VII. an irrecusable proposal

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     ORION SCORPIUS

      - Você é o corvo - não era exatamente uma pergunta, mas estremeci do mesmo jeito quando ele assentiu com a cabeça e confirmou minhas suspeitas

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      - Você é o corvo - não era exatamente uma pergunta, mas estremeci do mesmo jeito quando ele assentiu com a cabeça e confirmou minhas suspeitas. - Como?

    - A transformação foi mais um dos presentes do meu pai, ela me transforma em meu semelhante animal. Se no começo eu esperava algo mais... selvagem? Talvez - deu de ombros, as mãos enfiadas casualmente nos bolsos do casaco. Aquele clima tenso estava me esmagando de forma incômoda.- Mas aparentemente minha escuridão é mais profunda do que eu achava.

    - Você tem me espionado todo esse tempo? - mesmo que eu tentasse avidamente permanecer neutra, a descrença era nítida no meu tom de voz esganiçado. - Por quê?

    - O termo espionagem não me agrada muito, para falar a verdade - deu de ombros, olhando em volta com um desinteresse que fez meu sangue ferver. Ele não podia simplesmente invadir meu quarto e agir como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. - Que quarto bonitinho. Aquilo é uma coroa de estrelas?

       - Você é um babaca sempre? - novamente, meu temperamento foi mais ágil do que meu lado racional.

      Atlas virou o rosto para me encarar. Se seu histórico se igualava ao do pai, eu podia me preparar para alguma retaliação ou explosão de raiva sádica pelo simples fato de eu tê-lo ofendido. No entanto, o macho abriu um sorriso lustroso e disse:

      - Não, apenas sou um bom ator. Como você, Scorpius.

     - Não faço ideia do que você quer comigo, Atlas, ou porque você anda me espionando. Não gosto de ter você em meu quarto e tampouco gosto de ouvi-lo me chamar de Scorpius - falei com a voz gélida e dei alguns passos à frente, até que estivéssemos tão próximos que nossas respirações se fundiram. - Não tenho medo de você.

       - Sei que não. Você é bem mais poderosa do que eu, Scorpius, mas tem medo do meu pai, o que significa que, por mais tentador que seja, não pode destroçar esse rostinho bonito - ele apontou para a própria face e riu quando lhe lancei um olhar particularmente mordaz. Se seu ego fosse maior do que sua altura, poderíamos acrescentar isso à sua lista de defeitos enervantes.

      - Hoje, durante o jantar, você disse que nunca tínhamos nos visto, então...

      - Não, eu disse que você nunca tinha me visto. Pelo menos não na minha forma real. Nunca disse que eu não tinha visto você.

       Bufei para o lustre que pendia sobre minha cabeça. Feéricos e seus jogos manipuladores de palavras.

     - Então foi seu pai que enviou você para me espionar? - arrisquei o palpite e cruzei os braços em frente ao peito, transparecendo uma calma letal que podia matá-lo se fosse uma força física.

     - Pelos deuses, não! - riu e começou a andar pelo quarto, tocando objetos aleatórios e deslizando os dedos pelas lombadas dos livros, como se aquilo fosse infinitamente mais interessante do que nossa conversa. - Você é muito famosa, sabia disso? Boatos dizem coisas horríveis sobre você, sobre sua corte. Eu sabia que você era uma das governantes do reino feérico, a única fêmea que já reinou no mundo imortal, cujas inúmeras lendas diziam ser cruel e ardilosa. Também sabia que, como todos os reis fracos, você era mais uma que servia ao meu pai. Então, meu interesse em conhecê-la era praticamente zero. Não suporto os servos do meu pai... ou seja, não suporto ninguém desse maldito lugar.
       "Quando eu estava em Kallivar, ouvi coisas a seu respeito, Scorpius. Você, que chegou ao poder por meio de um golpe bem articulado, matou o macho que era seu pai adotivo com ódio no coração, arrancou a cabeça do rei e se sentou no trono com as mãos ensanguentadas e asas abertas. A personificação da maldade. Você, que se aliou ao meu pai assim que a guerra começou e concordou em servi-lo, deixou que os outros reinos fossem massacrados e não forneceu qualquer suporte a eles. Você, que fere qualquer um que ouse lhe olhar atravessado, que se diverte com os menores vestígios de violência e humilhação alheia. A Rainha Sombria. Um nome apropriado para alguém com essa história de vida, estou certo?"

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora