XIII. a mirror that reflects souls

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ORION SCORPIUS

      No dia anterior, após o treino com Cassian e a oferta promissora de Azriel, eu recusei o convite de almoçar com eles na cidade

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      No dia anterior, após o treino com Cassian e a oferta promissora de Azriel, eu recusei o convite de almoçar com eles na cidade. Apesar de terem se mostrado pessoas confiáveis até o momento, eu ainda não sabia como lidar com um jantar íntimo e no âmbito familiar deles. Além de que, a conversa sobre minhas asas me deixara especialmente emotiva. Hoje, porém, por ser um dos meus últimos dias antes de procurar o Suriel e preencher as reticências em nosso plano, decidi que seria no mínimo proveitoso passar o dia fazendo algo útil. Então, quando Mor surgiu à minha porta, bela e mortal como uma deusa, o longo cabelo loiro em chamas, aceitei ir almoçar com eles.

       O chão da cidade era uma mistura de formas geométricas distintas, as casas eram pintadas com cores primárias que juntas formavam outras colorações ainda mais extraordinárias. Cafés, padarias, lojas e restaurantes. Nada era soturno, nada era prosaico, tudo possuía uma vivacidade quase tangível. Os raios solares causavam um efeito melífluo na minha pele, e a música proveniente dos violinos era arrebatadora, aquecendo-me de dentro para fora. Protegendo a cidade e a esfera de irredutível paz que ela possuía, jazia montanhas que se projetavam ao longe, emoldurando aquele paraíso para qual poucos tinham acesso. Velaris, a cidade da Luz Estelar.

      Eu estava boquiaberta enquanto absorvia aquilo que me cercava, girando sob os calcanhares enquanto meus olhos divagavam pelo território coroado pela vida. Era extremamente similar a Cetus, a capital do meu reino, embora possuísse uma vida que a tristeza dos habitantes de Cetus encobrira.

      - Impressionante, não é? - indagou Feyre, olhando para mim com um sorriso divertido. - Tive a mesma reação quando vim aqui pela primeira vez.

     - É lindo - concordei, contragosto. - Mas não acha que é um pouco injusto que eles tenham tanta paz enquanto outras pessoas sofrem fora daqui?

      Eu estava sendo egoísta com aquele povo, sabia disso mas não conseguia parar.

     - Acredite, eu costumava pensar exatamente como você. Eu achava uma loucura que ele desfrutassem de uma paz como essa enquanto os outros sofriam as represálias, especialmente na época de Amarantha - admitiu, deixando-me momentaneamente surpresa. - Mas eles não tem culpa, Orion. E acredite, Rhysand passou e fez coisas horríveis para que essa cidade ficasse segura. Todos nós fizemos. Essa cidade representa esperança, e no final do dia é disso que sempre precisamos. Não devemos ficar chateados porque eles têm paz, mas devemos lutar para que os outros também a tenham.

      - Eu sei - murmurei, meus ombros caindo enquanto meu sorriso esmorecia. - Você disse "nós". Você já lutou por essa cidade também?

     - Sim, de muitas formas, especialmente literalmente - ela abriu um sorriso cúmplice, as sardas brilhando ao sol. - Lobos de água já correram por essa cidade ao meu comando.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora