Acordei preso, confuso e com dor de cabeça. Aos poucos, fui me lembrando do ocorrido ao mesmo tempo que tentava identificar o local onde estava e o porquê de ter uma corrente no meu pé. Estremeci… Algo naquela situação estava terrivelmente errado.
- Ei! Alguém aí? Me tirem daqui! Ace, Sabo, isso não tem piada! Onde eu estou?
Falei razoavelmente alto, mas nem precisava de tanto. Logo que me levantei e a corrente no meu pé fez barulho, um homem entrou. Alto, gordo, com um cheiro enjoativo a suor e a bebida, no seu rosto destacavam-se com facilidade alguns dentes em falta e uma expressão doentia do qual eu não estava a gostar nem um pouco.
- Finalmente acordou. Como se sente? – Como eu me sentia? Não era óbvio?
- Me tire daqui! – Não adiantei mais palavras que ele já me socou. Amarrei a minha cara com força e uma grande confusão. – Mas que merda-
- Quieto! – Um chute me lançou contra a parede e me fez amarrar o estômago em dor. Porquê? O que estava acontecendo? O que eu fiz de errado?
- O que… Você…
- Oiça bem, pirralho. A partir de agora, você é lixo. Trate quem é superior a si por mestre e aprenda a não gritar nem a choramingar, se não vai ser pior…
- Quê…?
- Eu não o mandei falar! – Desta vez, me pisou com força na cabeça contra o chão e tirou o próprio cinto enquanto eu me debatia. - Acho que você ainda não entendeu bem a sua situação…
- Do que está falando? Me deixa ir embora, seu maldito!
- Vou ensinar a você o que acontece quando não fica quieto. – Engoli seco aí vê-lo dar lanço com o pulso que amarrava a fivela de couro. Ah, não…
- O que você…. Vai…
Não acabei a frase. Comecei involuntariamente a gritar enquanto o som do chicote improvisado contra a minha pele ecoava no cómodo e ele ria. Me encolhi como dava tentando minimizar os golpes sem conseguir evitar chorar em agonia. Não conseguia me calar, as lágrimas caiam continuamente em direção ao atrito frio sobre o qual estava deitado…
“Porquê…” – Pensei. – “Porque eu estou aqui?”
Cada golpe era uma marca e eu continuava sem entender nada. Mordi o lábio para tentar conter um pouco os gritos, para tentar ficar preso na realidade numa fase em que a minha mente parecia ameaçar apagar-se. Foi então que ele parou.
- Certo, passou no primeiro teste, parou de gritar. Não demorou tanto assim, pirralho… Ou demorou? – Não respondi. – Sabe…. Você até é bonitinho…
Olhei com raiva. A minha vista embaciada pela água salgada nos meus olhos e o meu rosto vermelho deviam demonstrar bem isso. Tentei me mexer, mas na hora apenas uma corrente elétrica me percorreu. Literalmente, porque ele me jogou um balde de água em cima e me deu um choque. Foi brando, mas ainda assim, o suficiente para que desmaiasse de novo.
* * * * *
Grunhi de leve ao sentir uma agulha inserir o microchip na pele sobre o meu pescoço, onde se encontrava a tatuagem feita á um mês atrás. Logo depois, um “pi” de uma máquina foi ouvido para o ativar e com um leitor, verificou-se que estava pronto a ser utilizado. Eram 6 e meia da manhã quando Teach se trancou numa sala comigo, foi a um computador e começou a preencher alguns dados, que parti do princípio serem os meus e pelo que entendi antes, do meu dono.
Fiquei quieto, tentando passar despercebido durante a meia hora que ele demorou a organizar tudo. Logo depois, o leitor passou de novo desta vez, mostrando que havia sido bem sucedido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu carcereiro
Fanfiction"- É o seu dia de sorte, garoto. Vai ser leiloado hoje... Não sei direito quem falou aquilo, nem me importei em tentar descobrir. Ao que eles chamavam sorte, eu chamava o início no inferno de uma vida escrava. Por era isso que eu era desde que á um...