XXXII. farce

1K 131 119
                                    

ORION SCORPIUS

     Era tão estranho estar ali, recheada com aquela sensação incomum de paz triunfante

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Era tão estranho estar ali, recheada com aquela sensação incomum de paz triunfante. Após o laço ser firmado na noite passada, não pregamos os olhos uma única vez. Passamos o tempo todo aproveitando um ao outro, e cheguei a conclusão que não existia sensação mais enriquecedora do que a de ter Atlas tão profundamente enterrado dentro de mim, meu nome em seus lábios, sua boca em meus seios, suas mãos em meu corpo. Ele era capaz de me levar do céu ao inferno com simples provocações e impulsos.

Já era quase o anoitecer do dia seguinte e até então ninguém tinha vindo nos procurar, e supus que Cora, curiosa e cheia de teorias como era, suspeitara do que estava acontecendo entre nós e provavelmente ameaçara a todos que pudessem ousar nos interromper. Fiquei eternamente grata por isso.

- Está cansada? - Questionou Atlas, enrolando uma mecha do meu cabelo em volta de seu dedo.

- Nunca estive mais desperta - respondi, levantando a cabeça apenas o suficiente para selar meus lábios com os dele, e o senti sorrir contra minha boca.

- Que criatura mais maliciosa - ele provocou, acariciando minhas costas nuas além do cobertor, e ronronei com seu toque, como um gato sendo mimado.

Era enlouquecedor saber que ele me amava tanto quanto eu o amava. E todas as vezes em que eu tentara afastá-lo, todas as vezes em que eu atirara coisas horríveis contra ele, não serviram de nada, porque no fim ele achou um jeito de penetrar qualquer barreira aparentemente intransponível que eu forjara.

- O que está pensando? - Perguntou, e ergui o olhar, vendo que ele me encarava com uma suavidade impressionante para alguém que tinha tanta escuridão amontoada dentro de si.

- Na batalha - respondi, desviando do assunto que de fato estava em minha cabeça. Eu não precisava soar como uma adolescente derretida pelo afeto que recebia, mesmo que eu estivesse me sentindo como uma.

- Não precisamos nos preocupar com isso. Não por ora. Mas de qualquer maneira, a espada está em perfeitas condições para quando você for usá-la, e Delion vem preparando o exército desde que fomos atrás do primeiro cristal. Nunca achei que fosse dizer isso, mas a sorte está ao nosso favor. - Atlas subiu as carícias para o meu pescoço, o toque absurdamente gentil. - Não vamos sair em condições ruins disso. Você não vai. Não vou deixar que ninguém a machuque. Nunca mais.

- Porque você me ama? - sussurrei, e tive a sensação que meus olhos ficavam infinitamente mais amplos e brilhantes quando eu o encarava.

- Sim, sua tola, porque eu a amo. - Atlas acaricou minha bochecha, e senti meu rosto enrubescer. Ele soltou uma risada baixa. - Já gritou comigo e me ameaçou mais vezes do que posso contar, mas cora quando digo que a amo?

- Só é... estranho pensar que você é capaz de me amar. Mesmo depois de tudo, mesmo depois de ver quem eu sou.

Com as mãos ágeis e treinadas, Atlas me puxou, colocando-me sentada em seu colo, minhas pernas encaixadas em cada lado dele. Meus olhos se fixaram momentaneamente na enorme janela de vidro pela qual era possível vislumbrar a floresta, e as gotas de chuva ainda insistentes correndo por ela me deixavam ainda mais emotiva. Tracejei o peito nu de Atlas, onde aquela tatuagem de nosso acordo jazia, mesmo ao sentir seu olhar pesado sobre mim.

storm of poison and steel | ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora