveria. 

Depois de falar com Sabo, liguei para todo mundo e por prevenção, avisei eles que na mínima chance de receberem algo estranho, não lhe tocassem e me avisassem imediatamente. Pedi a Law que lhes entregasse alguns telemóveis descartáveis e seguimos, assim, caminhos diferentes. Caso algo acontecesse ou se apercebessem de algo estranho, ao mínimo sinal, eles entrariam em contacto comigo sem serem rastreados. 

Metade dos aparelhos foi entregue em casa de Nami e a outra metade, em casa de Franky. Dei a descrição de Law a ambos e pedi que não arrumassem confusão. Para o tatuado foi uma entrega rápida, ele só abriu a janela do carro, deu para eles e arrancou, sem trocar palavras. Para eles, foi uma situação um tanto estranha que os deixou confusos e com o qual só concordaram pela minha voz, um tanto aflita, lhes ter indicado que algo não estava certo. Enquanto isso, do meu lado, o meu próprio telemóvel se mantinha em alta voz em chamada com o Torao em simultâneo que Kid conduzia em direção á casa dos meus irmãos e eu, ao seu lado, me mantinha em stress. 

“Vá com calma” – alertou Law. 

- Só vou me acalmar quando os pegar. - Na mesma hora, mandei mensagem a Sabo falando para ele vir para fora. 

Cruzamos a estrada e a meu pedido, o ruivo abrandou indo calmamente em direção á morada que lhe foi dada. Fazia quanto tempo que eu não passava naquela rua? Logo que cheguei no meu destino, suspirei aliviado ao ver Ace sentado no passeio com cara de enjoado e o loiro batendo nas suas costas olhando, vez ou outra, para a caixa. Paramos a alguns metros de distância e com o disfarce de sempre, acenei para eles andando em direção á casa do vizinho que eu me lembrava nunca estar em casa naquela hora. Agi como se o procurasse. O carro preto que fora provavelmente contratado para vigiar os meus irmãos arrancou e deu a volta ao quarteirão para disfarçar, momento em que finalmente lhes fiz sinal para que viessem a correr na minha direção. 

- Se baixem nos bancos de trás e se cubram com o pano preto que lá está. Rápido! 

Eles assim fizeram. Eu entrei na casa e rapidamente, atei um fio á tampa da caixa e voltei a sair. Bem a tempo do carro voltar, puxei a corda discretamente a partir do outro lado da rua. 

Houve uma explosão. Foi tão forte que me projetou para o chão e fez os meus ouvidos zumbir. Quando o carro preto parou perto de mim, verifiquei que ainda tinha o disfarce e fiz um esforço por me levantar, apesar da existência de arranhões e de algumas prováveis leves queimaduras pelo impacto anterior. 

Ao virar para trás bem de vagar, tentando assimilar o que aconteceu e avaliar os estragos, me assustei ao ver tudo em chamas e rapidamente chamei os bombeiros da cabine telefônica ao meu lado. Tentei me aproximar um pouco da casa contra os protestos de Kid que me chamava do carro, mas não deu certo. O fogo não deixou e de imediato eu soube que, se ainda havia ali alguma memória da minha infância que Ace e Sabo tivessem guardado quando sumi, ela não existia mais. Tudo o que eu tinha antes e tudo o que eles tinham agora, sumiu. 

Dei um pulo ainda mais nervoso ao sentir uma mão no meu ombro. Alguém saíra do carro preto acabado de retornar e veio na minha direção ao perceber que eu assistira ao que aconteceu. Fiquei enjoado assim que assimilei que fosse um agente do submundo. 

- O que houve, garoto? – Perguntou calmamente. 

- Não sei… Foi de repente… Tem gente lá dentro, vi dois garotos entrar! 

- Tudo bem, eu ajudo… E você, está bem? – Acenei positivo e vi ele se aproximar da casa, desistindo pelo caminho como eu fiz e escondendo aquela expressão satisfeita de quem havia cumprido a sua missão. – Tem certeza de que eles estavam lá? Os dois? 

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora