Sand: 002

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— Onde você acha que esse corpo foi encontrado, hein? No lixo, por acaso?! Já não é a primeira vez que você quase é aniquilado e destrói meu precioso corpo, Daigo. Vê se toma mais cuidado!

— ......

Hmm, parece que nossa narrativa voltou no tempo por algum motivo misterioso. Ou melhor, por um motivo muito plausível. Desde a última vez que conversamos, cronologicamente, era madrugada do segundo dia do mês de abril, onde Yuna e Ulim me salvaram do shikigami Clay Thompson em uma humilde ida ao 7-Eleven. E a partir daí, algumas coisas importantes aconteceram até o fatídico dia quinze daquele mesmo mês, onde entrei na dimensão paralela desértica e me reencontrei com a Assassina de Youkais.

Sendo assim, é aceitável que a história rebobine para o dia 2 de abril, às 11:00 da manhã.

Certamente, se não estão com a memória fraca, eu já havia retornado do konbini, me alimentado, e me deitado para dar início ao meu merecido descanso. Mesmo sendo um shinigami, o efeito do soro que Ieda fez para minha aparência me deixa bastante cansado quando faço mais esforço do que o habitual para um ser humano. A garota-aranha havia me explicado que se eu me esforçasse a ponto de esquentar minhas células de deus da morte, o soro teria seu efeito elevado a um nível proporcional, o que causaria um grande desgaste em meu corpo.

E não é como se eu viesse ignorando os conselhos de Ieda. É que situações drásticas pediam por medidas desesperadas, e desde o aparecimento desses shikigamis, as coisas complicaram para o meu lado.

— Não vai responder nada, é? Lembre-se que esse corpo é meu.

— Eu já entendi, já entendi. Vou tomar mais cuidado.

O que estava acontecendo ali não se passava no mundo real, mas sim em um reino escondido em meu subconsciente. E a pessoa que estava me dando uma bronca, que embora merecida, eu julgava ser um pouco exagerada, era ninguém menos do que Coração de Escorpião, minha consciência shinigami desta realidade.

Como vocês já devem saber, eu, Daigo Kazuo, tive minha consciência transferida para uma linha do tempo vizinha, onde eu havia morrido e me transformado em um vassalo das leis da morte.

Agora, preciso aturar as reclamações de meu alter ego em vez de ter um sonho reconfortante com garotas de biquíni.

— Hmph, você sempre diz que já entendeu, mas sempre que se envolve em algum combate, quase acaba sendo morto. Não fosse aquela hanyou assassina, nós teríamos sido apagados da existência.

— Olha só, você deveria estar agradecido, não é? Você que odeia tanto a Yuna, teve a vida salva mais uma vez por ela.

— Tsc, ela só está criando os próprios demônios. Eventualmente, eu conseguirei um jeito de tomar o controle de meu corpo de volta e acabarei com ela, vingando a morte de meu mestre.

— Hmph, conversa. Mesmo em seu poder máximo, você não seria capaz de derrotá-la. Você ficou bastante tempo adormecido também e não assistiu ao que ela é capaz atualmente. Essa sua atitude só te mataria de novo.

— Você é um gado incurável. A coloca sobre um pedestal tão gratuitamente.

— Só estou citando os fatos. Se você quer tanto se vingar dela, precisa ser um pouco mais realista e entender que não estamos no nível para vencê-la. Seriamos mortos antes dela começar a suar.

— ...Que seja. Só não tente estragar meu corpo para que eu possa lhe provar o contrário.

E então, eu acordei.

Um sereno despertar que indicava a total recuperação de minha pessoa, tanto física quanto mentalmente.

Eu esfreguei meus olhos e levei uma mão para o meu celular ao lado da cama. Eram onze horas da manhã, e nenhuma mensagem da Nuwa. Seria o momento de começar a ficar preocupado?

A Imortal Yuna NateOnde histórias criam vida. Descubra agora