XXXI. belongs to us

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      ORION SCORPIUS

         O vazio que agora me acometia era muito semelhante às correntes de ferro atadas a um navio, trazendo-me cada vez mais profundamente para o breu solitário da minha própria mente

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         O vazio que agora me acometia era muito semelhante às correntes de ferro atadas a um navio, trazendo-me cada vez mais profundamente para o breu solitário da minha própria mente. Eu estava tentando avidamente ignorar o revirar intenso no meu estômago, a necessidade abrupta de entrar em alguma briga ou ter algum rompante onde eu pudesse cuspir meus demônios furiosos. Eu estava com medo, um tipo de medo que era capaz de me ferir mais fácil que uma rajada de fogo. Mas eu precisava entender a complexidade daquela situação, compreender que aquilo era uma jornada perigosa que já completava anos de competição, provocação e alfinetadas, e nós precisávamos lutar, tínhamos chegado ao limite, e eu associava aquele nervosismo não apenas ao medo do imprevisível, mas também a minha paranóia a respeito de como as coisas ficariam quando tudo aquilo chegasse ao fim, se todos estaríamos vivos, se a batalha deixaria sequelas profundas demais para serem recuperáveis.

     Eu estava deitada na enorme cama de dosel do quarto que Feyre e Rhysand ficariam hospedados durante aquela visita temporária. A lua parecia intimamente assustadora enquanto decorava o céu estrelado naquela noite, e eu observei preguiçosamente enquanto Rhysand e Alípio travavam uma batalha de olhares inquisidores e prepotentes.

     - Você precisa voltar para Velaris. Hoje - repetiu Rhys pelo que supus ser a quinta vez, como se de alguma forma pudesse amaciar aquela teimosia inquietante de Alípio. - Vamos dar início a uma guerra contra Kalel em breve, e caso Orion falhe... caso o plano inicial não funcione... precisaremos lutar. Não quero que você esteja aqui quando isso acontecer.

     - Mas não importa se Orion ficar? - Inquiriu Alípio, igualmente irritado, e aquilo deu um tipo diferente de desconforto em meu âmago. Engoli em seco.

     - É claro que importa - grunhiu Rhysand, revirando os olhos. - Mas tente lembrar que Orion, de acordo com a visão do Caldeirão, é a única capaz de derrotar Kalel. Ela precisa ficar. Mas você... não posso lutar se tiver que me preocupar com ambos. Você precisa ir para casa. Se eu e Feyre não conseguirmos escapar dessa com vida, o herdeiro da Corte Noturna precisa estar lá para subir ao trono.

     - Então volte você a Corte Noturna. Vocês são imortais, lembra? Podem ter outros filhos caso seus prodígios morram - rebateu Alípio, tão alterado por estar sendo deixado de fora da zona de conflito que nem parecia agir como ele mesmo mais.

      - Ao inferno que vou deixar Orion lutar sozinha - rebateu Rhys. - Alípio...

     - Pare. - A voz de Feyre soou imperturbável e firme. Rhys e Alípio ficaram em silêncio automaticamente, e até mesmo eu enrijeci com o tom autoritário de sua voz. - Não vamos morrer nessa maldita batalha. Orion é capaz de lutar e derrotar Kalel. Eu confio nela. - Feyre olhou para mim e apertou minha mão. - Se Alípio quiser ficar e lutar, ele ficará. Ele não é uma criança, Rhys, e pode escolher que batalhas travar.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora