Capítulo 14

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Capítulo 14

Bella

Sunny é muito divertida, ela mal me conhece e já me trata como uma filha, me mostrando as melhores lojas e compartilhando segredos do tipo "como controlar o humor dos homens da família" Ela tem uma leveza que nunca senti antes na minha vida, nem mesmo quando minha mãe estava na melhor fase da vida dela.

— Eu amo essa loja, pode não ser algo espalhafatoso, mas as joias feitas à mão aqui são lindas. — Diz, me arrastando para uma pequena loja simples, que fica no meu antigo bairro.

Olhando em volta vejo como o lugar mudou, felizmente para melhor, no entanto, ainda temos crianças correndo e brincando em volta, velhas sentadas em cadeiras na rua olhando o movimento e conversando. Tudo parece tão bonito e ao mesmo tempo tão assustador.

Vejo uma corrente fina de prata, ela tem um pingente pequeno, uma pedra rosada quase transparente presa por um aro. Antes que eu perceba estou comprando-a, aproveitando que Sunny está distraída em suas compras, guardo a embalagem na minha bolsa e vou para perto dela.

Sunny e eu compramos algumas pulseiras e brincos, quando saímos da loja, ela me arrasta para uma cafeteria, que concidentemente fica perto do antigo apartamento onde morei com minha mãe.

— Você conhece esse bairro? — Sunny pergunta, enquanto olho em volta me sentindo nervosa.

— Sim, eu morei há algumas quadras daqui com a minha mãe, eu fazia compras nessa mercearia. — Aponto para a loja bem reformada do outro lado da rua.

— Deve ser divertido rever esse lugar. — Sorri.

Sorrio de volta, não querendo dizer para essa mulher doce que foi nesse bairro que meu pior pesadelo começou. Como uma simples caminhada mudou minha vida e me levou mais fundo dentro do poço.

— De certa forma sim, eu era vizinha do Arthur e dos irmãos dele, eles eram a parte legal da minha vida. — Admito.

Tomamos café enquanto conversamos a respeito de Arthur e dos seus irmãos quando eram crianças. Sunny, como a boa mãe que é, quer saber de tudo sobre a vida dos seus filhos antes de a conhecerem.

— Arthur não fala muito sobre as coisas, quando ele chegou na minha vida, era um adolescente irritado e com medo. — Diz. — Ele queria proteger seus irmãos e achou que Ahmar e eu cuidaríamos apenas dos mais novos.

— Ele sempre foi assim, pensando primeiro nos mais novos. — Concordo. — Mesmo sendo vizinha e amiga, eu mal o via, ele sempre estava trabalhando para cuidar dos irmãos.

— E os pais dele? Como eles eram?

— Eu não os conheci direito, embora saiba que a mulher sempre tinha alguém a visitando. — Conto. — Nunca falei com ela, cada um cuidava de sua vida no prédio, e não posso julgar ninguém, não quando minha mãe era uma bagunça.

Sunny estende a mão por cima da mesa e segura a minha.

— Você não sabe o quanto eu sinto pelo tipo de vida que vocês tiveram. — Ela tem lágrimas em seus olhos.

— Não sinta, nem tudo foi ruim. — Forço um sorriso.

Um dos clientes sentados próximos de nós tira uma foto nossa, o flash do celular chama minha atenção, sorrio e faço sinal para o garçom se aproximar, depois de pagar a conta, saímos. Estamos caminhando pela calçada quando um carro preto para perto de nós, um homem família aponta uma arma para mim.

— Entre no carro ou eu atiro. — Fala.

Zombo dele.

— Não pode me machucar, isso te mataria também, e nós dois sabemos que prefiro morrer a ir para o lugar onde quer me levar. — Digo.

Sentindo NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora