6 - Se comporte

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Mais uma semana de sossego e a mudança na queimadura era visível. Parecia ter passado muito mais tempo, foi quando o homem de antes voltou e tirou o cateter que estava no meu braço desde que o colocara lá. Percebi, á medida que recuperava a consciência, que o que me deram naquele dia foi um soro com várias drogas á mistura, para me deixar adormecido e acelerar a cicatrização.

Só não tiraram aquilo antes, provavelmente, por negligência, já que eu mesmo fiquei ligado á bolsa por um tempo depois de vazia. Tive sorte do meu corpo resistir a isso, porque apesar de não estar ali á muito tempo, estava á suficiente para entender que era comum ver pessoas debilitadas morrer com sacos como aquele.

Fiquei quieto, com olhar um tanto distante enquanto ele terminava o serviço.

- Pronto, é seu de novo.

- Já não era sem tempo! - Quem o disse foi Teach, com um sorriso nojento na cara. Fechei os olhos em desistência... Não tinha mais forças para reclamar, estava todo dorido, só queria dormir para não ter de sentir o que quer que me fizessem. Dormir para sempre para que não tivesse de suportar mais aquilo... - Oh... Eu gosto desse olhar... - Fui puxado pelo braço. Resmunguei de dor, mas não parecia importar para ele. Teach me arrastou para depois me jogar numa outra cela, desta vez fechada como um quarto, com uma porta de ferro e paredes ao invés de grades. - Tire a roupa. - Ordenou.

- Q... Quê...?

- Eu disse para tirar a roupa, antes que eu a arranque de você á força. - Fiquei um tanto estático e engoli seco. Estava assustado, o cheiro forte e enjoativo naquele local fechado estava a deixar-me atordoado e com um péssimo pressentimento, mas não queria apanhar e sabia que o que quer que ele fosse fazer, faria por bem ou por mal. Tirei os únicos calções que tinha vestidos desde que ali cheguei e mantive-me encolhido, um pouco na defensiva. - Se vire de costas.

Fiz isso receoso, esperando um qualquer golpe nas costas ou nas pernas. Mas não foi isso que ele fez... Foi pior... Ele inclinou o meu corpo sobre a parede e arqueou-me as costas. Quando percebi a posição em que me encontrava, já era tarde de mais e num só movimento dele, desejei estar a ser espancado. Soltei um grito ao perceber que ele me tinha penetrado de uma vez sem nada antes e começava a mover-se rapidamente no meu interior. Nunca tinha feito algo assim antes, sentia-me rasgado com um fio de sangue a escorrer-me pela perna, não podia mover-me... A forma como ele me imobilizava não deixava e por mais que eu gritasse e implorasse para que parasse, que fazia o que ele quisesse, ele não ouvia. Apenas ria... Ria enquanto eu chorava, enquanto me marcava, enquanto eu berrava ao quase perder a consciência... Aquilo doía... Doía tanto ou até mais do que aquela maldita queimadura...

Vendo que ele não pararia, comecei a tentar me lembrar de algo que me ajudasse a não sentir tanta dor. Eu podia nunca ter feito aquilo, mas não significa que fosse ingênuo e não tivesse noção de como funcionava. Agradeceria a Coby - um dia se tivesse oportunidade - pela época em que falava (constrangido, claro) sobre a relação dele com Helmeppo. Me lembrava que ele falara em preliminares, o que era óbvio que Teach não fizera. Masturbar-me enquanto o fazia para me distrair da dor, mesmo que um pouco, impossível. Estava amarrado e esse idiota não tinha a mínima intenção de facilitar. Á vontade e confiança, eu não tinha com ele. A minha mente estava em branco e não tinha ninguém em quem pensar para o por no lugar desse porco atrás de mim. Por fim, sei que ele falara algo sobre descontrair os músculos. Descontrair o máximo para não contrariar o movimento e não doer.

Mordi o lábio e tentei. Apesar da dor e de quase não me aguentar em pé, tentei descontrair essa parte do corpo. Ele passou a investir mais forte. Sabia que não adiantava chorar, mas não me contive. Ele continuava a marcar-me enquanto eu continuava a murmurar baixinho que parasse, as minhas mãos procuravam algo para se amarrar, em vão... Descontrair ajudava, mas não dessa forma. Não ao quase cair com cada movimento dele, não se ele só me queria ouvir gritar, não se a minha consciência ia e vinha...

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora