XXIX. hope for all of us

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      ORION SCORPIUS

         Estávamos sendo arrastados pelos corredores claustrofóbicos da prisão subterrânea como cães, e eu tinha certeza que criminosos com piores erros já tinham sido tratados com mais dignidade

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         Estávamos sendo arrastados pelos corredores claustrofóbicos da prisão subterrânea como cães, e eu tinha certeza que criminosos com piores erros já tinham sido tratados com mais dignidade. O lugar, apesar de iluminado pelas tochas, era sombrio e pouco receptivo. O som de goteiras, fosse de água ou sangue, era a sinfonia que acompanhava as lamúrias dos outros que estavam presos naquelas celas há mais anos do que eu podia imaginar. Kallivar tinha uma reputação bem formulada quando se tratava de maldade e tortura. Talvez fosse por isso que Kalel e o rei Benovi fossem relativamente próximos, sempre trocando confidências e planos malignos.

           - Tire suas mãos de mim - rosnei para um dos soldados que me puxava com agressividade pelas correntes presas nos pulsos. Graças aos curativos providenciados por Atlas, o impacto do veneno não era tão amplo agora. - Sei o caminho.

           O soldado me olhou com superioridade ao proferir:

           - É uma prisioneira como qualquer outro aqui. Não está na posição de exigir nada, gracinha.

          Parei de andar, encarando-o com puro ódio escorrendo pelos olhos.

          - Primeiramente, quando se referir a mim, vai me chamar de Vossa Majestade - ordenei com a voz imperturbável, não precisando crescer um tom para demonstrar a voracidade das minhas palavras. - Não sou prisioneira de reino algum, tampouco de um que mal pode conter os próprios carrascos. Tente se sobrepor a mim novamente e ficará surpreso com a facilidade com a qual posso transformar a sua vida e a vida de suas próximas gerações em um inferno. Acho que você esqueceu quem está no poder aqui.
 
           Ele me encarou como se desejasse retaliar, e eu quase ri com essa possibilidade absurda. Como se um único macho e sua raiva contida fosse capaz de afetar uma única fibra do meu corpo, mesmo que eu estivesse, de fato, vulnerável naquele momento.

       - Vamos continuar o percurso, o rei Benovi está no aguardo - ele disse, e me olhou duramente por alguns segundos antes de acrescentar de má vontade: - Vossa Majestade.

         Continuamos o caminho com um ritmo constante, e estávamos chegando às escadas estreiras quando a voz de Atlas sussurrou em minha cabeça:

          Já trouxe muitos prisioneiros aqui a mando de Kalel. Sei que há uma saída de fuga para rebeldes no andar acima desse. Posso distrair os soldados para que você fuja.

           Fiz uma careta.

           Mal consigo me manter dé pé com essa maldita dor de cabeça e correntes, quem dirá fugir desses brutamontes idiotas. Além disso, não sou do tipo que foge.

           Se você saísse, conseguiria se curar do veneno e com um simples estalar de dedos no tirar daqui.         

           Sim, e então dar a Benovi a oportunidade de que ele comunique seu pai sobre nós. Não, de jeito nenhum.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora