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E aqui, a cena extra de minha pequena desventura atrás de uma guria-aranha com outra guria. É também comumente chamado de epílogo por alguns de vocês, mas como lobo, líder de alcateia, não sou chegado em muitos termos técnicos.

Para início de conversa, eu gostaria de deixar latido aqui que não tinha nenhum sério problema com passar alguns meses com Yuna e sua aprendiz, Ieda. Sendo honesto, a verdade é que só preferiria passar alguns meses em outros lugares do que com elas, mas não significa que conviver com as duas fosse odioso.

Fazia muito tempo que não via a guria, e poder ver o quanto ela evoluiu naquele dia foi gratificante. Kyoko, a Assassina de Youkais anterior a Yuna, quando foi expulsa por meu mestre da AAA, acabou se envolvendo com o NIP, teve sua personalidade dividida em três e tentou matar a mim e a guria em uma breve visita à Akihabara. E sendo assim, eu acredito que Yuna esteja seguindo por um caminho muito saudável após a expulsão, mesmo que mantendo seus estudos das artes das trevas.

Veja, ela até montou sua própria agência.

Pensando bem, eu não poderia estar mais feliz e aliviado com o rumo que ela tomou.

Claro que, digo isso sem saber o que ela realizou enquanto ronin e agente da Mythpool.

Mas, de qualquer forma, ainda estava agindo melhor do que sua antecessora à expulsão.

— Ei, senhor shikigami, está simulando demência, é? Por que está tão pensativo?

Era final da tarde daquele dia cuja manhã foi bastante conturbada, e nós já estávamos de volta à ACSI, meu lar por alguns meses.

Enquanto eu estava descansando meu corpo e mente canina, deitado no meio da sala e escritório daquela agência de combate ao sobrenatural, Ieda veio do banheiro até aquele cômodo com seus pezinhos ainda úmidos. Mesmo com o som de seus passos por conta de suas solas ainda molhadas, eu nem sequer cogitei em voltar minha atenção a ela. Meus olhos estavam apontados para o primeiro andar, onde ficava o quarto de Yuna.

A guria voltou naquela forma e depois foi direto para a cama. Quando sua aparência voltou ao normal, eu presenciei algo inédito para mim e que achava ser impossível.

Yuna estava febril.

Pelo o que Ieda me explicou, também antes de ir descansar, é que a magia negra elevava a temperatura corporal da guria a um nível que conseguia afetar suas células youkais e a deixava febril. Basicamente, um colapso após receber mais energia do que seu corpo estava acostumado a suportar.

A explicação de Ieda me deixou menos apreensivo, mas meus instintos caninos não me deixavam em paz sobre o estado da guria.

Por isso, mesmo em meu merecido descanso, minha concentração estava voltada para o seu quarto.

— Hmm, o que você quer, guria-aranha?

— Ei, sei que está preocupado com Yuna-senpai, e já disse para ficar tranquilo quanto a isso.

— Hmph.

Ela ganhou minha atenção.

Eu me voltei para ela, que estava agachada ao meu lado.

Bem mais decente do que sua senpai, Ieda estava enrolada em uma toalha branca, enquanto enxugava seu chamativo cabelo cor-de-rosa com outra toalha menor.

Não.

Não era exatamente seu cabelo. Era o que estava nele.

Ao lado esquerdo de sua cabeça, um pequeno chifre se erguia por entre os fios de seu cabelo. Um pequeno, mas glorioso, chifre branco e um pouco curvado.

Era sua marca sobrenatural. Seu chifre de hanyou. Todos os youkais e hanyous têm pequenos ou grandes chifres que podem ser ocultados a qualquer hora. É a marca sobrenatural deles, e a forma mais fácil de identificá-los. No caso de Yuna, por conta de sua Síndrome dos Lobos, seus chifres foram substituídos por orelhas de lobo que não podem ser ocultadas. E por causa dessa síndrome que Yuki-onna queria matá-la quando nasceu. Um hanyou com essa doença sobrenatural, para o youkais, não era passível para continuar vivendo.

Mas enfim.

Assim que Ieda terminou de enxugar seu pequeno chifre, ele desapareceu.

— Então, senhor shikigami, o que vamos comer hoje? Você é do tipo que sai para caçar?

— Eu não sei, guria-aranha, só estou de passagem por aqui. E não, meu mestre me proibiu de caçar por vontade própria.

— Hmm, deve ser bastante chato.

Ieda ergueu seu corpo e caminhou até uma das janelas da frente da agência.

Por que ela precisava ficar tão perto da janela só enrolada em uma toalha?

Bem, pelo menos não estava nua, como provavelmente ficaria Yuna.

— Não é chato. Embora eu seja um lobo, líder de alcateia, também sou um inugami, e consequentemente um shikigami. Tenho regras que não posso deixar de seguir. Como por exemplo: acha mesmo que estou aqui por vontade própria? Eu fui ordenado a isto.

A guria-aranha me olhou por cima do ombro.

A expressão de inocência imperava em seu rosto.

— É, pode até ser, senhor shikigami. Mas, eu sinto que você não está aqui só porque seu mestre ordenou. Eu sinto que você quer proteger minha senpai como um cachorrinho fofo. A menos que esteja simulando demência, não é você quem está todo preocupado com o estado dela?

Tsc.

Tanto faz.

Aquela guria de cabelo cor-de-rosa poderia até estar certa sobre meus sentimentos para com Yuna, mas eu nunca iria admitir aquilo em voz alta. Afinal, eu sou um lobo, líder de alcateia, não um cachorrinho fofo. Não deixaria que aquela estádia na ACSI me fizesse deixar meu orgulho canino de lado.

Mas, pensando bem, acho que não será tão ruim passar alguns meses com aquelas duas. Até porque, não havia tarefa menos pesada do que proteger aquela que carrega o título de Assassina de Youkais.

Claro.

Ainda seria um difícil teste de resistência mental.

A Imortal Yuna NateOnde histórias criam vida. Descubra agora