XXIII. a dreamer and a traveler

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DELION KURBOK

        Delion saiu do quarto com o cabelo preto como as penas de um corvo ainda úmido devido ao banho quente, suas roupas simples e completo oposto das armaduras pesadas lhe proporcionando um raro conforto

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        Delion saiu do quarto com o cabelo preto como as penas de um corvo ainda úmido devido ao banho quente, suas roupas simples e completo oposto das armaduras pesadas lhe proporcionando um raro conforto. O castelo estava estranhamente vazio, o que ele associou ao estado caótico no qual se encontrava os reinos ou, pelo menos, as cidades mais próximas da fortaleza de Kalel.

        Após o roubo do livro de Kalel, o macho reuniu tropas e mais tropas para fazer varreduras nos perímetros mais próximos e que teriam acesso facilitado à fortaleza. Delion descobrira que, mesmo Kalel tendo consigo outra cópia do livro, sua sede de vingança e o monstro que rugia em seu peito por ter sido desafiado desejava sangue daquele que ousara realizar tal feito. Interrogatórios particularmente sangrentos e repletos de gritos temerosos foram feitos e, embora nenhum culpado tenha sido identificado, muitos dos interrogados tiveram graves sequelas.

       Delion tivera uma criação consideravelmente privilegiada e boa, mas seus pais, detentores de grandes porções de terra em Aquila, tinham negócios obscuros com vendedores de ópio e casas de jogo. Em uma balança instável da elite recheada de traições, mortes e dinheiro, Delion decidiu se afastar de tudo. Deixando os pais e quatro irmãos e irmãs para trás em sua teia de perversidades, Delion engatou em uma viagem para Solarian, onde se tornou lutador de um clube de luta clandestina bastante remunerado e com grande notoriedade pela região. Não foi uma surpresa que Kalel o achara tão facilmente, quando Delion estava tão perdido interiormente, procurando um sentido na vida que não parecia disposto a aparecer. E ele aceitou porque era tolo, porque era ingênuo e não sabia o inferno que o aguardava. E quando Delion deitava a cabeça no travesseiro, tinha a sensação de que ainda podia ouvir os gritos provenientes das vidas inocentes que ceifara na guerra.

        Os anseios pessoais dele não eram mais tão expansivos quanto antes. Talvez nem o fim fosse capaz de absolvê-lo de seus pecados. Talvez a Morte fosse sua sombra, e ela o perseguiria até que não restasse mais uma alma na qual Delion se agarrar.

         - O jantar está pronto - anunciou Cora assim que ele entrou no escritório, virando lentamente a página do livro. - Não está com fome?

         - Não, acho que a palavra cansado seria uma definição mais sucinta - resmungou, jogando-se entre as almofadas do sofá vinho.

        - Bom, pelo menos temos um bom silêncio por aqui. - Riu, balançando os pés apoiados no braço do sofá. - Enquanto estamos apodrecendo aqui, Elphys e os outros se divertem naquela missão maluca entre os reinos. Estou sentindo falta até mesmo da presença de Alípio.

        - Cuidado, Cora, a um espectador de fora isso pode soar como se você estivesse apaixonada pelo aspirante a Grão-Senhor - ronronou Delion, a insinuação de um sorriso malicioso preenchendo seus lábios.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora