21 - Resgate

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Ficamos no lado de fora a apanhar ar por um tempo, os dois precisávamos de nos acalmar. De costas viradas contra uma parede, enquanto Law atentava em mim, eu estava a tentar distinguir a ficção da realidade. Apesar de ver o que vi com os meus próprios olhos, continuava a querer acreditar que era só um pesadelo, um simples filme de terror. Aliás, se não fosse pelo odor leve do sangue anteriormente derramado que ainda se fazia presente no ar, teria me agarrado a essa crença com todas as forças que ainda tinha.

- Luffy... Tem certeza que está bem?

- Estou...

- Não minta para mim.

Mordi o lábio para me conter. Não valia a pena tentar negar, em muitas coisas, Law me conhecia melhor do que eu mesmo. Esta era uma delas. Ele sabia quando eu estava mal, parecia ter desvendado cada parte ruim do meu psicológico como sendo o dele principalmente quando envolvia a minha estadia de um mês naquele inferno, que agora sabia não ser tão ruim quanto devia ter sido assim que arranjasse um dono. Isso, se esse dono não tivesse sido o Law, claro. Por me conhecer tão bem, ele tinha noção de como o meu psicológico deveria estar perto de quebrar novamente e nenhum de nós queria isso. Nenhum de nós queria que eu perdesse novamente a fé na bondade humana...

Com um suspiro pesado, levou a sua mão á minha e fez um carinho discreto com a ponta dos dedos às escondidas das câmaras do local para tentar me acalmar. Não durou muito, logo as pessoas começaram a sair para o exterior onde estávamos e ele teve de parar, mas agradeci mentalmente por me lembrar de que eu não estava mais sozinho ali. Tinha ele comigo... E o Torao nunca deixaria que eu me magoasse de novo por causa daqueles sadistas...

Esperamos que a maior parte da confusão saísse e antes de retornarmos para dentro, ainda vimos as últimas trocas da noite. Desta vez, felizmente, ninguém veio ter conosco para tentar me negociar.

"Eram quase quatro da manhã quando voltamos a entrar diretamente para o leilão e daí para a beira do palco, onde alguém falava calmamente com o apresentador. Conheci a voz como sendo de Teach e estremeci, no entanto, ele pareceu feliz em ver Peter. Óbvio que se lembraria de quem me comprou, foi a melhor venda que já fizera."

- Ora, é você! Bem-vindo de volta! - Proclamou feliz para Law. - Eu vi  você hoje, pensei até que fosse querer mais alguém! Me diga, é algo específico? Posso arranjar quem você quiser! - Então finalmente me notou. Olhou o pouco do meu rosto que estava á vista, a parte pintada de roxo, encarou os meus braços com falsos cortes e hematomas e deu um risinho de troça. Aquele sorriso nojento de satisfação perante a miséria dos outros, a mesma que era causada por ele aos leiloados e o mesmo ar de quem ganhara alguma coisa que fazia um calafrio percorrer o meu corpo só de lembrar do passado. - Veio trocá-lo?

- Trocar? Porquê? - Perguntou Law. - Não podíamos estar a entender-nos melhor. Não é... Luffy...?

"Tremi um pouco, pela fachada, como se tivesse medo de Peter durante a conversa deles. Rangi os dentes também, mas pela raiva. O mesmo homem que ele fez aquilo comigo, que o fez com todos lá trás, estava ali... Á minha frente... E mesmo sabendo que não estava mais nas mãos dele, o receio não ia embora."

- Ora, não põe uma trela nele? - Questionou Teach.

- Já disse que não preciso disso! Estou nem aí para esses idiotas a vangloriar-se na rua que não conseguem andar sem assessórios. Eu tenho cara de extravagante? - Perguntou Law com tom irritado.

- N-Não, de forma alguma, mas sabe como é... Tentar fugir, mesmo que não consigam, dá dor de cabeça.

- Ele não é idiota o suficiente para tentar. Agora, se já paramos de falar do que não é da sua conta... Vamos a negócios.

Meu carcereiroOnde histórias criam vida. Descubra agora