Clay: 000

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Desde que nos conhecemos, Yuna tem o incrível hábito de aparecer no momento certo e no exato local de minhas empreitadas sobrenaturais. Para minha sorte, se é que posso me classificar como alguém afortunado, a detentora do título de Assassina de Youkais geralmente dava as caras nas situações mais complicadas em que eu me via encurralado. Nas demais ocasiões, somente para brincar com minha paciência, mesmo. Contudo, naquela madrugada de início do mês de abril, mais uma vez, Yuna Nate me tirou de dentro da jaula do leão.

Ou melhor dizendo, de dentro da jaula de um shikigami.

Um familiar místico, invocado para servir a quem lhe invocou sem pensar duas vezes.

Alguns dias atrás, com minha colega de trabalho Nuwa Lei Feng, eu acabei me envolvendo em um caso com no mínimo três deles, e como presente tive minhas memórias danificadas com um espaço para uma DLC onde fiquei cinco dias adormecido. Mas, esse é um episódio já relatado por minha pessoa, e não há porque remoermos esse recente passado desgostoso.

A situação que contarei agora, pode-se dizer, que é um pouco mais leve do que o ocorrido anterior, embora ainda seja uma ocasião de extremo perigo que minha humilde vida como deus da morte teve de enfrentar.

Aquele espirito evocado era o mais selvagem que já vira em todo meu tempo como combatente sobrenatural. Até mesmo os mais enraivecidos shinigamis que confrontei antes, com meu mestre, ou depois, com minha colega de apartamento semideusa, agiam com maior elegância se comparados a ele.

— Não sei se "a ele" é a forma correta de se referir àquele shikigami, seu pamonha. Sabe, do que observei naquele dia, ele parecia não ter um gênero sexual definido fisicamente. Talvez, por ele não ser humanoide de fato, ou pela questão da censura. Bem, se já posso adiantar minha opinião, digo que é pela questão da censura. Aposto que se você abaixar sua calça neste momento, não haverá nada além de uma planície no tom de sua pele entre suas pernas ou com sorte um mosaico.

— Eu não irei testar isso, Yuna, porque tenho certeza que não há nada de errado com minhas questões anatômicas, mesmo eu sendo um shinigami disfarçado. E, sobre o shikigami, você também se referiu a ele como "ele", e isso quer dizer que você também assumiu que ele era um macho em sua espécie... seja lá qual ela for.

— Hmm, é... vamos concordar e discordar, está bem? Aliás, por que estamos falando sobre isso por telefone? Era realmente disso que queria falar comigo?

Esse foi o trecho de uma troca de palavras um tempo depois do incidente entre Yuna e eu em uma chamada de vídeo.

O verdadeiro motivo dessa ligação não é o foco aqui, por isso tomei a liberdade de cortá-la.

A propósito, imagino que eu esteja estendendo demais esta introdução ao caso, e peço que me perdoe, querido leitor.

Para uma situação que, apesar de tensa, foi até que estranhamente casual, podemos dizer que Yuna e eu (mais Yuna do que eu) conseguimos dar cabo de um peixe bem grande.

A Imortal Yuna NateOnde histórias criam vida. Descubra agora