34 - Aparências

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Assim que estacionamos, dei um longo suspiro aliviado e sai do carro para me espreguiçar e esticar as pernas. Andar na estrada sem rumo por tanto tempo era cansativo não só para Kid que conduzia, como para mim.

- Vamos - falei para os meus irmãos. Ambos se levantaram e vieram para perto de mim. Havia dois carros ali além do nosso, estacionados um pouco mais longe. Eram de Law e Penguin, respetivamente.

Entramos desse jeito, comigo um pouco mais apressado do que eles na expectativa de explorar aquela casa de campo isolada do resto da sociedade. Além de um enorme espaço nas traseiras, com piscina e o que parecia um coelho selvagem a espreitar por entre a grama alta que a rodeava, havia também um belo jardim na frente, escondido pelos muros altos que impediam que curiosos de espreitar. As árvores eram abundantes ali, tanto no interior como no exterior da propriedade o que no verão, devia dar origem a algumas belas sombras ideais para passar uma tarde ouvindo pássaros e aproveitar a natureza que nos rodeava. Era para ali, aliás, que Law me pretendia levar se as coisas corressem mal quando me comprou. Bom, à parte o estar situado no meio do nada, até que nem parecia tão ruim assim...

Falando no tatuado, ele estava encostado no portão do lado de dentro da casa, com postura despreocupada e um cigarro na mão.

- Isso faz mal para você - repreendi.

- É uma vez entre vezes. - Não lhe tirava razão. Law só pegara num cigarro á minha frente uma única vez: antes de eu ver Smoker e os meus irmãos. Era a sua fuga a um grande stress, um mau hábito apanhado de Cora-san e não algo que fosse recorrente. Ainda assim tirei dele, apaguei e joguei no lixo. - Precisava disso? - A minha expressão transpareceu um sim que o levou a resmungar baixinho.

- Não deia maus exemplos às crianças.

- Que crianças?

- Eu.

- Você pode ser muita coisa - sorriu - mas criança é que não é de certeza, bebé.

Deitei a língua de fora e fiz uma careta. Um pouco mais afastado, Kid ia se aproximando.

- Sou bebé mesmo, mas você me ama.

- Não tenho como discordar...

- E você e a Nami? Se deram bem?

- Só entreguei o que você pediu e vim embora, fiquei com a sensação de que ela não gostou muito de mim - sorriu - mas tanto faz, não tenho nada com eles mesmo...

- Eles não conhecem você, só sabem que me comprou, então é normal. E eu gostava que um dia se dessem bem.

- Vou pensar no assunto. E os seus irmãos?

- No carro com alguém a conduzir sem carta e andar com uma arma de fogo? Eu ainda vou ouvir deles. A prepósito - peguei a arma e dei para ele - minha pontaria é melhor do que a sua, então trate de melhorar para não ter de ser eu a fazê-lo.

- Você está passando muito tempo com Kid, parece até ele a falar.

- Eu não ando por aí atirando em todo mundo sem motivo.

- Se depender de mim, não atira é em mais ninguém!

- Deia o exemplo!

- Eu dou, quando essa história acabar...

Ia responder, mas a tosse seca atrás de nós indicou que Sabo e Ace ainda lá estavam. Tinha esquecido por completo que eles estavam ouvindo a conversa. O moreno nos encarava com um olhar reprovador que Law só se limitou a ignorar e para não arrumar discussão, mudar o percurso em direção a Penguin e Shachi para os pôr a par da situação. Sabo tinha a mesma cara, mas não era virada para o tatuado.

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora