Capítulo 6
Bella
Acordo sentindo o carro em movimento, esse deve ser mais um daqueles sonhos malucos que tenho durante uma viagem de trabalho. Minha cabeça está doendo, é como se eu tivesse saído de uma noite de bebedeira com a Vi, e apenas caído na cama.
— O que aconteceu comigo, Vi? — Chamo sem abrir os olhos.
Escuto um bufo no banco ao meu lado, e abro os olhos, olhando na direção da pessoa, e quase tenho um ataque nervoso. Não é a Vi quem está ao meu lado, e não estamos em mais uma viagem de trabalho.
— Estou aliviado que tenha acordado. — Diz, sem tirar os olhos da estrada, e segurando com força o volante.
— Arthur? — Pergunto sem acreditar. — O que está acontecendo? Cadê a Vitória e o Dylan?
— Eles ficaram no clube. — Responde.
— E o que eu estou fazendo aqui? — Estou tão confusa.
— Estou te levando para um lugar onde a gente possa conversar.
— Poderíamos ter conversado no clube ou no meu hotel.
Ele me encara, pela primeira vez olho em seus olhos, e fico assustada com a determinação que vejo lá. É a mesma determinação que ele tinha quando ficou sozinho com seus irmãos e disse que faria de tudo para dar a eles uma vida melhor.
— Te conheço bem, você me evitaria.
— Faz muito tempo, você não me conhece mais. — Respondo, e fico em silêncio, pela janela.
Arthur suspira ao meu lado, acho que não sou a única que está irritada nesse momento. Quem ele pensa que é para me sequestrar e me afastar da minha melhor amiga? E o mais importante é, o que a Vitória tem na cabeça para permitir isso?
— Tem razão, eu não te conheço tão bem quanto antes, mas a mulher que conheci naquela festa? Eu quero conhece-la melhor e passar um tempo com ela. — Rebate. — Não sou uma pessoa que desiste fácil, Bella, e não vou desistir de você, não importa o que diga ou faça.
Fico em silêncio, não tem sentido ir contra o que ele acabou de dizer. Se o Arthur quer passar um tempo comigo tentando me conhecer melhor, não vejo nenhum problema em tentar recuperar a amizade que tivemos no passado.
— Tudo bem, não vou ser a pessoa que fica apontando o que tem de errado. Vamos voltar a nos conhecer em nome da amizade que tivemos no passado. — Falo, e vejo ele sorrir de canto.
— Eu sabia que você diria algo assim. — Diz. — É engraçado como algumas coisas não mudam nunca.
— O que não muda?
— Você sempre tenta me colocar na zona de amigos, e eu sempre tenho que lutar para mostrar que meu interesse por você é muito mais do que isso.
Dou risada.
— Não finja que o que temos é mais do que isso. — Falo sem humor. — Você foi bem especifico me mandando sair do seu quarto depois da festa.
Ele faz uma careta com a lembrança.
— Ajuda se disser que eu estava confuso?
— Não.
Caramba, eu não esperava ter essa conversa de forma madura e até mesmo descontraída. O choque de estar sendo de certa forma raptada pelo meu amor de infância, foi tão grande assim?
— Eu te procurei, Bella, por muito tempo, e eu estava esperando por você de outras formas. — Mais uma vez, ele faz uma careta. — Imagina se sentir tão mexido por alguém, que por um momento, deixa de lado tudo o que planejou, uma vida inteira, como se sentiria?
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Sentindo Novamente
RomanceDescendentes do crime livro 3 Quando eu era criança, em meio a uma vida infernal, o meu passatempo favorito era me trancar no meu quarto e imaginar uma vida melhor. Eu não precisava de muito apenas, poder dormir a noite sem me preocupar com acordar...