XXXIV. a flame

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ATLAS DARKAN

      O ar úmido e metálico deixava Atlas levemente irritado, ainda mais quando esse desconforto já presente se misturava aos cortes em seus braços e aos hematomas em seu rosto

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O ar úmido e metálico deixava Atlas levemente irritado, ainda mais quando esse desconforto já presente se misturava aos cortes em seus braços e aos hematomas em seu rosto. Era tarde da noite, e ele podia vislumbrar facilmente os soldados estacionados em frente à parede ornada com ferramentes de tortura escabrosa. Ele tinha uma vaga noção de que estava algemado a uma parede de pedras, os joelhos pressionados contra o chão sujo de ferrugem. Pela pequena janela de grades ele viu, pelo que supôs ser a última vez em sua vida, a lua brilhar e corvos voarem.

De certo modo, Atlas estava quase surpreso pela traição de Delion. Ele nunca confiara em seu comportamento falsamente subordinado. Quando ambos lutaram juntos na grande guerra trinta anos atrás, Atlas conhecera a verdadeira faceta de maldade e caos de Delion. Tentou alertar Orion e Sebastian, tentou deixar todos preparados para um possível ataque. Mas Delion era um ator tão espetacular que conseguira abafar até mesmo os receios de Atlas com o tempo. Ele fora perspicaz ao ponto de fazer Atlas parecer o traidor. Ao ponto de fazer Orion acreditar que ele era.

Ele não a culpava. Estava levemente magoado, o que era raro. Atlas tinha uma facilidade arrebatadora para sufocar suas emoções e simplesmente jogá-las no esquecimento. Mas Orion era comida viva pela paranóia diariamente, pela suspeita da guerra à espreita, pelo medo do desconhecido. E os dois não se conheceram da maneira mais convencional, afinal. Ainda assim, fora como um tapa na cara ver o ódio e tristeza e fúria em seu rosto quando ela entrou naquela escritório, interpretando a situação de forma completamente distorcida. Como ela podia duvidar? Já não estava estampado no rosto de Atlas que ele a amava há anos com todo seu coração sujo e enterrado? mas ainda assim... ele mentira, de qualquer forma. Não era o traidor, mas mentira para ela de muitas maneiras.

Atlas até acharia aquilo repulsivamente maravilhoso, se Delion não fosse um grande idiota destinado à miséria. Ele estaria morto antes de abrir os olhos para perceber seus grandes feitos de nada. Kalel o mataria com um estalar de dedos quando tudo estivesse finalizado. Atlas estava curioso. O que Kalel prometera a Delion em troca daquele serviço que durara décadas?

Seus devaneios foram abruptamente interrompidos quando o soldado lhe socou novamente, o punho fechado em arrogância. Atlas riu, a cabeça tombando para trás quando sangue dourado escorreu pelo seu lábio cortado.

- Vamos, sei que pode fazer melhor do que isso. - Atlas cuspiu sangue no chão e encarou o soldado. - Brad seu nome, não é? Eu me lembro de você. Meu pai colocou fogo na sua casa com seu irmão dentro, não foi? Ah, coisa terrível. E agora você é obrigado a servir o homem que lhe tirou tudo. Contraditório. Será que no fim disso tudo Kalel vai te jogar para queimar também? Será que sua pele vai se desprender dos seus ossos assim como aconteceu com seu irmão? Ah, Brad. Será que você vai gritar como ele gritou? Eu estava lá. Gostei do que ouvi.

O punho forte achou seu rosto novamente, dessa vez mais forte, enquanto o macho o xingava.

Atlas não sabia exatamente o que ele estava fazendo. Talvez só quisesse que os soldados o matassem antes que Kalel tivesse a oportunidade de fazê-lo.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora