XX. we need time to get up

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   ALÍPIO ARCHERON

      Era o quarto dia consecutivo do Dia da Glória

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      Era o quarto dia consecutivo do Dia da Glória. Alípio estava simplesmente maravilhado com a comemoração. Embora fosse uma festividade singularmente macabra em alguns aspectos, ele sempre fora excepcionalmente apaixonado por saídas noturnas e festas exuberantes, as quais nivelavam perfeitamente com seu lado ativo e festeiro. Tudo ensinamento básico de Mor, claro, sua tia que costumava arrastar ele e seus tios para as badernas mais improváveis, sempre sorridente, sempre ardentemente viva.

      Alípio, embora estivesse em Andrômeda há apenas alguns dias, já sentia falta de casa, de Velaris. Naquele mundo feérico, aquele onde sua irmã fora criada, moldada e guiada pelas trevas, seu poder era absurdamente oprimido pela escuridão de Kalel, e se isso já causava um grande estrago nele, como se estivesse sendo afogado ou caindo em queda livre, fogo queimando seus pulmões, ele nem sequer queria pensar em Orion, cujo poder era infinitamente maior do que o dele.

      Aquele lugar era um maldito pesadelo, belo mas corrompido, irrecuperável. Era como viver na escuridão, na tristeza impenetrável, num poço de solidão. E aquelas festas, aqueles feéricos de padrão comum praticamente escravizados... era terrível. Alípio conseguia enxergar a semelhança entre o governo de Amarantha e Kalel mais detalhadamente agora, conseguia sentir seu coração bater mais rápido ao pensar nos desafios que seu pai enfrentara durante cinquenta anos, usado como um brinquedo sexual, submisso e de mãos atadas, de sua mãe tendo o pescoço quebrado, o estalo que separava a vida da morte, o passado do presente, e agora pensava em Orion em uma situação tristemente semelhante, uma faca invisível frequentemente pressionada contra sua garganta. Mas Orion, apesar de todos os problemas e nítida aversão a Kalel, amava aquele povo, aquele reino, aquele mundo, assim como Alípio amava sua corte, a cidade dos sonhadores que futuramente lhe pertenceria por completo, o poder que se enroscava no trono.

        Rhysand e Feyre salvaram Prythian, e Orion estava certa, agora Alípio tinha de escrever sua própria história, traçar seu próprio caminho, e não viver na sombra de seus pais e das lendas que contavam sobre eles. Alípio ajudaria Orion a salvar ambos os mundos feéricos, ele seguiria seus instintos, então posteriormente clamaria seu trono, a vida que lhe pertencia, a bênção do caldeirão que o ungia, a escuridão e as sombras e as estrelas que para sempre o abraçariam. E enquanto Alípio as tivesse, ele jamais estaria sozinho. Alípio era um Archeron, um sonhador, e ele sobreviveria a todos intempéries da vida. Sobreviveria e renasceria como uma fênix. Jamais incumbido da dor, da tristeza. Apenas vida.

        A esse ponto, Alípio estava perto de uma videira, os braços cruzados e a cabeça sustentada pelo apoio sólido enquanto a música extravagante bombeava em seus ouvidos. Com os olhos fechados, luzes coloridas e bruxuleantes do outro lado, ele quase conseguia se imaginar de volta a Velaris, a vida que implorava assiduamente por sua presença pulsante.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora