ORION SCORPIUS
Eu acreditava em meus amigos, em seus gênios irascíveis, em suas habilidades elogiosas e, acima de tudo, na tênue linha que os diferia dos assassinos que nos cercavam. Não éramos inteiramente bons, mas éramos justos e, no mundo onde vivíamos, isso bastava. Pelo menos até o ponto que precisávamos percorrer. Não éramos heróis, mas queríamos deixar aquele lugar um mundo lugar melhor e habitável para aqueles que viriam depois de nós, diferente do ambiente inóspito e doente que tinhamos de enfrentar agora.
Para que alguns pudessem desfrutar da paz no futuro, outros precisavam enfrentar a ira no presente.
Um fato sobre mim: eu amava viajar. Não para tratar de assuntos políticos ou socializar com reis extremamente preconceituosos e manipuladores, mas para desfrutar de um verdadeiro tempo livre de preocupações e as belezas oferecidas ao redor do mundo e suas culturas tão diversas e complexas, belas a sua própria maneira. Quando eu era mais jovem eu e meus amigos, muitos com os quais não tenho mais contato após tantas reviravoltas da vida, costumávamos viajar aos outros reinos. Normalmente, nossas motivações eram missões que nos eram designadas mediante a ordem de Graysen, meu não tão adorável pai adotivo. Costumávamos dormir em estalagens pitorescas, colocar fogos em propriedades perdidas e realizar atos pouco lícitos ou... adequados para os padrões de pessoas moralmente corretas e adeptas a purificação universal. Não que restassem muitos.
Entretanto, ao me tornar rainha e me ver atolada em uma lama movediça de atribulações constantes, jamais tive tempo de viajar por puro prazer novamente. E, ao descer as escadas em espiral do castelo e me encontrar com meus amigos na sala opulenta, constatei com certa insatisfação que essa seria outra viagem de pouco proveito pessoal.
Uma chuva especialmente melancólica caía sobre as telhas, contribuindo para o clima ominoso que nos cercava de modo deprimente. Alípio, Sebastian e Elphys estavam sentados à mesa de centro enquanto jogavam cartas, Elphys praguejando de raiva ou descrença em intervalos consideráveis de tempo. Os três estavam preparados para a viagem, malas cujo conteúdo era apenas o essencial descansando perto deles. Cora estava no escritório resolvendo problemas do reino, e se desculpara antecipadamente por não poder se despedir apropriadamente de nós antes de nossa partida. Shade e Delion, por sua vez, passavam as últimas coordenadas e instruções para mim, ambos extremamente pragmáticos e sérios.
- Atlas me entregou o mapa que encontrou no livro da biblioteca, ele marca cada caverna e sua localização exata - expliquei, tirando o papel levemente vincado do bolso da calça de couro flexível que permitia a livre mobilidade das minhas pernas. Mostrei-o aos dois. - Vou nos atravessar diretamente para Aquila e vamos pegar o caminho mais rápido, embora mais difícil, para a caverna.
- E como vocês vão pegar os cristais? As cavernas não estão seladas? - questionou Delion, fios do cabelo ostensivamente preto caindo de forma nada uniforme pela testa, os olhos verdes escrupulosos me avaliando com considerável ceticismo.
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storm of poison and steel | ACOTAR
Fanfiction{concluída} Orion Scorpius não sabe absolutamente nada sobre a origem de seu poder ou família. A rainha sombria que chegou ao poder por meio de um golpe é temida por todo o território feérico, especialmente por ser portadora de imensurável poder e a...