ORION SCORPIUS
Havia premência de tempo enquanto aguardávamos pelo surgimento do Suriel. Eu estava sentada em um galho áspero e banhado pela luz solar, minha cabeça apoiada na árvore oca e as pernas balançando infantilmente no ar desimpedido. Meus dedos inquietos brincavam com sombras espiraladas, minha mente vagando por áreas específicas de pensamentos irados que eu tentava evitar para preservar a pouca paz que me restava. Feyre, os braços cruzados enquanto fitava o céu translúcido daquela manhã, parecia imersa em uma conversa particular com Rhysand em sua cabeça.Mais cedo naquela manhã, ainda na madrugada de clima volátil, eu tivera outra aula experimental de voo com Azriel, cuja paciência e atenção minuciosa aos detalhes me reconfortara bastante. Eu fizera claros avanços, os quais foram recebidos por elogios polidos vindos de Azriel. Por dentro, eu me sentira envergonhada, alegre e orgulhosa de mim mesma. Por fora, eu sorrira com prepotência e lhe dera uma adorável réplica sarcástica. Uma das muitas especialidades que eu guardava no bolso quando queria disfarçar minhas emoções selvagens.
Após meu treino com Azriel, eu fui tomar café da manhã com Mor e Alípio após uma grande insistência por parte do macho. Ciente de que jogá-lo pela janela só tornaria as coisas ainda mais complicadas, acabei cedendo ao seu pedido. Alípio era extremamente teimoso, de uma maneira que às vezes beirava o inconveniente. Quando ele queria algo, ele não desistia, mesmo que isso o fizesse parecer um papagaio irritante se intrometendo na vida alheia e os cutucando com seu bico perverso.
Enquanto tomávamos nosso lanche matinal na cafeteria de aspecto rústico, Mor e Alípio me contara mais um pouco sobre a história de suas vidas, e eu me vi especialmente comovida por Mor e todos os obstáculos que ela tivera de ultrapassar. Ela era tão absurdamente forte, e mesmo que tenha cometido muitos erros, assim como qualquer outra pessoa, erros os quais ela confidenciou a nós com bastante serenidade, ela estava disposta a corrigi-los. Mor era uma força nata da natureza, um furacão de lutas e vitórias. Além de compartilhar sua história comigo, Mor, junto a Alípio, me contaram um pouco mais sobre Feyre e sua história de vida.
De repente, me vi sentindo tanta compaixão involuntária por Feyre que isso quase me sufocou. Uma fêmea que sobrevivera a família que a negligenciou, que cresceu sem qualquer amor, que lutou por um povo que nem sequer lhe pertencia, que destroçou sua alma por alguém que não a merecia. Feyre era uma humana a princípio, o que certamente me deixara aturdida. Feyre, que fora de uma humana maltratada pela crueldade familiar, pela escassez do mundo mortal, e que velejara pela imensidão da crueldade feérica para se tornar uma Grã-Senhora. Feyre não era fraca, não era insípida. Ela era uma heroína, alguém que não se curvaria diante de ninguém e nada além da coroa que pendia em sua cabeça. Ela não era enganada, ela não cedia. E eu admirava. Eu a admirava tão ardentemente que, por um segundo que me assustou, enxerguei-a como a loba livre que ela era, e desejei me livrar das minhas próprias algemas também.
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storm of poison and steel | ACOTAR
Fanfiction{concluída} Orion Scorpius não sabe absolutamente nada sobre a origem de seu poder ou família. A rainha sombria que chegou ao poder por meio de um golpe é temida por todo o território feérico, especialmente por ser portadora de imensurável poder e a...