Capítulo 25
Bella
Dentro do Táxi a caminho da casa do Bernardo bolo um plano de como entrar naquele lugar, sem que imprensa descubra. Tudo o que não preciso é uma foto minha entrando naquele lugar depois de ter exposto ele na internet. Por sorte me lembro bem do caminho que fiz no dia que fui embora daquele lugar, o dia que mudou a minha vida.
— Pode me deixar aqui. — Digo para o motorista, que encosta o carro perto de algumas árvores.
Tive sorte que homem de idade não me reconheceu por trás dos meus óculos de sol, ele estava tão perdido falando sobre sua filha e esposa, que foi um alivio me distrair um pouco dos problemas. Até mesmo sentir um pouco de inveja da vida normal que dele.
Entrego o dinheiro, com um bônus por ter me distraído, e saio do carro. Caminhando pela calçada, dou a volta na quadra, indo na direção oposta para despistar caso alguém me note. Dou a volta na quadra, e caminho mais três quarteirões até a lateral do muro que protege a casa.
As coisas não mudaram nada por aqui, o lugar pelo qual fugi anos atrás ainda está desprotegido de segurança. Não sei se o Bernardo chegou a descobrir por onde fugi, ou ele deixou assim de propósito, na esperança de que eu voltasse, com mais medo da vida nas ruas do que sob o mesmo teto que ele.
Puxo as plantas e vejo o buraco pelo qual consegui escapar, puxando meu celular para fora do bolso, ligo a lanterna por emergência e começo a me arrastar pelo chão, até finalmente estar dentro da propriedade. Uma sensação de medo me atinge, junto com as lembranças de quanto eu estava assustada e desesperada quando fugi.
O jardim ainda é bem cuidado, com árvores, plantas e flores por todos os lados. Bernardo dizia que esse era o paraíso dele, que as árvores e sensação de floresta o relaxavam, fazia com que a vida na cidade fosse mais suportável. Não me assustaria se descobrisse que ele manteve assim para perseguir suas vítimas, ouvindo os gritos de socorro.
— Foco, Bella. — Murmuro para mim mesma.
O frio na minha barriga está ameaçando me distrair, a sensação de medo é meu pior inimigo nesse momento.
Caminho abaixada, mesmo sabendo que o portão principal é longe, ainda existe o risco de alguém ter invadido assim como eu. Quando chego na porta dos fundos, usada por empregados, prendo meu cabelo, respiro profundamente e entro.
Quando estive aqui depois da ameaça a vida da Sunny, não percebi como as coisas mudaram na casa. A cozinha agora tem um ar moderno, com uma mesa de madeira do outro lado, como se uma família se sentasse para comer aqui.
Soube pela tv ontem que os empregados tinham sido dispensados, mesmo assim, a casa está em ordem. Enquanto caminho pelo corredor que leva até a sala de tv, noto as fotos nas paredes, minhas fotos de quando era criança, minha adolescência, e então quando Bernardo entrou em nossas vidas.
Ao ver as fotos do tempo que morei aqui, e como Bernardo fez parecer que esse lugar fosse uma casa de família e não o inferno que foi, sinto uma dor no meu peito. Eu podia ter ficado na empresa, esperado que alguém viesse comigo, mas eu precisava fazer isso sozinha, enfrentar essa casa.
Limpo as lágrimas que escorrem pelo meu rosto, nem percebi que estava chorando. Passo pela sala e vou para o escritório, mas depois de um tempo lá, não consigo encontrar nada demais. Bernardo era esperto, ele não deixaria coisas importantes perdidas, nem mesmo dentro de sua própria casa.
Subo para o andar de cima, em seu quarto. A cama enorme posicionada no meio do quarto, as janelas que vão do chão ao teto, e que por sorte as cortinas estão fechadas. Olho a mesa de cabeceira, a primeira gaveta que abro encontro uma arma, por impulso, seguro ela comigo. Na segunda, vejo uma caixa pequena, quando abro encontro dois colares, cada um deles tem um nome masculino diferente. Pego ambos e guardo comigo, talvez seja uma pista.
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Sentindo Novamente
RomanceDescendentes do crime livro 3 Quando eu era criança, em meio a uma vida infernal, o meu passatempo favorito era me trancar no meu quarto e imaginar uma vida melhor. Eu não precisava de muito apenas, poder dormir a noite sem me preocupar com acordar...