Glass: 000

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— O que você acha que ele irá fazer, seu pamonha?

— Hmm? Está falando do guri, é?

— Claro que é. E de quem mais seria, hein?

Início de tarde do dia 28 de março.

Com a guria em minhas costas, nós já estávamos voltando de Nova Saitama para a ACSI.

Se preciso ser breve, Yuna cumpriu com sua missão e destruiu o corpo de sua falecida mãe, Yuki-onna, a Mulher da Neve. Não sei se devo descrever em detalhes como foi o ato, mas a guria não conseguiu disfarçar muito bem sua amargura a cada golpe devastador que desferia em sua ascendente youkai. Talvez, a proximidade com diversas pessoas nesse tempo que se passou desde sua graduação como Assassina de Youkais, de alguma forma acabou amolecendo seu coração de gelo até para com a assassina de seu próprio pai.

Ou, talvez, tenha sido somente minha impressão canina.

Talvez o choque por ter de enfrentar Yamato, seu antigo parceiro na Elite da AAA, que estava escondendo o corpo de Yuki-onna para fins particulares, tenha a deixado pensativa demais.

Meus instintos me diziam que ela estava preocupada.

— Eu não tenho ideia, guria. Nem mesmo depois que você saiu da AAA, o guri nunca se mostrou tão emotivo como hoje. Na maior parte do tempo ele era como você deve se lembrar, quieto e solitário.

— Hmm. Acho que ele guarda muitas coisas ruins dentro dele. Talvez devêssemos ajudá-lo de alguma forma...

— Ei, o que é isso, guria? Desde quando se tornou altruísta? Você não é um de seus clones, é?

— Não, seu pamonha, não me amole, está bem? Só estou dizendo isso porque ele é alguém que perdeu tudo o que tinha por causa da AAA e eu já estava lá naquela época, é como se tivesse uma pequena porcentagem de culpa. Vou ligar para o Mena e providenciar isso, mais tarde.

Hmph, se ela conseguisse contato com meu mestre, já seria uma grande vitória para todos.

— A propósito, guria. Agora que sabe o que havia na sala secreta da AAA, acha que era justamente o corpo da Mulher da Neve que mandaram Ieda buscar?

— Bem, mesmo que não seja uma certeza, me parecesse bem óbvio de que era justamente isso. Mas por que a pergunta?

— Ora, pensei que fosse investigar isso tudo mais à fundo. Sinceramente, as coisas me parecem bastante estranhas desde que nos encontramos em Aokigahara. Aparentemente, tudo está conectado. Alguém está nos usando como peças em um jogo complexo, talvez.

— Hmm, agora que falou, Ulim, acho que devemos dar uma olhada melhor nisso tudo. Muitos veem, mas não observam, não é? Certo. Não negligenciarei o que está acontecendo, então. Afinal, nós já sabemos onde o QG daquele homem fica. E aparentemente, conhecemos um conhecido dele. Sendo assim, sebo nas canelas, seu pamonha. Temos muito a conversar com nosso cliente.

A Imortal Yuna NateOnde histórias criam vida. Descubra agora