— Sinceramente, seu pamonha, eu não imaginava que era possível evocar um shikigami dessa forma e fazer as coisas que ele fez. Mesmo que aquele mágico de circo tivesse uns ideais bem malucos, ele tinha um conhecimento místico avançado demais até mesmo para mim. Claro, não que eu seja alguma especialista, mas creio que o livro que Mena me entregou me introduziu a muitas informações novas, e mesmo assim eu não cogitaria algo como o que enfrentamos.
Algumas horas depois do confronto, final de tarde do dia 23 de abril.
Yuna e eu estávamos sentados a sós em uma mesa de uma sorveteria lá mesmo em Niigata. Ela não demonstrou estar cansada desde que a realidade criada por Aleister foi desmoronada por ela e por Nuwa, e ainda reservou alguns minutos para dar instruções precisas ao agente 3k1 sobre o que fazer com o boneco de Metal Multiversal que nem mesmo a Abelha Trovejante foi capaz de destruir. Mas, assim que sentamos na mesma mesa daquele estabelecimento comercial de alimentos doces à base de leite, a hanyou retirou seus tênis de basquete e esticou suas pernas alvas por debaixo da mesa, apoiando seus calcanhares em minhas coxas, usando a mentirosa desculpa que estava com as panturrilhas doendo.
— Mas, Yuna, a lança não a havia lhe revigorado por completo?
— Hmm? Sim, mas, andamos bastante para chegarmos aqui, e isso fadigou minhas panturrilhas.
— Não andamos nem cem metros!
— Seu pamonha, nós andamos mais de cem metros, tenho certeza. E mesmo se não tivéssemos andado, eu não tenho tanto controle sobre meu corpo a ponto de impedir um desconforto muscular, apesar de eu ser bastante flexível. E outra, deveria estar me agradecendo por ter os pés mais bonitos do Japão repousando sobre seu colo. Olhe para eles e diga se não se parecem com dois pães franceses antes de entrarem no forno.
— ...
Pois eu fiz como ela disse, olhei para seus pés sobre minhas coxas.
Hmm...
Hmm.
Caramba! Eles são muito fofos!
— Ei, ei, ei, não pense em tocá-los, seu pamonha, e também não salive em cima deles. Só os deixem aí, descansando.
— C-Certo.
Droga, fui tomado por grandes emoções.
Mas enfim. Voltando ao tópico principal.
— Como acha que Aleister conseguiu fazer tanto sendo apenas um humano comum. Digo, ele tinha um conhecimento místico absurdo, mas ele foi responsável por tantas coisas só com feitiços e magias, e sempre agindo à distância. E agora, olha o que ele foi capaz de criar. Ele quase te matou, sabia?
— Não gosto que lembrem disso em voz alta. Mas, de fato, ele foi um oponente interessante. Eu só não sei explicar como arquitetou tudo isso só com os benefícios das artes místicas, mas consigo imaginar a linha de pensamento que utilizou. Acho que o que ele tem de melhor, no final, sendo somente um ser humano e nada mais, é a sua inteligência.
— É, pode ser. Aliás, por que nós estamos aqui, Yuna? Você nem deve saber como é a sensação de tomar um sorvete.
— Ora, meu shinigami, estamos em um encontro. Não posso deixar aquela chiquitita me vencer até nisso. Ela já tem vantagem de cenário por dormir com você todas as noites. E agora que sei de vocês dois, não posso permitir que seja tudo tão fácil. Por isso, daqui três minutos, se meu convidado não chegar, nós vamos para o banheiro de cadeirante e vou lhe mostrar sobre a flexibilidade que comentei.
— O-O quê?! Não faça piadas desse tipo em voz alta! E Nuwa e eu dormimos em quartos separados! E... espera, que convidado?
— Hmm, aquele ali. — Ela apontou com o queixo para a entrada da sorveteria. — Chegou dois minutos mais cedo, aliás.
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A Imortal Yuna Nate
FantasyYuna Nate trabalha como assassina de aluguel em sua agência, ACSI, e quase sempre está com problemas financeiros. Certa noite, em uma missão na floresta Aokigahara, a Assassina de Youkais acaba reencontrando um velho companheiro, dando início a uma...