ALÍPIO ARCHERON
O encontro com Orion deixara Alípio enjoado. De todos as maneiras como aquilo podia ter ocorrido, o resultado fora pior do que ele pudera prever. Ele não sabia muita coisa a respeito da fêmea além de sua óbvia posição privilegiada na realeza, coisa que ele não fazia ideia de como ela conquistara, levando em consideração que ela fora parar em outro universo como uma órfã e sem nenhum sobrenome de peso ou notoriedade.
A menina era uma réplica fiel de Rhysand, pelo menos no quesito aparência, e parecia ter uma língua afiada e bem articulada. Porém, embora compartilhassem os bons genes herdados dos pais, as semelhanças entre os membros da família pareciam parar ali, pelo menos até o ponto que Alípio conseguira conhecer.
Feyre costumava dizer que os olhos eram o espelho da alma. Se isso fosse de fato algo verídico, a alma de Orion estava mais quebrada do que era considerado humanamente possível. Seus olhos violetas, tão apagados e inalcançáveis, pareciam suportar uma carga de dor e responsabilidade exorbitante. No momento em que a vira, Alípio conseguiu visualizar o caos irrefreável que rastejava em suas órbitas oculares. Mesmo que fossem biologicamente ligados, Alípio nunca se sentira tão distante e responsável po uma pessoa como se sentira de Orion ao conhecê-la. E, ao vê-la de forma tão vulnerável e assustada, quando enxergou suas cicatrizes internas, prometeu a si mesmo que nunca permitira que ela se estilhaçasse assim novamente. Nunca mais. Mesmo que ela o odiasse.
Após o surto de Orion, o qual fizera com que as montanhas da Corte Diurna estremecessem violentamente ao norte, Alípio e seus pais foram de encontro ao outros membros da família, visando repassar os acontecimentos desagradáveis do encontro. No entanto, Feyre e Rhysand estavam tão espantosamente abalados que a responsabilidade de contar o que acontecera recaiu sobre Alípio. De bom grado, ele contou aos tios o que acontecera, desejando desesperadamente que pudesse arrancar um pouco do tormento insuportável que parecia pressionar seus pais.
A julgar pelos seus semblantes dúbios, Alípio supôs que seus tios também ficaram afetados com o que acontecera. No fundo, ele sabia que eles se culpavam pelo que acontecera. Por ter deixado que ela fosse levada, por ter permitido que o mundo a transformasse num matriz intocável de traumas e dor irredutível. Transformá-la em algo que eles não reconheciam.
Horas depois, quando todos os Grão-Senhores chegarem à corte de Helion, eles se reuniram imediatamente na sala de reuniões. Deixando os dramas familiares de lado, Alípio compreendia que eles precisavam discutir sobre a barreira do universo que vinha sendo perturbada e, entrementes, a possibilidade de Orion saber alguma informação vital sobre isso. Mas caso eles estivessem errados, caso Orion não tivesse qualquer informação útil sobre tal importunação, eles voltariam à estaca zero.
- Onde está ela? - indagou Kallias, cuja mão estava entrelaçada a da esposa conforme seus olhos investigavam os arredores da sala.
- Provavelmente terminando de se arrumar, pedi que as criadas a ajudassem - respondeu Helion, o corpo relaxado e a cabeça tombada para trás no assento estofado. Ele era a personificação da calmaria irredutível.
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storm of poison and steel | ACOTAR
Fanfiction{concluída} Orion Scorpius não sabe absolutamente nada sobre a origem de seu poder ou família. A rainha sombria que chegou ao poder por meio de um golpe é temida por todo o território feérico, especialmente por ser portadora de imensurável poder e a...