A Imortal Yuna Nate

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Do meu ponto de vista, os eventos envolvendo os shikigamis misteriosos foram, no mínimo, uma grande dor de cabeça. Mas, para Yuna Nate, tudo aquilo que aconteceu parecia ser só mais um esquecível dia de trabalho. Não que ela tenha me dito algo que me levou a pensar dessa forma, ou como se eu pudesse ler seus mais profundos devaneios. É que, o modo como ela se portava diante de cada uma daquelas situações era tão despreocupado que, lutando ao seu lado, tudo parecia ser uma mera simulação. Ela encarava cada um dos obstáculos de tal maneira que até parecia que era imortal. Do mesmo jeito que Aquiles encarava Páris (antes da flechada, é claro).

Bem, diferente de mim, que um dia foi humano, e hoje é um shinigami, aquela que detêm o título de Assassina de Youkais é metade youkai, e isso deve ajudá-la a ter uma visão de desdém para com as leis da morte.

Parando para pensar, no passado, na linha do tempo que foi modificada pelo Senhor Demagogias, Yuna havia enfrentado a encarnação da própria Morte sem hesitar, mesmo sabendo qual seria o seu triste destino.

E nesse caso que contarei a vocês, o cenário não era tão catastrófico quanto o que se passou em um universo esquecido pelo tempo, porém, tem bastante a ver com o tempo e espaço.

— Na verdade, é um pouco mais complexo do que isso, seu pamonha. Aquele lugar não era algo tão simples quanto uma manipulação espaço-temporal. Tudo ali era diferente de nosso mundo. Aquela redoma de areia era uma fissura na realidade que nos conectou a um reino totalmente novo. A vastidão daquele mundo era incalculável, e ouso dizer que poderia ser maior que o nosso planeta inteiro. Prova disso é o fato de que nenhuma criatura comum conseguiu passar para dentro da redoma, pelo menos, não na forma física.

Foi o que ela disse, um tempo depois, quando nossos caminhos se cruzaram mais uma vez. Na ocasião, ela estava trajada em um vestido grená bem decotado, e achei que não seria capaz de memorizar qualquer coisa que ela dissesse, visto que duas coisas abalavam frequentemente minha atenção.

Mas enfim, o lugar era de outro mundo.

Um patamar totalmente novo, acima até do Mundo dos Shinigamis.

E, mesmo nessas condições especiais, nossa querida Assassina de Youkais se manteve tranquila quanto ao que estava à sua volta, e também ao que veio a surgir à sua frente.

Não bastasse o local, um universo paralelo, aquele que o conectou à nossa realidade, ouso dizer, que estava além dos poderes de Nuwa e Maçã do Éden.

Se meu mestre ainda estivesse vivo, eu provavelmente nunca teria chegado perto daquele lugar. Provavelmente seria proibido até mesmo de sair de casa até que o caso fosse resolvido, ainda mais em um ano de pandemia. No entanto, os motivos que me levaram até lá eram mais fortes do que o meu medo.

Eu não poderia simplesmente ficar de braços cruzados, como meus instintos pediam.

Afinal, havia um novo shikigami assombrando nossa Terra do Sol Nascente, e eu já havia decidido cortar o mal pela raiz.

Agora, sem mais delongas, com vocês, o curioso caso que nomeei como Areias do Tempo, e o prólogo do fim para um certo alguém.