XXV. give me something to hold on to

1.1K 156 160
                                    

    ORION SCORPIUS

    ORION SCORPIUS

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

      Parceiro.

      Eu só podia ter ofendido os deuses de alguma forma para que essa maldição incidisse tão arduamente sobre mim.

       Eu devia ter prestado atenção aos detalhes óbvios, às palavras carregadas de significado, ao instinto que eu tinha de querer protegê-lo, de vê-lo, de estar com ele, como se eu não pudesse controlar o ímpeto de ficar perto. Quando nos conhecemos apropriadamente pela primeira vez no jantar proporcionado por Kalel, eu sentira algo. Um encaixe. Não totalmente formado ou sólido, mas, ainda assim, ali. Um encaixe na alma.

       Eu não poderia ficar com Atlas por uma miríade de motivos óbvios. Ele não me amava, eu não... não o amava. Não éramos compatíveis, não funcionávamos juntos. Claro que não. E o laço da parceria era algo tão grandioso, celebrado e definitivamente um marco inegável da minha vida imortal. Por mais que eu sentisse algo minimamente semelhante a amor por Atlas, nossa junção seria impossível, pois ele não me amava, ele não me desejava, assim como não desejava a vida que teria de enfrentar se ficasse ao meu lado. E por mais que a ideia de vê-lo com outra pessoa desmanchasse meu coração emaciado de uma forma logicamente impossível, ele merecia isso. Merecia viver uma vida sem um alvo nas costas por estar junto a mim, que colecionava inimigos como alguém coleciona canetas. Atlas merecia uma felicidade incondicional longe daquela bagunça da realeza, e eu jamais poderia oferecer isso a ele.

        Eu não contaria, não para ele ou para qualquer outra pessoa, constatei com uma mistura de petulância e certeza abrasiva.

        Se eu agisse com indiferença, se deixasse Atlas acreditar que nosso vínculo anormal era fruto apenas do acordo mágico que fizemos, se eu ocultasse o laço corretamente e afastasse Atlas, então ele não precisaria saber que eu era a sua parceira. E quando o acordo acabasse, se Kalel fosse destruído... então Atlas estaria livre e certamente se afastaria daquele núcleo de poder exorbitante dos feéricos. Se afastaria de mim. Para sempre.

       Caminhando pelas ruas de Solarian, me esforçando para suportar a tontura deixada pela investida da feiticeira em minha mente, eu podia jurar que o céu estava piscando em vermelho e azul, ou eu estava apenas delirando em um nível preocupante. A lua parecia ter garras, presas afiadas e um sorriso diabolicamente calculado. Pelos céus, eu torcia para que isso não persistisse por muito tempo.

        Quando cheguei à estalagem, tive um breve vislumbre das pessoas aglomeradas ao redor enquanto eu subia as escadas com a respiração descompassada e os passos frenéticos. Minha visão estava escurecendo, e eu tive que apoiar minhas mãos na parede para recuperar um pouco da compostura. Eu não conseguia respirar. Não conseguia me estabilizar. Minha alma estava saindo e voltando para o meu corpo. O poder querendo fugir de mim estava me matando, me martirizado e me devorando.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora