Uma coisa era ver a luta através de um vídeo, outra totalmente diferente era participar nela. Uma coisa era dar a ordem para atirar ou faze-lo por defesa como quando peguei os meus irmãos, outra era apontar uma arma e colocar uma bala em alguém, ouvir os gritos de desespero para contra atacar, ver a dor no rosto da pessoa, sentir a consciência pesar á medida que a vida se esvaziava dos seus olhos e a alma deixava o seu corpo. Era como se, sem a adrenalina de ajustar contas pelo que nos fizeram, depois de ter matado Teach, a culpa e o remorso voltassem com tudo para me dizer que não tinha mais nada para mim naquela história. E talvez não tivesse... Ainda assim, não me abalei.
Com Kid a dar-me apoio, corri. Corri pelos corredores, por entre os corpos e as balas perdidas até ao centro daquele confronto e subi ao último andar, apenas para ver que Law já lá estava exausto, ofegante, com os nervos à flor da pele e uma arma apontada a um homem loiro que trazia consigo um casaco de penas cor-de-rosa - bem extravagante por sinal - e que eu já conhecia de algumas fotografias e documentos anteriormente analisados entre os muitos relatórios deixados a Law por Corazón.
- Você realmente desceu muito baixo, Law.
Junto ao tatuado estavam Smoker e outros três policiais. Perto de Doflamingo, não havia mais ninguém. Pelo menos, não com vida.- Vá para o inferno, Doflamingo!
- Isso é tudo por causa do idiota do meu irmão? Ele me traiu, Law. Eu fui obrigado a livrar-me dele. Vamos, pare com isso, ainda dá tempo. Podemos reconstruir tudo. Não quer ser o meu braço direito?
- NÃO FERRA COMIGO! – Gritou num tom de visível raiva. O homem apenas sorria em troça com uma arma, também destravada, apontada ao sobrinho.
- Devia ter matado você naquela altura.
- Talvez devesse. Baixe a arma. Entregue-se. Acabou, Joker.
- Acabou? Você está enganado, ainda agora começamos. Sabe qual foi o pior erro do meu irmão?
- Cala a porra dessa boca!
- Mais do que ter-se rebelado contra mim, foi ter adotado um pirralho como você como filho. Ainda se lembra da cela onde você costumava ficar?
- Cela? – Indignou Smoker. Aparentemente, ele não sabia do passado do Law e nem eu o tinha escrito no caderno que entreguei a ele. Kid só tinha conhecimento disso por ter lido o original, onde descrevi o dia de arrumações na garagem e como encontrei o documento de compra do mais velho.
- Ora, não lhe contou, Law? Não disse á polícia que o seu querido pai exemplar e super bonzinho era, na verdade, o seu comprador? - Começou a rir. O rosto do moreno estava agora repleto de raiva e Smoker desviara o olhar do seu alvo para o encarar a ele. – Imagino que não, não é, Law? Mas a verdade é que os documentos de adoção legal vieram muito depois de você ir viver com ele! Ele está tão metido nisso como eu!
- FICA QUIETO, NÃO SE COMPARA AO MEU PAI! Você não tem o direito de falar assim… Da pessoa que me salvou a vida…
- Salvou? Não, Law… - O sorriso do loiro aumentou. Não percebi o porquê de ninguém ter agido ainda mas era como se o próprio ambiente pesado da conversa os impedisse de avançar. Como se até Law, que esperara tanto tempo por aquilo, tivesse agora travado nas suas ações e a única coisa que conseguisse fazer, fosse tremer pela raiva do que estava ouvindo. – Ele não sentia nada por você, foi só um impulso. Um fardo que ele carregou por causa da imagem. Ele o trocou por uma missão, morreu, deixou você sozinho e pouco se importou em lhe dizer que estava doente. Ele não se importava com você.
Law mordeu o lábio, chegou no limite da sua paciência e então, um tiro foi ouvido. Contudo, não foi o tatuado quem disparou nem os membros da autoridade, muito menos eu. Foi Kid, ao meu lado, que mantinha uma expressão calma e uma postura descontraida de quem estava pouco se importando com o passado do moreno.
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Meu carcereiro
Fanfiction"- É o seu dia de sorte, garoto. Vai ser leiloado hoje... Não sei direito quem falou aquilo, nem me importei em tentar descobrir. Ao que eles chamavam sorte, eu chamava o início no inferno de uma vida escrava. Por era isso que eu era desde que á um...