A Imortal Yuna Nate

Glass: 000

Mesmo depois de sua queda, a antiga sede da AAA ainda mantinha alguns segredos obscuros, e Yuna acabou tendo o prazer, ou desprazer, de desvendá-los durante as conturbadas férias de primavera de 2020. Mas, não foi algo intencional, claro. A guria só estava cumprindo mais uma ordem de assassinato remunerada, como era de praxe em sua vida como Assassina de Youkais, e as coisas simplesmente se revelaram. Pode-se dizer que as descobertas feitas por Yuna Nate foram fruto de uma mera coincidência, ocasionada por uma coincidência ainda maior.

Como lobo, líder de alcateia, e também como inugami, e consequentemente um shikigami, era óbvio que eu a acompanharia em uma empreitada como essa. Na época, se por acaso não sabem do caso da bengala controladora de mentes, meu mestre me deixou morando com a guria em sua Agência de Combate Sobrenatural e Inteligência, a ACSI, e como uma de minhas obrigações como familiar era de proteger Yuna, mesmo se eu quisesse recusar acompanhá-la, meus instintos mais profundos me empurrariam para o lado contrário.

É como se eu estivesse preso a ela pela famosa linha vermelha do destino.

Por outro lado, confesso que aquela missão mexeu com a minha curiosidade canina. Não só pelo o que foi dado como alvo para nossa querida Assassina de Youkais, mas pelas coordenadas geográficas que nos foram passadas.

As ruínas da Associação de Assassinos Anônimos, em Nova Saitama.

Um lugar que hoje não passa de uma planície circular.

Mas justamente por esse fato que fiquei tão intrigado.

Se não havia nada no local que um dia foi a gloriosa sede da AAA, para que seriamos mandados para lá em uma ordem de assassinato? Além do mais, nós tínhamos passado por lá há dois dias do pedido daquela missão. Se algo como o que foi nos descrito estivesse realmente ali, mesmo se fosse invisível, com certeza eu teria detectado com meu olfato canino.

No entanto, havia, sim, um local naquele lugar abandonado.

Metros e mais metros abaixo do solo da planície circular daquela cidade em reconstrução.

No profundo subsolo da AAA... havia uma sala.

Um lugar onde minhas quatro patas pisaram somente uma única vez.

— Não é só uma sala secreta, Ulim, é a Oficina do Pânico — dizia meu mestre. — Quase ninguém na AAA sabe sobre esse lugar e tanto eu quanto a chefe esperamos que permaneça assim. É lá onde são produzidos os Executores, e a chefe costuma ficar por lá quando desaparece. É importante você saber que existe uma rota emergencial de fuga lá, diferente da rota emergencial que todos conhecem, para o caso de precisar. Claro que, é meio inútil quando o acesso para a Oficina é totalmente restrito a mim e à chefe.

Como lobo, líder de alcateia, eu nunca cogitei utilizar nenhuma das rotas de fuga, nem a convencional e nem aquela. E também, meu interesse sobre a produção dos Executores, os homúnculos que supervisionavam os membros da Elite da AAA, era menos do que zero. Portanto, a informação sobre a existência da Oficina do Pânico foi enterrada em um ponto bem profundo de meu subconsciente.

Até dois dias do recebimento daquela missão, enquanto salvávamos a kouhai da guria em Nova Saitama.

E então, naquele dia, um conhecimento que achei ser inútil, acabou vindo bem a calhar.