{concluída} Orion Scorpius não sabe absolutamente nada sobre a origem de seu poder ou família. A rainha sombria que chegou ao poder por meio de um golpe é temida por todo o território feérico, especialmente por ser portadora de imensurável poder e a...
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Qualquer um que olhasse para mim naquele momento enxergaria a surpresa e conflito interno que se desenrolava dentro de mim, uma longa fita de pensamentos caóticos e desordenados se estendendo em minha mente. Meus olhos estavam arregalados conforme eu intercalava minha atenção entre Kalel e o seu suposto filho, ambos parecendo singelamente divertidos com a minha óbvia confusão.
Se Kalel já era uma criatura singular e maldosa por si só, como seria a essência de um macho que fora criado por ele? Como Kalel teria moldado o filho? Certamente em base da própria personalidade e ambições, e isso era o que mais me assustava. Lidar com Kalel já me proporcionava a sensação de viver em meio a um campo minado, e eu tinha sérias dúvidas de que o filho era diferente do pai de alguma forma.
Tentei deslizar para dentro de sua mente, captar algum fragmento de pensamento que pudesse ser útil, mas havia uma parede de granito impenetrável que protegia suas memórias e pensamentos. Presumi que ele aprendera a proteger sua privacidade mental. Kalel deve tê-lo alertado sobre mim, sobre a minha habilidade peculiar. E, como meu poder era extremamente limitado e lastimável por causa da pressão que a escuridão de Kalel exercia sobre ele, não pude ultrapassar tais defesas construídas de modo tão impecável e eficaz.
Fraca, uma parte sensata de meu cérebro sussurrou, o veneno de suas palavras tão reais criando raízes em mim.
Sei que Atlas percebeu minha investida, pois ele lançou um olhar revestido de diversão felina no exato momento em que arranhei aquela divisória que garantia a segurança de seus pensamentos.
Lembro-me detalhadamente de quando tentei deslizar para a mente de Kalel nos primeiros meses de seu governo. Uma atitude burra, claro. Seu poder era a reencarnação de um deus, era óbvio que ele teria medidas protetivas contra aquilo, mas eu fui ingênua demais a ponto de tentar. Quando Kalel percebeu o que eu estava tentando fazer, quebrou os ossos das minhas mãos.
- Ouvi falar muito sobre a senhorita - o macho mais novo fez uma reverência requintada e levou a minha mão aos lábios, os quais eram macios como plumas. - Você tem uma reputação muito interessante e... discutível.
- Gostaria de falar o mesmo sobre você, mas nunca soube que Kalel tinha um filho - repliquei. Eu não era uma garota assustada que seria facilmente intimidada. Meu papel de autocontrole se estendia somente a Kalel.
- Fico decepcionado em saber que meu pai não fez questão de informá-la sobre a minha existência - ele lançou um olhar divertido ao pai e se sentou graciosamente em uma das cadeiras.
- Você está sempre viajando, garoto, e meus assuntos com Orion não envolvem meus filhos - explicou o macho, seus olhos estranhamente calorosos enquanto fitava o macho que se juntara ao jantar.
- Filhos? No plural? - a pergunta escapuliu antes que eu pudesse conter minha curiosidade.
- Francamente, pai, como pode deixar uma dama como ela no escuro? Pelo visto, ela não sabe de muita coisa que acontece por aqui, não é? - perguntou o rapaz, mas eu captei a provocação em seu tom de voz, a tentativa de me desmerecer. E ele estava certo. Eu só sabia o que Kalel me permitia ter conhecimento, uma fração muito pequena de toda a situação alarmante que nos cercava.
